Veja
o que a Cúpula dos Líderes apresenta como
rumo da COP 30
Pontos
cruciais, desafios e contradições marcam abertura
10/11/2025 – A Cúpula
de Líderes, realizada entre os dias 6 e 7, enviou
mensagens políticas importantes antes da COP30, destacando
a necessidade de acelerar a transição energética,
fortalecer o financiamento climático e proteger as
florestas tropicais. Os primeiros compromissos firmados
— como o incentivo ao uso de combustíveis sustentáveis,
a criação do Fundo Florestas Tropicais (TFFF)
e a formação de uma nova coalizão para
mercados de carbono — representam passos iniciais
e sinalizações positivas. No entanto, a adesão
ainda é limitada, e muitos compromissos são
vistos como insuficientes diante da urgência das mudanças
climáticas e dos desafios que os negociadores enfrentarão
durante a conferência.
Combustíveis sustentáveis
O Compromisso de Belém pelos Combustíveis
Sustentáveis (Belém 4X) foi assinado por 19
países e tem como meta quadruplicar o uso de combustíveis
sustentáveis até 2035, com monitoramento anual
da Agência Internacional de Energia (AIE). O plano
reconhece que a eletrificação não basta
para descarbonizar setores de alta intensidade energética,
como transporte pesado e indústria, e aposta em alternativas
como hidrogênio, biogás, biocombustíveis
e combustíveis sintéticos, produzidos em larga
escala e a preços competitivos.
Apesar de ser considerado um passo importante na transição
energética, o acordo gerou divisões. Organizações
civis alertam que o foco em combustíveis sustentáveis
não deve servir como substituto à redução
do uso de petróleo, sob risco de atrasar a verdadeira
transição.
Mercado de carbono
A Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono
reúne Brasil, China, União Europeia, Reino
Unido, Canadá, Chile, Alemanha, México, Armênia,
Zâmbia e França e tem o objetivo de aproximar
países que já possuem ou planejam criar mercados
de carbono — sistemas que colocam um preço
nas emissões de gases de efeito estufa.
A iniciativa busca harmonizar regras, trocar experiências
sobre monitoramento e verificação das emissões
e garantir a integridade dos créditos de carbono,
assegurando que representem reduções reais
de poluição. Espera-se que a cooperação
traga mais transparência, previsibilidade, redução
de custos, atração de investimentos e aceleração
da descarbonização de setores como energia
e transporte.
Por outro lado, ambientalistas demonstraram cautela, alertando
para riscos de créditos sem lastro ambiental, dupla
contagem das reduções de emissões e
a necessidade de compatibilidade com o Artigo 6 do Acordo
de Paris, que regula as trocas internacionais de créditos
de carbono.
Fundo Florestas Tropicais
(TFFF)
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), anunciado
durante a Cúpula de Líderes da COP30 em Belém,
é uma iniciativa proposta pelo Brasil para financiar
a conservação das florestas tropicais de forma
permanente, tornando a preservação mais vantajosa
que o desmatamento.
O fundo funcionará como um mecanismo de investimento
de renda fixa, cujo lucro das aplicações será
usado para remunerar países que mantêm suas
florestas em pé, com prioridade para Brasil, Indonésia
e Congo. Os compromissos iniciais somam mais de US$ 5,5
bilhões, com aportes da Noruega (US$ 3 bi), Brasil
e Indonésia (US$ 1 bi cada), França (US$ 500
mi), além da Alemanha, que ainda definirá
valores, e do investidor privado Andrew Forrest (US$ 10
mi). A Comissão Europeia também deve anunciar
sua contribuição em breve.
A proposta foi elogiada por colocar valor econômico
na floresta em pé e garantir financiamento estável
para a proteção ambiental. No entanto, organizações
civis consideram o montante ainda insuficiente e pedem transparência
na gestão, métricas de resultados e prioridade
aos povos indígenas e comunidades locais. Esses temas
devem ser centrais nas negociações da COP30,
especialmente nas metas de desmatamento zero até
2030.
Combustíveis fósseis
A Cúpula de Líderes da COP30 colocou o fim
dos combustíveis fósseis no centro do debate
climático, com o Brasil destacando a necessidade
de uma transição energética justa e
inclusiva, que não deixe nenhum país para
trás.
No entanto, as discussões permaneceram no nível
das intenções, sem definição
de prazos, fontes de financiamento ou mecanismos de equidade.
Especialistas apontam que as nações ricas
ainda evitam assumir suas responsabilidades históricas
e oferecer apoio concreto ao Sul Global na substituição
de petróleo, gás e carvão.
A expectativa é que a COP30 transforme esse discurso
em ações efetivas, com metas claras para reduzir
a dependência dos fósseis e ampliar investimentos
em energia limpa. Apesar disso, o encontro revelou contradições,
como a autorização do Brasil para explorar
petróleo na margem equatorial e anúncios de
metas sem planos financeiros ou tecnológicos definidos
por outros países.
Metas climáticas
(NDCs)
Até o momento, pouco mais de 100 países apresentaram
suas novas metas climáticas (NDCs) para 2035, mas
a maioria ainda está muito abaixo do necessário
para conter o aquecimento global. Apenas dois países
possuem planos compatíveis com o limite de 1,5°C,
e cerca de 90 países ainda não submeteram
novos compromissos.
As metas atuais cobrem apenas 30% das emissões globais
e levariam a uma redução de 4% até
2035, quando a ciência indica que seria preciso cortar
cerca de 60% para manter o clima sob controle.
Para especialistas e organizações brasileiras,
a COP30 em Belém precisa ir além dos discursos
e restaurar a confiança no Acordo de Paris, com metas
mais ambiciosas e planos concretos para esta década.
Mapa do caminho
O chamado “mapa do caminho” é a proposta
central do Brasil para a COP30, com o objetivo de transformar
em ação a decisão da COP28 (Dubai)
de realizar uma transição justa, ordenada
e equitativa para longe dos combustíveis fósseis.
O termo se refere a um plano de ação estruturado,
com etapas, prazos e metas concretas, que define quem faz
o quê, até quando e com quais recursos. A ideia
é harmonizar critérios entre os países
e estabelecer um calendário realista para substituir
petróleo, gás e carvão por fontes renováveis
e eficiência energética, respeitando as diferenças
de capacidade e responsabilidade entre as nações.
A presidência brasileira da COP30 quer que esse roteiro
ganhe forma prática em Belém, indo além
de declarações políticas e se tornando
um plano com metas e mecanismos concretos.
Adaptação
climática
A COP30 precisa finalizar o Marco UAE–Belém
para Resiliência Climática Global, que definirá
os indicadores do Objetivo Global de Adaptação
(GGA) — um instrumento para medir o quanto os países
estão preparados para lidar com os impactos da crise
climática.
A proposta inclui cerca de 100 indicadores, abrangendo desde
acesso a financiamento, tecnologia e capacitação
até dados sobre grupos vulneráveis, como comunidades
tradicionais e populações de baixa renda.
Esses indicadores deverão se conectar aos planos
nacionais de adaptação e relatórios
de transparência, permitindo comparar o progresso
entre países.
O objetivo é tornar visível quem está
avançando na adaptação e quem está
ficando para trás, mas as negociações
estão paralisadas. Os países pedem metas mais
ambiciosas, porém alertam que, sem financiamento
estável e previsível, o sistema pode se tornar
apenas simbólico. Assim, o debate sobre adaptação
está fortemente ligado ao tema do financiamento climático,
que deve ser central nas próximas discussões
em Belém.
Financiamento
O financiamento climático é visto como o maior
impasse da COP30, e pode determinar o sucesso ou o fracasso
das negociações. Após os anúncios
feitos em Belém, a conferência precisará
responder quem vai pagar, quanto, como e quando pela transição
energética, proteção das florestas
e adaptação climática.
Os países em desenvolvimento reforçam que
esses avanços dependem de recursos em larga escala,
com juros baixos, mais doações e menos endividamento,
já que o custo do crédito é alto no
Sul Global. Embora iniciativas como o TFFF, a coalizão
de combustíveis sustentáveis e a coalizão
de mercados de carbono representem progresso, a estrutura
financeira internacional ainda trata a crise climática
como algo separado da economia global, e não como
seu núcleo estratégico.
Racismo ambiental
A Declaração de Belém sobre o Combate
ao Racismo Ambiental, aprovada durante a Cúpula de
Líderes, foi um marco histórico ao unir justiça
racial e ação climática em um mesmo
acordo internacional.
O texto reconhece que os impactos da crise climática
e da poluição afetam de forma desproporcional
as comunidades afrodescendentes, indígenas e locais,
e estabelece que justiça racial e ambiental são
pilares inseparáveis do desenvolvimento sustentável.
A declaração também abre caminho para
uma futura resolução da ONU sobre o tema e
é vista como um avanço político inédito,
que deve influenciar os debates da COP30 sobre transição
justa e adaptação climática, fortalecendo
a integração entre equidade social e ação
ambiental.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Redação,
com informações de agências de notícias
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay