PARQUE ESTADUAL
CARLOS BOTELHO ABRIGA AS MAIORES POPULAÇÕES
DE MONO-CARVOEIRO E JACUTINGA
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Abril de 2001
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Dos aproximadamente 1.200
monos-carvoeiro existentes no Brasil, mais da metade habita
as matas do Parque Estadual Carlos Botelho. Essa espécie,
que é o maior primata das Américas, ao lado
de outras como a onça pintada, evidencia o grau
de conservação dos ecossistemas abrigados
nessa reserva da natureza. É também nesse
parque que se encontra uma das mais significativas populações
de jacutinga, ave que vive exclusivamente em matas de
serra alimentando-se, principalmente, de sementes de palmiteiros.
Um passeio no Parque Estadual Carlos Botelho propicia
o contato direto com a natureza intocada, onde sobrevive
uma fauna, cuja taxa de diversidade é uma das mais
altas no País. Já foram identificadas mais
de 220 espécies de aves, número que, segundo
as estimativas científicas, pode alcançar
os 400. Algumas espécies como o papagaio, a sabiá-cica,
o gavião-pomba e o gavião-pega-macaco, também
são indicadoras de matas bem conservadas.
Com uma área de 37.644 hectares, localizada na
região sudoeste do Estado, essa unidade de conservação
se estende pelos municípios de São Miguel
Arcanjo, Capão Bonito, Sete Barras e Tapiraí,
ocupando as porções territoriais mais altas
da Serra de Paranapiacaba, com altitudes de até
975 m acima do nível do mar, e chegando até
o Planalto de Guapiara. Morros e morretes de alta declividade
determinam a ocorrência de um grande número
de rios e cachoeiras
A criação do parque
Em 1941, a área
incrustada na Serra de Paranapiacaba foi dividida em quatro
reservas florestais denominadas Carlos Botelho, Capão
Bonito, Travessão e Sete Barras. Devido às
suas características naturais, com recursos naturais
e beleza excepcionais, as reservas foram unificadas por
meio do Decreto Estadual n° 19.499, de 10 de setembro
de 1982, dando origem ao Parque Estadual Carlos Botelho.
Junto com outras unidades de conservação
da região, o parque integra desde 1991 a Zona Núcleo
da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e, em 30
de novembro de 1999, foi reconhecido pela UNESCO como
Sítio do Patrimônio Mundial Natural.
O nome Carlos Botelho é uma homenagem ao médico
urologista que foi secretário da Agricultura, Viação
e Obras Públicas do Estado em 1904, na gestão
de Jorge Tibiriçá. Nascido em Piracicaba,
em 1855, e falecido em 1947, foi considerado o pioneiro
da
urologia no Brasil.
Os atrativos
O Parque Estadual Carlos
Botelho possui três trilhas que podem ser monitoradas,
sendo as duas principais localizadas nas proximidades
da sede, em São Miguel Arcanjo. Ao percorrê-las
é importante que se faça silêncio,
aumentando as chances de observar vários animais.
Trilha do Rio Taquaral
- Implantada no início de 1985, a trilha tem uma
extensão de 4 km, sendo a maioria dos seus visitantes
formada por estudantes, que podem fazer o percurso seguindo
as indicações das placas. Em seu percurso
podem ser observados vários estágios de
mata, começando pelos campos, passando pela mata
secundária (em processo de regeneração
após supressão) e chegando à mata
nativa.
Durante a caminhada, vários animais podem ser observados,
bem como a diversidade da flora, com suas árvores,
bromélias, orquídeas. O início da
trilha é no Posto de Fiscalização
da Polícia Florestal e termina às margens
do Rio Taquaral.
Trilha do Açude
- É a trilha que está melhor estruturada
para receber escolares e grupos, pois estar bem sinalizada.
Por ser uma trilha interpretativa, recomenda-se a visitação
com a supervisão de monitores durante o percurso.
Caminhos tortuosos, riachos e muito verde dão formam
o cenário onde se pode desvendar a riqueza da Mata
Atlântica. Aqui, o visitante pode apreciar também
trechos de mata em diversos estágios, conhecer
um projeto de pesquisa com araucárias e se encantar
com as pegadas deixadas por antas, gato-do-mato, cachorro
vinagre e outros animais nas margens do açude.
Trilha da Figueira - Localizada
no Núcleo Sete Barras, a Trilha da Figueira, com
extensão de 2 km, leva a uma figueira centenária,
que desponta majestosamente na paisagem. São necessários
vários homens para "abraçá-la",
fechando a circunferência em torno do tronco. Para
percorrer essa trilha é necessário agendamento
prévio junto ao Núcleo São Miguel
Arcanjo.
Na sede do parque, em São
Miguel Arcanjo, o visitante pode conhecer ainda o Centro
de Educação Ambiental, onde há o
Museu de Zoologia e a sala de leitura, com muitas publicações
sobre ecologia, animais e plantas. No Centro de Visitantes
"Marco Antônio dos Santos Costa", onde
há um auditório para 40 pessoas, são
exibidos vídeos ambientais.
Administração
Na última década,
os administradores de parques estão trabalhando
com um novo conceito, que é o "continuum"
ecológico, que consiste na integração
de diversas áreas onde os animais possam circular
naturalmente sem encontrar obstáculos físicos,
como cercas, por exemplo.
Essa nova forma de gestão foi implantada nos Parques
Estaduais Carlos Botelho, Intervales e Turístico
do Alto Ribeira - PETAR e outras áreas de proteção
ambiental com o objetivo de otimizar e concentrar ações
ao combate de palmiteiros, caçadores e integração
com as comunidades e campanhas eco-educativas.
Além disso, é dada ênfase a parcerias
para o desenvolvimento de projetos e empreendimentos,
como os Parques do Zizo e Taquaral (em implantação)
que, com recursos próprios, ampliam os limites
do "continuum" ecológico. O Parque Estadual
Carlos Botelho conta também com o apoio de diversas
empresas e das quatro prefeituras da região. Todas
as iniciativas desenvolvidas pela administração
dessa unidade de conservação contam com
a colaboração do Fórum de Turismo
de São Miguel Arcanjo.
Visitação
Os passeios pelas trilhas
monitoras contam com o apoio de monitores. No caso de
grupos grandes, é necessário o agendamento
prévio. A área de uso público pode
ser visitada em qualquer dia da semana. O número
médio de visitantes que participam de atividades
monitoradas é de aproximadamente 1.800 por ano.
Estima-se, no entanto, que cerca de dez mil pessoas circulam
anualmente pelo parque, sem se registrarem junto à
administração.
É efetuada a cobrança de ingressos de R$
2,00 por pessoa, no caso de excursões de escolas
ou grupos organizados.
Para chegar ao parque, deve-se seguir pela Rodovia Castelo
Branco (SP-280) ou pela Rodovia Raposo Tavares (SP-270)
até Sorocaba, e tomar a Rodovia Francisco José
Ayub (SP-264). A sede se encontra a 25 km do centro de
São Miguel Arcanjo, no Bairro da Abaitinga, pela
Rodovia SP-139.
Os contatos podem ser feitos pelo telefone 0(XX)15-9773.9278
ou no seguinte endereço postal: Parque Estadual
Carlos Botelho, Rodovia SP-139, Km 78, Caixa Postal 36,
CEP 18230-000, São Miguel Arcanjo, SP.
Fonte: SMA – Secretaria Estadual de Meio
Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Newton M. Miura