Lula
lança em Belém fundo para preservação
de florestas tropicais
Ideia
é alcançar US$ 125 bi com adesão de
países e capital privado
08/11/2025 – FABÍOLA
SINIMBÚ - ENVIADA ESPECIAL – Belém -
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou
oficialmente o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF,
na sigla em inglês), durante a Cúpula do Clima,
em Belém (PA), na tarde desta quinta-feira (6). Durante
o almoço oferecido pelo governo brasileiro, o presidente
convidou outras nações a apoiarem a iniciativa.
“As florestas valem mais em pé do que derrubadas.
Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países. Os
serviços ecossistêmicos precisam ser remunerados
assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos
verdes internacionais não estão à altura
do desafio ", disse o presidente.
De acordo com Lula, o TFFF
é uma ferramenta de financiamento inovadora para
auxiliar países a conservarem as florestas tropicais,
presentes em mais de 70 nações, entre elas,
o Brasil.
“O TFFF não é baseado em doação,
seu papel será complementar os mecanismos que pagam
pela redução das emissões de gases
do efeito estufa. [Serão] Investimentos soberanos
de países desenvolvidos e em desenvolvimento que
irão alavancar um fundo de capital misto. O portfólio
vai se diversificar em ações e títulos”,
destacou Lula.
Os primeiros aportes serão
feitos por governos nacionais, com recursos que devem ativar
o fundo para alavancar capital da iniciativa privada. A
proposta, desenhada pelo governo brasileiro, pretende alcançar
inicialmente US$ 25 bilhões com as adesões
dos países e chegar a US$ 125 bilhões com
o capital privado.
Os recursos gerados a partir
dos investimentos em projetos de altas taxas de retorno
financiarão a manutenção dos ambientes
de floresta preservados por hectare.
“Os lucros serão
repartidos entre os países de florestas tropicais
e os investidores. Esses recursos irão diretamente
para os governos nacionais que poderão garantir programas
soberanos de longo prazo”, reforçou o presidente.
Reprodução/Bruno
Peres/ABR
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O fundo também deverá
garantir que um quinto dos recursos seja destinado aos povos
indígenas e comunidades locais.
O acompanhamento da manutenção
das florestas em pé será feito por meio de
monitoramento por satélites capazes de identificar
o cumprimento da meta de manutenção de desmatamento
abaixo de 0,5%, nos países elegíveis.
Segundo o presidente, será
possível pagar aos países US$ 4 por hectare
preservado.
“Parece modesto, mas estamos falando de 1,1 bilhão
de hectares de florestas tropicais distribuídos em
73 países em desenvolvimento", disse Lula.
O anúncio ocorre
após o aporte de US$ 1 bilhão realizado pelo
governo brasileiro, no dia 23 setembro, no primeiro diálogo
de apresentação da ferramenta promovido pelo
Brasil e pelo secretariado das Nações Unidas
(UNFCCC, na sigla em inglês), em Brasília.
No lançamento do
TFFF, o presidente lembrou ainda que o Conselho do Banco
Mundial vai hospedar o mecanismo financeiro e o secretariado
do TFFF com um modelo de governança considerado inovador.
Lula lembrou que vários
países com floresta tropicais e financiadores já
anunciaram o apoio ao mecanismo.
“É simbólico
que a celebração do seu nascimento seja feita
aqui em Belém, rodeada de sumaúmas, açaizeiros,
andirobas e jacarandás. Em poucos anos poderemos
ver o fruto desse fundo. Teremos orgulho de lembrar que
foi no coração da Floresta Amazônica
que demos esse passo juntos.”
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Bruno Peres/Agência
Brasil