Em
Belém, presidente da COP21 destaca avanços
desde o Acordo de Paris
Laurent
Fabius avalia desafios e oportunidades da COP30
08/11/2025 – FABÍOLA
SINIMBÚ - ENVIADA ESPECIAL – Belém -
O presidente da 21ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), ocorrida em
2015, Laurent Fabius, fez um balanço sobre os 10
anos do Acordo de Paris, durante a Cúpula do Clima,
em Belém. Ao reconhecer a importância de um
dos maiores tratados globais de enfrentamento ao desafio,
Fabius reforça a importância de avançar
nas ações climáticas.
“Devemos acreditar
na ciência quando ela afirma que é necessário
implementar o que já foi decidido em relação
à finança, em relação à
transição de combustível, em relação
ao que já foi acordado”, disse.
Para Fabius, que também
lidera o grupo de ex-presidentes de COPs, isso não
significa que o Acordo de Paris não deva ser celebrado,
pois resultou em grandes avanços na luta contra a
mudança do clima.
“Quando eu estava
liderando a COP 21, 10 anos atrás, a projeção
para o fim deste século é que o mundo chegasse
ao aquecimento de mais 4 graus acima do período pré-industrial.
E agora, 10 anos depois de Paris, e graças às
decisões que foram tomadas, essa projeção
é de uma tendência entre 2,5 e 2,8 graus. E
cada grau significa milhões de vidas salvas”,
diz.
O desafio permanece, avalia, uma vez que as projeções
de 2,8 graus ainda são uma ameaça à
vida no planeta.
“Uma série
de catástrofes, secas, ciclones, mais emissões
e incêndios devem acontecer decorrentes desse aquecimento”,
pontua.
Reprodução/Bruno
Peres/ABR
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Fabius defende o enfrentamento
a partir dos "três is": implementação,
inclusão e inovação.
”Nós não esperamos desta COP em Belém
novas ideias extraordinárias. Sabemos que há
novas ideias e ficamos muito felizes com isso, mas agora
é o momento das ações e o que estamos
esperando da COP é implementação do
que já foi decidido. Em particular no domínio
da finança, especialmente na direção
dos países emergentes. E com a adaptação
das cidades porque, se já estamos superando o 1,5
ºC, a questão da adaptação é
muito mais importante do que antes”, diz.
Fabius aponta que é
necessário incluir a todos, em especial os países
de baixa emissão, que mesmo tendo contribuído
menos com os efeitos da mudança do clima são
os mais afetados. E avalia que sem a inovação
da tecnologia, que viabiliza uma transição
energética para menos emissões, permanecerá
o desafio global.
“Temos que nos esforçar
no multilateralismo. Nós sabemos os obstáculos
com alguns atores que não aceitam o multilateralismo.
Não só os Estados Unidos. Por outro lado,
na próxima semana, em Belém, teremos uma oportunidade
de agir, porque haverá muitos subnacionais desses
países. A exemplo dos Estados Unidos, teremos o governo
da Califórnia. Portanto, esse é um momento
que devemos fazer esse esforço e de sermos muito
incisivos nas ações”, acredita.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Bruno Peres/Agência
Brasil