Sentido 
                      ‘extra’ de bico de ave evolui há mais 
                      de 70 milhões de anos
                      Órgão 
                      pode ser fundamental na busca de alimento e na identificação 
                      de presas
                      
                      
                      
                    16/12/2020 – Uma nova 
                      pesquisa indica que um órgão permite que algumas 
                      aves detectem o movimento de presas escondidas mergulhando 
                      seus bicos no solo, e essa adaptação pode 
                      estar presente em algumas espécies há 70 milhões 
                      de anos e que a conformação pode ter surgido 
                      em seus ancestrais dinossauros.
                      
                    
                    Esses receptores sensoriais 
                      especiais de “toque remoto” são conhecidos 
                      como corpúsculos de Herbst, que estão localizados 
                      dentro de buracos densamente compactados na ponta do bico. 
                      Esse mecanismo auxilia as aves a detectarem o movimento 
                      de vermes no solo ou pequenos peixes na água, mesmo 
                      que a presa esteja a centímetros de distância 
                      do bico. De acordo com Carla du Toit, da Universidade da 
                      Cidade do Cabo, na África do Sul, e seus colegas, 
                      isso pode significar um “sexto sentido” das 
                      aves.
                      
                    
                    
                    
                    
                    Para entenderem como esse 
                      sexto sentido evoluiu, os pesquisadores estudaram os bicos 
                      de centenas de aves modernas e antigas, incluindo quatro 
                      espécies litornitídeos, um grupo extinto de 
                      aves que viveu junto com dinossauros do período Cretáceo.
                      
                    
                    Os litornitídeos 
                      compõem um dos dois grupos de aves modernas, os paleognatas, 
                      onde estão os kiwis, avestruzes e emas, aquelas espécies 
                      que não voam e o outro grupo são as aves neognatas.
                      
                    
                    Ao pesquisar as aves modernas, 
                      os cientistas identificaram diferentes padrões de 
                      corrosão no bico associados aos corpúsculos 
                      de Herbst. Depois du Toit e seus colegas encontraram esses 
                      mesmo padrões em bicos de fósseis litornitídeos, 
                      o que sugere que essas aves também tinham essas habilidades 
                      sensoriais.
                      
                      
                    
                    
                    
                    
                    Segundo os pesquisadores, 
                      a descoberta faz muito sentido, pois os corpúsculos 
                      de Herbst são encontrados tanto em paleognatas quanto 
                      em neognatas. Os dois grupos de aves estão distantes 
                      em 70 milhões de anos, o que sugere que o órgão 
                      evoluiu no ancestral comum de ambos os grupos de aves.
                      
                    
                    Para du Toit, essas estruturas 
                      sensoriais podem ter evoluído nos dinossauros. Esse 
                      recurso de “sexto sentido” pode ter sido fundamental 
                      para terópodes carnívoros como o Neovenator 
                      a encontrar presas sondando seus focinhos em poços 
                      de lama e águas turvas, explica a pesquisadora a 
                      New Scientist.
                      
                      
                    
                    
                    
                    
                    Agora os pesquisadores pretendem 
                      verificar se o órgão estava presente nos bicos 
                      de um antigo grupo de répteis alados, os pterossauros. 
                      Caso encontrem tais fosseis, isso pode significar que esses 
                      órgãos sensoriais evoluíram ainda mais 
                      cedo, antes até dos dinossauros terem evoluído. 
                      Contudo, a baixa qualidade da maioria dos fósseis 
                      deve tornar as análises mais complexas, afirma du 
                      Toit.
                      
                    
                    Criado em 2015, dentro do 
                      setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, 
                      a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas 
                      ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas 
                      científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, 
                      pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, 
                      polinização de flores, são publicadas 
                      na Darwin Society Magazine; produção e plantio 
                      de espécies vegetais, além de atividades socioambientais 
                      com crianças, jovens e adultos, sobre a importância 
                      em atuar na conservação das aves.
                      
                      
                    
                    
                    
                    
                    Da Redação, 
                      com informações da New Scientist
                      Fotos: Reprodução/
                      Referência da revista: Proceedings of the Royal Society 
                      B , DOI: 10.1098 / rspb.2020.2322