SVMA
autoriza corte de 1,3 mil árvores no Butantã
Desmate foi autorizado pela Prefeitura e será um
dos maiores da cidade neste ano
26/09/2011
- SVMA autoriza corte de 1,3 mil árvores no Butantã
Desmate foi autorizado pela Prefeitura e será um
dos maiores da cidade neste ano
O
campus da Universidade de São Paulo (USP), localizado
no Butantã zona oeste, é considerado um dos
lugares da capital paulista com mais áreas verdes.
E de lá serão retiradas 1.328 árvores
nos próximos meses, dando lugar a um conjunto de
museus projetado pela reitoria desde 2001. A pequena mata
que será derrubada é equivalente a um Parque
Trianon e é um dos maiores cortes aprovados pela
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente este ano, segundo
reportagem do Jornal “O Estado de São Paulo”.
Reprodução/Estado
de São Paulo |
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Para se ter noção
do tamanho da devastação quando aconteceram
as obras de duplicação da Marginal do Rio
Tietê em 2009, cortou-se 800 árvores, um pouco
mais da metade do que será cortado na Universidade,
segundo o jornal. A USP terá que manter, no local,
apenas 217 árvores e plantará cerca de seis
mil mudas no local.
O espaço, que será devastado, fica ao lado
da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
perto da Avenida Corifeu de Azevedo Marques. De acordo a
matéria do ‘Estado’, as árvores
são essenciais para umidificar o ar em áreas
dentro da cidade, contribuindo para dissipar os poluentes
aliviando assim os efeitos causados pelo tempo seco. Além
disso, as árvores auxiliam na refrigeração
da atmosfera e nas redondezas e aumentam a circulação
do ar.
Projeto
A ideia da USP é levantar no local o chamado “Parque
dos Museus”, a obra de 53 mil m² foi projetada
pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e será sede
do Museu de Arqueologia e Etnologia e do Museu de Zoologia.
A construção só será possível
porque o Ministério Público considerou uma
obra irregular e obrigou a incorporadora Brookfield a contribuir
financeiramente com o projeto. A obra irregular danificou
um sítio arqueológico no Itaim-Bibi, onde
estão construindo um prédio comercial.
Thiago Aguiar,
diretor do Diretório Geral dos Estudantes (DCE),
alegou que não houve diálogo sobre a área
escolhida pela reitoria para fazer a obra. "Esse plano
de construção de novos prédios, que
vai gastar R$ 240 milhões dos cofres públicos,
não foi nada democrático. Não tivemos
a chance de discutir nem sobre o impacto dessa obra na área
verde do campus nem sobre sua finalidade, que também
é questionável", afirmou ao jornal O
Estado de São Paulo.
Segundo a Universidade,
obras estão acontecendo de acordo com as “orientações
feitas pela Secretaria do Verde e do Meio Ambiente”.
A USP ainda afirmou que o projeto é de extrema relevância
para a comunidade acadêmica, pois aproximará
o Museu de Zoologia à Cidade Universitária
que hoje funciona no Ipiranga. A inauguração
está prevista para 2013.
A ideia do “Parque
dos Museus” é ótima e deve sim ser concretizada.
Se a incorporadora teve sua obra considerada irregular pelo
Ministério Público, que se faça a compensação
e se cumpra lei. Contudo, alguns pontos poderiam ser apresentados
de forma mais clara. Há uma alegação
do Diretório Geral dos Estudantes (DCE) sobre a não
democratização da escolha do local e a universidade
é pública, portanto, suas ações
devem ser abertas.
Para quem não
está por dentro dos assuntos de meio ambiente na
cidade de São Paulo pode acreditar que a Secretaria
do Verde e Meio Ambiente – SVMA é referência
no assunto, mas na verdade é apenas o órgão
responsável, capacidade técnica e responsabilidade
neste caso são coisas distintas.
O problema nesta
questão gira em torno de dois pontos básicos.
Primeiro, porque executar uma obra com esse impacto, exatamente
neste local, afinal terão que plantar outras árvores
para compensação, seria a compensação
da compensação. Não haveria a possibilidade
de construir o complexo de museus na futura ou suposta área
de reflorestamento. Se há espaço para plantar
seis mil árvores de compensação às
1.300 que serão cortadas, porque não construir
o complexo de museus justamente nesta área que servirá
como reflorestamento. Segundo, para o cidadão que
não tem conhecimento dos meandros da SVMA, dizer
que o processo segue regras do órgão soa como
correto, mas a Secretaria do Verde e Meio Ambiente está
longe de ser uma referência em qualquer assunto de
meio ambiente, o que passa a ser apenas uma mera formalidade
no processo.
Da Redação
Com informações do Estado de São Paulo