Antigas
conexões entre oceanos e vulcões reveladas em
novo estudo
Pesquisa
mostra como a química dos mares ao longo de bilhões
de anos deixou marcas em rochas vulcânicas
20/03/2025 – Um estudo
recente trouxe novas luzes sobre as profundas conexões
entre a química dos oceanos e os processos geológicos
da Terra. Pesquisadores descobriram que as alterações
na composição química da água
do mar nos últimos dois bilhões de anos deixaram
marcas em rochas vulcânicas formadas em arcos de ilhas
– estruturas criadas pela atividade vulcânica
em zonas de subducção, onde placas tectônicas
se encontram.
Publicado na revista Proceedings
of the National Academy of Sciences, o trabalho é fruto
de uma colaboração entre o Instituto de Tecnologia
da Califórnia (Caltech) e a Universidade da Califórnia
em Berkeley. A pesquisa revelou uma correlação
inédita entre as proporções isotópicas
de estrôncio em magmas de arcos insulares e as variações
químicas do estrôncio na água do mar ao
longo do tempo geológico.
A líder do estudo,
Amanda Bednarick, explicou que a crosta oceânica, alterada
pela interação com a água do mar, carrega
"assinaturas químicas" únicas. Quando
essa crosta é subduzida para o manto terrestre, ela
libera fluidos e minerais que influenciam a composição
dos magmas formados nos arcos de ilhas. Essas mudanças
são refletidas nas rochas vulcânicas que chegam
à superfície.
Pesquisadores destacaram que
as variações nas proporções de
estrôncio em arcos insulares coincidem com mudanças
conhecidas na química oceânica, como as ocorridas
há cerca de 600 milhões de anos durante a era
Neoproterozoica tardia. Segundo Bednarick, esses dados mostram
como eventos na superfície da Terra – como alterações
na composição dos oceanos – são
registrados em processos subterrâneos ao longo de bilhões
de anos.
O estudo se baseia
em décadas de pesquisa, compilando dados isotópicos
existentes em rochas de arcos de ilhas. Claire Bucholz, professora
de Geologia do Caltech, destacou a importância do trabalho
minucioso de revisão realizado por Bednarick, que selecionou
medições confiáveis para construir um
panorama claro das conexões químicas entre oceanos
e vulcões.
Donald DePaolo, da Universidade
da Califórnia em Berkeley, um dos pioneiros no uso
de isótopos radiogênicos para estudar magmas,
reforçou a relevância das descobertas, afirmando
que as correlações encontradas pela equipe são
robustas e representam um avanço significativo na compreensão
da interação entre os reservatórios da
Terra.
As descobertas abrem novos
caminhos para entender a história geológica
do planeta. Além de explicar padrões geoquímicos
atuais, os pesquisadores acreditam que as rochas vulcânicas
antigas podem revelar detalhes sobre as mudanças climáticas
e geológicas que moldaram a Terra ao longo do tempo.
O próximo passo da
pesquisa é examinar ofiolitos – fragmentos de
crosta oceânica preservados nos continentes –
para compreender melhor a química dos oceanos há
mais de 1 bilhão de anos. "Este estudo reforça
como os sistemas terrestres estão interligados e como
podemos usar registros vulcânicos para desvendar o passado
profundo do nosso planeta", concluiu Bednarick.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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