Semana
final da COP30 começa com reunião em busca
por consenso
Participantes
de alto escalão discutem temas delicados nesta segunda
17/11/2025 – LUCIANO
NASCIMENTO – ENVIADO ESPECIAL – Belém
- A COP30 entra na semana final com a chegada de representantes
de alto escalão e expectativa de negociações
climáticas aceleradas. Cerca de 160 ministros e outros
representantes dos países se reúnem na plenária
de alto nível, nesta segunda-feira (17).
A busca é por consenso
em temas delicados como financiamento para ações
climáticas, parâmetros de adaptação
e formas de implementar e monitorar as metas de redução
de emissões de gases que causam o aquecimento global.
A plenária foi aberta
pelo vice-presidente e ministro Desenvolvimento, Indústria,
Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. As discussões
dessa semana ocorrem no âmbito político com
representantes de alto escalão, como ministros de
meio ambiente, que podem definir os acordos a serem fechados
na conferência.
“O tempo das promessas
já passou. Cada fração de grau adicional
no aquecimento global representa vidas em risco, mais desigualdade
e mais perdas para aqueles que menos contribuíram
com o problema", pontuou Alckmin, na abertura da plenária.
"Esta COP deve marcar
o início de uma década de aceleração
e entrega. O momento em que o discurso se transforma em
ação concreta, em que deixamos de debater
metas e, todos nós, passamos a cumpri-las”,
disse acrescentou.
Reprodução/Tãnia
Rêgo/ABR
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Os negociadores relatam
que registraram avanços significativos em muitos
pontos da agenda de 145 itens já acordados.
“À medida que as negociações
passam do nível técnico para o político,
as discussões se intensificam sobre adaptação,
transição justa, financiamento climático
e outras questões que exigem consenso até
o final da semana”, diz o boletim da organização
da COP.
A segunda semana começa
com foco unificador: colocar a natureza no centro da ação
climática. Isso significa fortalecer compromissos
para proteger florestas, garantir os direitos dos povos
indígenas e das comunidades locais, e expandir soluções
baseadas na natureza como pilares essenciais do progresso
global.
Dentro da agenda de discussões há expectativa
sobre a definição de indicadores de adaptação
climática. Uma lista final de até cem indicadores,
abrangendo dimensões nacionais, temáticas
e de meios de implementação, como financiamento,
capacitação e tecnologia está na mesa
de negociação.
Entre os pontos que serão
debatidos também estão os direitos e a liderança
dos povos indígenas e afrodescendentes e sobre como
a governança indígena pode fortalecer mecanismos
emergentes de financiamento climático.
Além disso, dois temas que não estavam na
órbita de discussões por não terem
obtido consenso conseguiram avançar: a elaboração
de mapas do caminho para o fim gradual dos combustíveis
fosseis e para o desmatamento zero.
A definição
sobre fontes de financiamento climático permanece
como um dos pontos críticos que precisa ser destravado.
Vários debates estão previstos para tentar
conseguir o consenso sobre as fontes de financiamento.
Um dos temas é a
implementação do Artigo 9.1 do Acordo de Paris.
O item, que não consta da Agenda de Ação,
diz que os países desenvolvidos devem prover recursos
financeiros para assistir as partes em desenvolvimento na
redução de emissões e na adaptação
climática.
Na COP29, em Baku, o valor
do financiamento climático ficou definido em US$
300 bilhões anuais, considerado muito insuficiente.
As presidências da COP30 e COP29 chegaram a formular
uma proposta para mobilizar recursos de até US$ 1,3
trilhão ao ano, mas não é certo que
compromissos nessa escala avancem nesta edição
da conferência. O volume é considerado pelos
países em desenvolvimento como necessário
para a implementação de uma agenda de mitigação
da crise emergência climática.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência
Brasil