Alckmin
defende ação climática guiada por ciência
e solidariedade
Vice-presidente
discursou na abertura da plenária de alto nível
na COP
17/11/2025 – LUCIANO
NASCIMENTO - ENVIADO ESPECIAL – Belém - A implementação
de mapas de ação com avanços significativos
na transição energética, a erradicação
do desmatamento ilegal e a valorização das
florestas, especialmente com foco na sociobioeconomia, foram
defendidos pelo Brasil como legado a ser deixado pela 30ª
Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.
A avaliação foi feita pelo vice-presidente
e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio
e Serviços, Geraldo Alckmin, nesta segunda-feira
(17), durante a abertura da plenária de alto nível
do evento.
“A COP30 marca, agora,
a transição do regime, da negociação
para a implementação. As várias decisões
que sairão de Belém reforçarão
mecanismos e estimularão novos arranjos para acelerar
a ação de combate à mudança
climática em escala global. E isso faremos por escolha
própria, porque é a escolha certa a ser feita”,
disse.
“Estamos aqui, todos
nós, para transformar a ambição em
resultados e em boas políticas públicas. Nosso
dever é garantir que a ação climática
global seja guiada pela ética da responsabilidade,
uma ética que une ciência, solidariedade, progresso
e dignidade”, afirmou.
Durante seu discurso, Alckmin apontou a necessidade de triplicar
a meta global de energia renovável e de dobrar a
eficiência energética até 2030, para
que o mundo saia da dependência dos combustíveis
fósseis.
Reprodução/Tãnia
Rêgo/ABR
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Segundo o vice-presidente,
os dados mostram que a capacidade renovável hoje
ainda é a metade do que seria necessário para
alcançar essa meta.
“O Compromisso de Belém ambiciona quadruplicar
o uso de combustíveis sustentáveis até
2035, e 25 países já se juntaram ao esforço”,
afirmou Alckmin apontando que o Brasil reduziu o desmatamento
ilegal em 50%.
O vice-presidente apontou
ainda a necessidade de os países mostrarem união
em torno dos objetivos do Acordo de Paris.
“A apresentação, pelos governos, de
NDCs alinhadas ao objetivo de [limitar o aquecimento global
a] 1,5 grau Celsius (ºC), do Acordo de Paris, é
um dos sinais de compromisso com o combate à mudança
do clima e o reforço do multilateralismo”,
apontou.
“A NDC do Brasil,
ousada mas realista, que tive a honra de anunciar no ano
passado, com a ministra Marina Silva, na COP29, em Baku,
determina compromisso de reduzir as emissões líquidas
de gases de efeito estufa no país de 59% a 67% até
2035, em comparação aos níveis de 2005”,
pontuou.
Alckmin defendeu a promoção
da cooperação entre governos, empresas e comunidades
locais.
“A proteção das florestas depende, sobretudo,
de quem vive nelas. Mais de 28 milhões de brasileiros
moram na região amazônica, e, entre eles, estão
os povos indígenas e as comunidades tradicionais,
que são os verdadeiros guardiões da floresta.
O conhecimento ancestral desses povos é uma das mais
poderosas formas de inteligência ecológica
do planeta. A Amazônia, com toda a sua diversidade,
deve ser o exemplo de que é possível crescer,
produzir e conservar ao mesmo tempo”, defendeu.
O vice-presidente disse
que é preciso buscar soluções criativas
em áreas estratégicas, como na bioeconomia
e na descarbonização, que, segundo ele, pode
ser fortalecida com uma Coalizão Global de Mercados
Regulados de Carbono, “a qual estabelecerá
mecanismos de carbono transparentes e coletivamente acordados
e para a qual contamos com a adesão de mais e mais
países”.
Reta final
Esta semana, a COP30 entra em sua reta final, com a chegada
de representantes de alto nível. Cerca de 160 ministros,
vice-presidentes e outros representantes de alto escalão
se reúnem para buscar consenso em temas delicados,
como financiamento para ações climáticas,
parâmetros de adaptação e formas de
implementar e monitorar as metas de redução
de emissões de gases que causam o aquecimento global.
“Em meio a tantos
discursos, negociações, uma diretriz deve
permanecer: esta deve ser a conferência da verdade,
da implementação e, sobretudo, da responsabilidade.
Responsabilidade com o planeta que habitamos, com as pessoas
que aqui vivem e com as gerações que ainda
virão”, defendeu o vice-presidente.
“Devemos, todos nós,
agir de tal forma que toda decisão tomada no presente,
política, econômica, industrial ou ambiental,
contribua para preservar as condições de vida
na Terra, proteger a biodiversidade e assegurar a justiça
entre as gerações”, completou.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência
Brasil