Segundo
estudo, somente 7% das áreas de risco de colisão
de baleias com navios têm ações de conservação
Entretanto,
proteger apenas 2,6% das áreas seria suficiente para
garantir a proteção dos animais
23/04/2025 – Um estudo
global conduzido pela Universidade de Washington (UW), em
parceria com pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS),
destacou um grave risco para a sobrevivência das grandes
baleias: as colisões com navios em rotas de navegação.
Publicada na revista Science, a pesquisa revelou que o tráfego
marítimo mundial afeta cerca de 92% das áreas
onde vivem as baleias-azuis, jubartes, cachalotes e baleias-comuns.
“Este é o primeiro
estudo a analisar este problema em escala global, permitindo
que padrões globais de risco de colisão sejam
identificados usando um conjunto de dados contemporâneos
extremamente grande de quatro espécies de baleias em
recuperação”, disse Jennifer Jackson,
ecologista de baleias da BAS e coautora da pesquisa, em comunicado
a imprensa.
A equipe de pesquisa identificou
que apenas cerca de 7% das áreas com maior risco de
colisões contam com medidas de proteção,
como reduções de velocidade, tanto obrigatórias
quanto voluntárias. Porém, a boa notícia
é que, ao aplicar estratégias de gestão
em apenas 2,6% a mais da superfície oceânica,
seria possível proteger todas as zonas de alto risco
de colisão.
“Nosso estudo é
uma tentativa de preencher essas lacunas de conhecimento e
entender o risco de colisões entre navios em nível
global. É importante entender onde essas colisões
provavelmente ocorrerão porque há algumas intervenções
realmente simples que podem reduzir substancialmente o risco
de colisão”, disse Anna Nisi, pesquisadora de
pós-doutorado da UW no Center for Ecosystem Sentinel,
também em comunicado.
Neste estudo, os
pesquisadores analisaram as águas onde baleias-azuis,
jubartes, cachalotes e baleias-comuns vivem, se alimentam
e migram, reunindo dados de diversas fontes, como pesquisas
governamentais, avistamentos públicos, estudos de marcação
e registros de caça às baleias. A equipe coletou
cerca de 435 mil avistamentos únicos de baleias e combinou
essas informações com dados sobre os trajetos
de 176 mil navios de carga, monitorados entre 2017 e 2022
por meio do sistema de identificação automática
e processados com um algoritmo do Global Fishing Watch. Os
resultados confirmaram a presença de áreas já
reconhecidas como de alto risco para colisões com navios,
como a costa do Pacífico da América do Norte,
Panamá, Mar Arábico, Sri Lanka, Ilhas Canárias
e Mar Mediterrâneo, além de identificar novas
regiões preocupantes, incluindo o sul da África,
as costas da América do Sul (Brasil, Chile, Peru e
Equador), os Açores e o Leste Asiático, nas
áreas costeiras da China, Japão e Coreia do
Sul.
Outra constatação
foi que as medidas obrigatórias para reduzir colisões
entre navios e baleias eram extremamente raras, cobrindo apenas
0,54% dos hotspots das baleias-azuis e 0,27% dos das baleias-jubarte,
sem atingir nenhum hotspot de baleias-comuns ou cachalotes.
Embora muitos desses hotspots de colisão se encontrassem
em áreas marinhas protegidas, essas reservas geralmente
não impõem limites de velocidade para as embarcações,
pois foram criadas principalmente para combater a pesca e
a poluição industrial. Para todas as quatro
espécies analisadas, mais de 95% dos hotspots de colisão
estavam localizados nas costas, dentro da zona econômica
exclusiva de um país.
Entre as medidas sugeridas
para reduzir o número de colisões entre baleias
e navios estão a redução de velocidade,
a alteração de rotas para afastar as embarcações
das áreas frequentadas pelos animais e a criação
de sistemas de alerta para notificar autoridades e marinheiros
sobre a proximidade das baleias. Os autores esperam que seu
estudo incentive pesquisas locais ou regionais para mapear
com mais precisão as zonas de maior risco, além
de apoiar esforços de advocacy e considerar o impacto
das mudanças climáticas, que podem alterar a
distribuição de baleias e navios à medida
que o gelo marinho derrete e os ecossistemas se transformam.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
|