Combate
à fome deve ser meta climática, diz cúpula
em Belém
Grupo
de 43 países e UE aprovam documento conjunto
08/11/2025 – PEDRO
RAFAEL VILELA - ENVIADO ESPECIAL – Belém -
Um grupo de 43 países e a União Europeia aprovaram
a Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza
e Ação Climática Centrada nas Pessoas.
O documento visa colocar populações mais vulneráveis
no centro das políticas climáticas globais.
O texto foi aprovado ao
final da Cúpula do Clima, que terminou nesta sexta-feira
(7), na capital paraense. O evento reuniu líderes
de diferentes países e antecedeu a 30ª Conferência
das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima (COP30), que será realizada de 10 a 21 de novembro,
também na cidade de Belém. O objetivo é
atualizar e reforçar os compromissos multilaterais
para lidar com a urgência da crise climática.
A declaração
sobre combate à fome e à pobreza propõe
uma mudança na forma como a comunidade internacional
enfrenta a crise climática. O documento reconhece
que, embora as mudanças climáticas afetem
a todos, os impactos recaem de forma desproporcional sobre
as populações mais vulneráveis.
"Quase metade da população
mundial não tem acesso à proteção
social, e muitos dos excluídos estão justamente
entre os mais expostos aos impactos das mudanças
climáticas. Os sistemas de proteção
social são mais frágeis justamente onde deveriam
ser mais robustos: nas comunidades afetadas pela pobreza,
fome e alta vulnerabilidade climática", diz
um trecho da declaração.
O texto também defende
que o financiamento climático apoie meios de subsistência
sustentáveis para agricultores familiares, comunidades
tradicionais e povos da floresta, garantindo que a ação
climática gere empregos dignos e oportunidades econômicas
para aqueles que estão na linha de frente da crise.
Entre os países signatários
estão Brasil, Chile, China, Cuba, Alemanha, Indonésia,
Malásia, México, Noruega, República
do Congo, Ruanda, Espanha, Sudão, Reino Unido, Zimbábue,
França, Dinamarca, entre outros, além da União
Europeia.
Reprodução/Bruno
Peres/ABR
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Racismo ambiental
Outro documento aprovado nesta sexta-feira, durante a Cúpula
do Clima, foi a Declaração de Belém
sobre o Combate ao Racismo Ambiental, que busca fomentar
o diálogo internacional sobre a interseção
entre igualdade racial, meio ambiente e clima. O texto reconhece
que a crise ecológica global é também
uma crise de justiça racial e propõe a construção
de uma agenda cooperativa em defesa de maior equidade e
solidariedade entre as nações e da superação
de desigualdades históricas que afetam o acesso a
recursos, oportunidades e benefícios ambientais.
O texto, que ficará
aberto para adesões durante a COP, já conta
com endossos de países da América Latina,
da África, da Ásia e da Oceania.
Combustíveis e mercado
de carbono
A Cúpula do Clima em Belém ainda divulgou
a aprovação de outros dois documentos. Um
deles é a Declaração sobre a Coalizão
Aberta de Mercados Regulados de Carbono.
O outro é o Compromisso de Belém pelos Combustíveis
Sustentáveis, que pretende somar esforços
para quadruplicar a produção e o uso de combustíveis
sustentáveis até 2035.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Bruno Peres/Agência
Brasil