COP30:
confira o significado dos termos sobre clima e negociação
Debates
em Belém acontecem até o dia 21 de novembro
10/11/2025 – FABÍOLA
SINIMBÚ - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
– Brasília - O inglês é a língua
oficial na 30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30),
mas pelos corredores do Parque da Cidade, em Belém
(PA), as conversas em múltiplas línguas incluem
diversas siglas e temas não tão presentes
no dia a dia das pessoas.
A Agência Brasil organizou
um guia rápido para consultar ao longo dos debates,
que tiveram início desde a cúpula dos líderes
no último dia 6 e seguirão até o próximo
dia 21, quando encerra a maior conferência global
para impulsionar as ações climáticas
pelo mundo.
Confira as principais siglas
e expressões utilizadas:
Acordo de Paris: Acordo internacional lançado na
COP21, em 2015 e ratificado pelo Congresso Nacional no ano
seguinte, passando a vigorar em 4 de novembro de 2016. O
documento reúne ações globais em resposta
à ameaça da mudança climática,
como a redução das emissões de gases
de efeito estufa.
Adaptação
Climática: Mudanças necessárias para
suportar os efeitos do aquecimento global já alcançado
até os dias de hoje. As medidas necessárias
incluem tanto modificações em estruturas urbanas,
como sistemas baseados na natureza, quanto nos ecossistemas
naturais como a restauração de florestas e
outras vegetações nativas.
Agenda de Ação:
É uma agenda de mobilização de todos
os atores sociais nos países-partes da Convenção
do Clima. Serve para articulação, troca de
boas práticas e para estimular a ação
climática onde as pessoas vivem, por meio de iniciativas
de governos, empresas, investidores e organizações
sociais.
Artigo 6: É o artigo
do Acordo de Paris que trata da criação de
ferramentas, como normatização e monitoramento,
para o funcionamento de um mercado de carbono global, em
substituição ao Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL) do Protocolo de Quioto.
CMA (Conference of the Parties
serving as the meeting of the Parties to the Paris Agreement,
Conferência das Partes que secretariam as Partes do
Acordo de Paris): encontro das partes que subsidiam os elementos
negociados do Protocolo Acordo de Paris nas COPs.
CMP (Conference of the Parties
serving as the meeting of the Parties to the Kyoto Protocol,
Conferência das Partes que secretariam as Partes do
Protocolo de Quioto): encontro das partes que subsidiam
os elementos negociados do Protocolo de Quioto nas COPs.
Convenção
de Clima ou Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas: (UNFCCC
- United Nations Framework Convention on Climate Change,
em inglês): documento lançado para assinaturas
na Eco-92 no Rio de Janeiro, e que passou a vigorar em 1994,
que traz os princípios das responsabilidades “comuns
mas diferenciadas” (países que historicamente
emitiram mais devem agir mais) sobre a redução
das emissões de gases do efeito estufa.
Combustíveis fósseis:
petróleo, carvão, gás mineral e todos
os derivados responsáveis por grande parte das emissões
de gases do efeito estufa na atmosfera, que são liberados
na queima para geração de energia ou decomposição
de plantas e animais mortos.
Reprodução/Tãnia
Rêgo/ABR
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COP (Conferência das
Partes da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas): encontro
global, que teve início em Berlim, na Alemanha, em
1995, um ano após começar a vigorar a Convenção
do Clima. Tem como principais objetivos debater soluções
para diminuir as emissões de gases do efeito estufa,
conter o aquecimento global e implementar a convenção
e seus instrumentos jurídicos.
Gases do efeito estufa (GEE):
são gases que não permitem que parte do calor
emitido pelo sol seja refletido para fora da atmosfera do
planeta. Os principais são o dióxido de carbono
(CO2), o óxido nitroso (N2O), o metano (CH4) e o
ozônio (O3).
GST (Global Stocktake, Balanço
Global): previsto no Artigo 14 do Acordo de Paris, é
um mecanismo de transparência que permite avaliar
o progresso nas metas de emissões dos gases do efeito
estufa em longo prazo. O primeiro foi entregue na COP28,
em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
INC (Intergovernmental Negotiating
Committee, Comitê Intergovernamental de Negociação):
grupo aberto a todos os Estados-Membros das Nações
Unidas e agências especializadas. Foi criado em 1990,
pela Assembleia Geral da ONU, com a participação
inicial de 150 países, responsável pelo texto
da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) finalizado
em 1992.
Justiça Climática:
é uma abordagem de desenvolvimento humano que busca
equilibrar economia, meio ambiente e os direitos das pessoas,
em especial as mais vulneráveis às mudanças
climáticas, com a distribuição justa
de prejuízos e benefícios.
Livro de Regras de Paris:
Documento elaborado na COP24, em Katowice, Polônia,
para orientar as partes sobre como concretizar o Acordo
de Paris e limitar o aquecimento global abaixo de 2 graus
Celsius (ºC) e atingir a meta de manter em 1,5 ºC.
Mapa do Caminho de Baku
à Belém: Para US$1,3 trilhão: Após
o acordo de NCQG de US$300 bilhões ter sido considerado
insuficiente, os países se comprometeram a construir
juntos um relatório que aponte soluções
para alcançar US$1,3 trilhão em financiamento
climático. O valor é considerado o necessário
para assistência aos países mais vulneráveis
e menos desenvolvidos, até 2035.
Missão 1,5: É
o esforço global para conter o aquecimento do planeta
em até 1,5 graus Célsius (ºC) acima do
período pré-industrial, por volta de 1750,
marcado pela intensificação das indústrias
como meio produtivo humano. A temperatura é considerada
o limite crítico para consequências desastrosas
na vida das pessoas e na economia global.
Mitigação
climática: Ações como políticas
públicas e mudanças nos processos produtivos
para reduzir a emissão de gases de efeito estufa,
como dióxido de carbono e metano, e aumentar os sumidouros
de carbono, como florestas e ecossistemas nativos.
NDC (Nationally Determined
Contributions, Contribuições Nacionalmente
Determinadas): São as metas e os compromissos assumidos
pelas partes para a redução de emissões
de gases do efeito estufa. Os países-membros devem
apresentar a cada cinco anos uma nova versão de NDC,
com as ambições atualizadas em relação
ao Acordo Paris. O Brasil foi o segundo país a apresentar
a terceira geração de NDCs, após os
Emirados Árabes Unidos, em 2024. Na ambição
brasileira a meta é alcançar uma redução
das emissões dentro de uma faixa de 59% até
67%, em 2035, e alcançar a neutralidade das emissões
em 2050, NCQG (New Collective Quantified Goal on Climate
Finance, Nova Meta Quantificada Global de Finanças):
É o acordo para um fluxo de financiamento climático
acordado entre os países para garantir aos países
menos desenvolvidos a transição à uma
economia de baixo carbono. A última NCQG aprovada
na COP29, em Baku, Azerbaijão, prometeu elevar esse
fluxo financeiro de US$100 bilhões a US$300 bilhões.
Perdas e Danos: São
os impactos econômicos e sociais das mudanças
climáticas, como destruição de habitações,
infraestruturas urbanas e perdas culturais.
Ponto de inflexão
ou ponto de não retorno: é quando um ecossistema,
como a floresta ou o oceano, perde a capacidade de funcionamento
natural de seus ciclos, comprometendo os serviços
ecossistêmicos que mantêm o equilíbrio
do planeta, como o regime de chuvas e a temperatura adequada
para existência de vida na Terra.
Protocolo de Quioto: tratado
para reduzir as emissões de gases de efeito estufa
que contribuem para o aquecimento global. Foi assinado em
1997 e entrou em vigor em 2005.
BTR (Biennial Transparency Reports, Relatório Bienal
de Transparência): É um instrumento de transparência
das políticas públicas nacionais adotadas
pelos países-partes e que deve ser submetido a cada
dois anos. A última entrega brasileira ocorreu na
COP29, em Baku, no Azerbaijão.
SB60 (Sessão dos
Órgãos Subsidiários): Também
chamada de Conferência sobre Mudança Climática
de Bonn (Bonn Climate Change Conference), é um encontro
anual que ocorre na Alemanha de preparação
para a Conferência das Partes. São discutidos
aspectos específicos das ações climáticas,
partilhados conhecimentos e continuadas as negociações
entre as COPs. Garante a redefinição das estratégias
e progressos mais significativos antes da conferência
seguinte.
Sumidouro: processos naturais
ou mecanismos capazes de remover gases do efeito estufa
da atmosfera, como florestas e oceanos.
Troika: pacto de cooperação
internacional firmado pelas três presidências
das COPs 28, 29 e 30, Emirados Árabes Unidos, Azerbaijão
e Brasil, respectivamente, pelo cumprimento da Missão
1,5 ºC, com reuniões avaliativas.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência
Brasil