Países
lançam na COP declaração para enfrentar
desinformação climática
Brasil
lidera Iniciativa Global que conta com adesão de
11 países
13/11/2025 – FABÍOLA
SINIMBÚ - ENVIADA ESPECIAL - A Iniciativa Global
pela Integridade da Informação sobre a Mudança
do Clima lançou, nesta quarta-feira (12), uma declaração
durante a 30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30),
em Belém. O documento já foi anunciado com
assinatura de 11 países, entre eles o Brasil, e um
chamado para mais adesões.
A Iniciativa Global é
uma coalizão lançada pelo governo brasileiro
com a Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
(Unesco) durante o G20, em 2024, no Rio de Janeiro. Reúne
governos, organismos multilaterais, sociedade civil, academia
e setor privado em ações conjuntas para enfrentar
a desinformação climática e promover
um debate público baseado em evidências científicas,
transparência e cooperação internacional.
“Esta é a primeira
COP que traz a integridade da informação como
tópico da agenda de ação. Pela primeira
vez temos dois dias [de programação] dedicados
à integridade da informação. E isso
também vai para o processo de negociação",
afirmou João Brant, secretário de Políticas
Digitais da Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República (Secom).
Reprodução/Bruno
Peres/ABR
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"Trazer a integridade
da informação para processo de cooperação,
significa aprendermos uns com os outros, a partir tanto
da perspectiva de ação climática, quanto
da integridade da informação, unindo forças,
para realmente agir de forma urgente”, completou Brant.
A iniciativa era integrada
por dez países que trabalharam juntos na construção
da declaração. Além do Brasil, integram
a coalizão Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia,
França, Alemanha, Espanha, Suécia, Uruguai.
A Holanda se somou aos dez países na assinatura da
declaração.
“Nesta grande luta
contra a desinformação climática, não
há uma só solução. Não
podemos apenas proibir a desinformação climática
e esperar que se resolva sozinha", afirmou o chefe
da delegação da França, embaixador
Benoít Faraco.
"Então, precisamos
trabalhar juntos, não somente com a sociedade civil,
com as ONGs, mas também com os cientistas, com as
empresas, porque elas também são afetadas.
E é por isso que estamos nessa batalha contra a desinformação,
no espírito de mutirão, alinhados à
presidência brasileira da COP”, reforçou
Faraco que é o encarregado francês das negociações
sobre as mudanças climáticas, as energias
descarbonizadas e a prevenção de riscos climáticos.
Além de reconhecer
as ameaças à integridade da informação
sobre o clima, a declaração também
traz o comprometimento dos países nos ambientes internacional,
nacional e local com a liberdade de expressão e de
imprensa e a promoção de iniciativas e políticas
que promovam informações confiáveis.
Segundo Brant, o documento
é abrangente para alcançar diferentes formas
de ameaças à integridade da informação,
que vão além do negacionismo e de falsas informações.
“A falta de condições, por exemplo,
para fazer jornalismo investigativo, questões relacionadas
à segurança dos jornalistas e questões
relacionadas à sustentabilidade do meio ambiente,
que são muito importantes", disse.
De acordo com os representantes
dos países participantes, a declaração
é também uma forma de ampliar a coalizão
e dar mais destaque ao tema entre os signatários
da Convenção do Clima e do Acordo de Paris,
para que, inclusive, seja possível ampliar a discussão
sobre futuras fontes de financiamento das iniciativas que
resguardam a integridade da informação.
João Brant citou
como exemplo uma chamada pública realizada no Brasil,
por meio do Fundo da Unesco, que teve 500 projetos inscritos,
dos quais 300 foram classificados e dez contemplados com
investimentos de R$ 1 milhão aportados pelo país.
“Com esses projetos,
podemos mostrar e dizer aos investidores onde serão
empregados os recursos. E formar um portfólio de
projetos que trará clareza e segurança aos
doadores que queiram colocar dinheiro. É uma forma
de dizer que estamos abertos às doações,
para discutir qualquer tipo de contribuição”,
concluiu.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Bruno Peres/Agência
Brasil