Lula
diz que COP30 não seria viável sem Cúpula
dos Povos
Presidente
saudou movimentos que se reuniram em evento paralelo
16/11/2025 – LUCIANO
NASCIMENTO - ENVIADO ESPECIAL – Belém - O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (16)
que a Cúpula dos Povos, encerrada hoje, foi fundamental
para tornar viável a 30ª Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP30). O evento é organizado por movimentos sociais
e ocorre em paralelo à COP.
O presidente disse ainda
que volta para Belém no dia 19, para um encontro
com o secretário-geral da ONU, António Guterrez,
"em uma ação conjunta para fortalecer
a governança do clima e o multilateralismo".
"Também vou
participar de reuniões com vários países,
representantes da sociedade civil, povos indígenas
e populações tradicionais e governadores e
prefeitos”, disse Lula, em carta encaminhada aos participantes
da Cúpula dos Povos.
O documento foi lido pela
ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina
Silva, no ato de encerramento da Cúpula. No texto,
Lula sauda a participação popular em Belém.
“A COP30 não seria viável sem a participação
de vocês. Essa extraordinária concentração
de pessoas que acreditam que outro mundo é possível
e necessário. Como tenho dito em todos os fóruns
internacionais de que participo, debaixo de cada árvore
da Amazônia há uma mulher, um homem, uma criança”,
escreveu o presidente.
Lula afirmou ainda que o
combate à mudança do clima precisa da mobilização
e contribuição de toda a sociedade, e não
só dos governos.
“O entusiasmo e o engajamento de vocês são
fundamentais para que possamos seguir nessa luta. Vocês
são portadores da força e da legitimidade
dos que almejam o mundo melhor. Mudar a nossa relação
com o planeta é uma tarefa urgente. No mundo que
desejamos, a devastação dá lugar ao
desenvolvimento sustentável”, continuou.
Reprodução/Bruno
Peres/ABR
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O presidente fez uma chamado
para a construção de um “mundo em paz,
mais solidário, menos desigual, livre da pobreza,
da fome e da crise climática”.
Lula criticou o negacionismo climático e disse ainda
que a participação e as críticas feitas
pela sociedade civil estão alinhadas com o conhecimento
científico.
“Temos urgência,
não podemos adiar as decisões que estão
sendo debatidas há tantos anos nas negociações
sobre transição justa e adaptação”,
disse.
O presidente fez mais um apelo para a implementação
do financiamento climático e de soluções
para superar a dependência dos combustíveis
fósseis e conter e reverter o desmatamento.
“Não podemos
sair de Belém sem decisões sobre esses temas!
Os líderes mundiais que estiveram em Belém
conheceram a realidade da Amazônia e entenderam que
a divisão entre a humanidade não faz sentido”,
apontou.
Cúpula dos Povos
Após os cinco dias de debates, mobilizações
e manifestações que marcaram Belém,
a Cúpula termina com um “banquetaço”,
na Praça da República, no centro da capital
paraenses, com a distribuição de comida das
cozinhas comunitárias e celebração
cultural aberta ao público.
No ato encerramento da Cúpula dos Povos, foi lida
uma carta final criticando o que os participantes classificaram
como “falsas soluções” para o
enfrentamento da emergência climática.
O documento foi entregue
ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa
do Lago, que prometeu apresentá-lo nas reuniões
de alto nível da COP que serão realizadas
a partir de segunda-feira (17).
A carta aponta o modo de
produção capitalista como causa principal
da crise climática crescente e ressalta que as comunidades
periféricas são as mais afetadas pelos eventos
climáticos extremos e o racismo ambiental.
O documento critica ainda
o avanço da extrema direita, do fascismo e das guerras
ao redor do mundo e faz uma defesa da Palestina e de seu
povo. Além disso, faz críticas à ação
militar dos Estados Unidos no mar do Caribe, com o pretexto
de guerra ao narcotráfico.
A Cúpula dos Povos
reuniu cerca 70 mil pessoas de movimentos sociais locais,
nacionais e internacionais, povos originários e tradicionais,
camponeses/as, indígenas, quilombolas, pescadores/as,
extrativistas, marisqueiras, trabalhadores/as da cidade,
sindicalistas, população em situação
de rua, quebradeiras de coco babaçu, povos de terreiro,
mulheres, comunidade LGBTQIAPN+, jovens, afrodescendentes,
pessoas idosas, dos povos da floresta, do campo, das periferias,
dos mares, rios, lagos e mangues.
O evento, considerado o
maior espaço de participação social
da conferência climática, começou na
última quarta-feira (12), em paralelo à COP30,
com críticas à ausência de maior participação
popular na COP30.
Para as cerca de 1,3 mil
organizações e movimentos que participaram
da cúpula, países e tomadores de decisão,
especialmente dos países ricos, têm se omitido
ou apresentado soluções absolutamente ineficientes
colocando em risco a meta de 1,5°C do Acordo de Paris.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Bruno Peres/Agência
Brasil