Revisão
histórica para áreas marinhas de importância
ecológica global
Acordo
busca fortalecer a proteção de ecossistemas
em alto mar e atingir metas de conservação até
2030
07/05/2025 – Em um marco
histórico, os países reunidos na COP16, em Cáli,
Colômbia, aprovaram a revisão das Áreas
Marinhas Ecologicamente Significativas (EBSAs, na sigla em
inglês). A decisão, considerada o primeiro grande
acordo da conferência, estabelece um mecanismo para
atualizar e expandir a identificação dessas
áreas cruciais em águas internacionais, onde
dois terços do oceano permanecem fora da jurisdição
de qualquer nação.
As EBSAs, criadas pela Convenção da Diversidade
Biológica (CDB) em 2008, são áreas identificadas
com base em critérios científicos, como singularidade
biológica, vulnerabilidade e produtividade. Mais de
300 EBSAs já foram descritas, abrangendo desde águas
costeiras até regiões profundas do oceano. A
nova resolução busca atualizá-las à
luz do avanço do conhecimento científico e das
mudanças ambientais globais.
Marina Corrêa, analista
do WWF-Brasil, destacou a importância do avanço:
“A atualização das EBSAs é fundamental
para alcançar a meta global de proteger 30% do oceano
até 2030. O Brasil teve um papel significativo nas
negociações, com a presença ativa do
Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.”
O oceano, que abriga 80% da
biodiversidade do planeta e absorve 25% do dióxido
de carbono atmosférico, tem apenas 8,3% de sua extensão
designada como Áreas Marinhas Protegidas (AMPs). Deste
total, apenas 2,8% contam com proteção efetiva.
Melissa Wright,
da Bloomberg Philanthropies, ressaltou que, embora o reconhecimento
das AMPs tenha avançado, o ritmo é insuficiente
para atender às metas globais:
“A criação de áreas protegidas
em alto mar é essencial para preservar a saúde
do oceano e sua função como aliado no combate
às mudanças climáticas. Porém,
o progresso atual está longe do necessário.”
A maior parte dos oceanos
está além das zonas econômicas exclusivas
(ZEE), áreas delimitadas a 200 milhas náuticas
da costa onde os países têm direitos exclusivos
de exploração. No entanto, em águas internacionais,
a proteção é praticamente inexistente,
tornando-as vulneráveis a atividades como pesca predatória
e extração de recursos.
O professor Ronaldo Christofoletti, da Unifesp e da Rede de
Especialistas em Conservação da Natureza, destacou
a urgência da ação:
“A temperatura dos oceanos
aumentou em 18 meses o equivalente ao que levou 30 anos para
aquecer. Estamos falando de 70% do planeta. Se o oceano não
está saudável, nenhum bioma estará.”
Na COP16, um compromisso filantrópico
de US$ 51,7 milhões foi anunciado para apoiar o desenvolvimento
de AMPs em alto mar. Fundos como o Bezos Earth Fund, Blue
Nature Alliance e Bloomberg Philanthropies estão entre
os financiadores que impulsionarão projetos de conservação
e a implementação do Tratado da Biodiversidade
em Áreas Além da Jurisdição Nacional
(BBNJ).
Segundo Melissa Wright, o
objetivo é acelerar a proteção dessas
áreas críticas:
“Com menos de 2% do alto mar protegido, a ação
não pode esperar. Esse compromisso financeiro é
um passo essencial para garantir a adoção rápida
e eficaz do tratado.”
A revisão das EBSAs também busca integrar dados
científicos mais recentes e incluir a participação
de povos indígenas e comunidades locais nos processos
de conservação. No entanto, Ronaldo Christofoletti
alerta que o Brasil precisa avançar no monitoramento
de suas águas costeiras e nas atividades pesqueiras:
“Sem dados consistentes,
fica difícil criar um histórico de perdas e
ganhos. Além disso, é crucial conscientizar
a sociedade sobre a importância dos oceanos para segurança
alimentar e geração de renda.”
Com a aprovação
da revisão das EBSAs, a COP16 dá um passo importante
rumo à conservação oceânica global.
Contudo, a implementação eficaz dependerá
do comprometimento contínuo dos países e da
comunidade internacional em proteger o coração
azul do planeta.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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