Convenções
da ONU criadas na Eco92 buscam ações convergentes
na COP30
Além
do clima, estão na agenda a biodiversidade e deseritficação
22/11/2025 – FABÍOLA
SINIMBÚ - ENVIADA ESPECIAL – Belém -
Criada na Eco92, no Rio de Janeiro, a Convenção
do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) é o primeiro
tratado multilateral para o enfrentamento das mudanças
climáticas. A partir dele, também foram estruturadas
as convenções de biodiversidade (CDB) e desertificação
(UNCCD), que agora iniciam um trabalho de conversão
para uma agenda comum durante a 30ª Conferência
das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP30), em Belém (PA).
“Quando todos os governos
vieram para o Rio de Janeiro e as convenções
foram criadas, naquela época, todo mundo estava dizendo
que precisávamos priorizar. E a estrutura institucional
foi definida. Mas agora, toda essa fragmentação
não está nos ajudando a ser efetivos”,
diz a vice-secretária executiva da UNCCD, Andrea
Meza Murillo.
Muitos relatórios,
diferentes métricas e planos afastam as decisões
tomadas em cada Conferência das Partes ocorridas em
locais e períodos diferentes, já que as COPs
climáticas são anuais, enquanto as da Biodiversidade
e da Desertificação se alternam a cada dois
anos.
“As sinergias são mais sobre como podemos planejar
de modo integrado, entendendo que a natureza é tão
importante para o clima que você não pode enfrentar
os desafios se você não considerar o manejo
do solo e o planejamento de uso de terra”, explica
a vice-secretária executiva da Convenção
da Desertificação.
Andrea Meza explica que,
na estrutura internacional, os relatórios têm
origem em diferentes instituições, com diferentes
objetivos e métricas. O desafio de cada secretariado
que acompanha os debates nas conferências dos países
partes das convenções é fazer com que
todo esse volume resulte em ação nos territórios
com mais eficiência e integração.
“É pensarmos
juntos como podemos trabalhar com os agricultores pequenos,
por exemplo? Porque quando você está na sua
fazenda tentando fazer o seu trabalho, você não
sabe se aquele desafio é decorrente de um problema
climático ou uma degradação do solo,
você está apenas enfrentando um problema e
você precisa chegar com soluções integradas
para lidar com isso”, afirma.
Reprodução/Tãnia
Rêgo/ABR
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Na estrutura das Nações
Unidas, há um grupo de trabalho para essa convergência.
Mas, na avaliação da secretária executiva
da Convenção da Biodiversidade, Astrid Schomaker,
essa estrutura precisa passar por uma revitalização
capaz de promover capacitações e orientações
aos países de forma convergente.
“Penso que um conjunto
de orientações em relação às
implementações específicas, em áreas
como agricultura, sistema alimentar, florestas, água,
oceano; poderiam nos unir. Podemos trabalhar juntos com
negócios e finanças, deixando claro que não
somos concorrentes em recursos . Temos uma agenda e queremos
trabalhar juntos”, sugere.
Uma iniciativa que representa
essa convergência de agendas é o lançamento
de um programa de investimento em agricultura resiliente
promovido pelo secretariado da Convenção de
Desertificação, no ambiente da COP30, em Belém,
nesta quarta-feira (19). O Programa Raiz, reuniu atores
internacionais das três convenções em
torno do objetivo comum de acelerar a meta zero de desertificação.
“É um esforço
grande para que todos compreendam que solos saudáveis
são o alicerce da segurança alimentar e da
segurança hídrica. E aqui [na COP30] também,
o que estamos esperando é que esta iniciativa nos
permita trabalhar juntos, desbloquear recursos e ter esta
abordagem orientada à ação”,
conclui.
Sobre a COP 30
A COP 30 (30ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas) realizada
em 2025, na cidade de Belém, no estado do Pará,
marca a primeira vez que o evento acontece na Amazônia.
Essa conferência reúne líderes mundiais,
cientistas, ativistas e representantes da sociedade civil
para discutir e negociar ações globais voltadas
ao combate das mudanças climáticas. O encontro
é especialmente simbólico por ocorrer em uma
região que desempenha papel crucial na regulação
do clima do planeta, já que a Floresta Amazônica
é um dos maiores sumidouros de carbono do mundo.
A realização da COP 30 no Brasil representa
uma oportunidade para o país mostrar seu compromisso
com a preservação ambiental, a transição
energética e o desenvolvimento sustentável,
além de dar voz aos povos da floresta e às
comunidades locais que vivem os impactos diretos da crise
climática.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência
Brasil