Estudo
mostra que poluição rodoviária prejudica
a vida oceânica
Coquetéis
químicos complexos causam estresse oceânico
20/11/2025 – Um novo
estudo da Universidade de Portsmouth revela que produtos químicos
liberados pelo desgaste de pneus de carros estão chegando
aos ambientes aquáticos e podem afetar gravemente a
base da cadeia alimentar marinha. Os pesquisadores descobriram
que, após apenas quatro dias de exposição
a três desses compostos, o crescimento de diatomáceas
— microalgas essenciais que produzem oxigênio
e sustentam ecossistemas marinhos — foi significativamente
reduzido.
O estudo focou na diatomácea
Phaeodactylum tricornutum, essencial para converter luz solar
e CO2 em energia que sustenta a vida marinha. Os resultados
levantam preocupações sobre o impacto do escoamento
urbano nos oceanos, especialmente em áreas densamente
povoadas, onde os níveis de produtos químicos
derivados de pneus já são elevados e podem ameaçar
a base dos ecossistemas marinhos.
A pesquisa analisou três
químicos relacionados à fabricação
e degradação de pneus — mercaptobenzotiazol
(MBT), difenilguanidina (DPG) e 6PPD-quinona — que chegam
ao ambiente por águas pluviais e escoamento urbano.
Os resultados mostraram que todos os três prejudicam
o crescimento de diatomáceas, sendo o MBT e o DPG especialmente
tóxicos mesmo em concentrações muito
baixas, já detectadas em rios de países como
Canadá, China e Austrália.
A 6PPD-quinona, já
associada à morte em massa do salmão prateado,
mostrou menor toxicidade imediata para as diatomáceas,
mas preocupa os pesquisadores devido à sua persistência
e potencial acumulação nos ambientes marinhos
ao longo do tempo. As diatomáceas, apesar de pequenas,
são fundamentais para a ecologia global, produzindo
grande parte do oxigênio do planeta e sustentando a
cadeia alimentar marinha. A diminuição dessas
algas pode impactar negativamente outras espécies,
incluindo peixes de valor comercial.
O Dr. Fran Cabada-Blanco,
do Instituto de Ciências Marinhas, ressaltou a importância
das diatomáceas nas cadeias alimentares costeiras e
no ciclo do carbono, destacando a urgência de entender
melhor os impactos dos poluentes derivados do desgaste de
pneus na vida marinha. Ele alerta que essa forma de poluição,
apesar de quase onipresente, tem sido negligenciada e deve
receber prioridade nas regulamentações ambientais.
Embora as emissões de gases veiculares sejam controladas,
as partículas e químicos liberados pelos pneus
são uma grande fonte de micropoluição
urbana, facilmente levados pela chuva para rios e oceanos,
onde expõem a vida marinha a misturas químicas
complexas.
Henry Obanya, do Instituto
de Ciências Marinhas, alertou que a poluição
causada por pneus deve ser tratada com a mesma urgência
que a poluição por plásticos ou óleo,
pois esses compostos não desaparecem, mas se espalham
pelos sistemas de drenagem e afetam habitats já vulneráveis.
Além disso, com o aumento dos veículos elétricos
— que são mais pesados e podem acelerar o desgaste
dos pneus — o problema pode piorar, a menos que as formulações
dos pneus sejam modificadas para reduzir essa poluição.
Os autores do estudo pedem
regulamentações mais rigorosas sobre os ingredientes
dos pneus, melhor monitoramento do escoamento das estradas
e investimentos em alternativas mais seguras. Eles destacam
a necessidade de mais pesquisas sobre os efeitos combinados
e de longo prazo desses químicos na vida marinha, especialmente
em ambientes naturais onde múltiplos fatores interagem.
Obanya conclui que algo cotidiano como dirigir um carro contribui
para uma poluição que alcança até
os organismos microscópicos essenciais para a saúde
do planeta.
Saiba mais: Henry E. Obanya
et al., Avaliação toxicológica de compostos
derivados de pneus: efeitos de 6PPD-quinona, difenilguanidina
e mercaptobenzotiazol em Phaeodactylum tricornutum, Aquatic
Toxicology (2025). DOI: 10.1016/j.aquatox.2025.107457
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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