COMEÇA O PRIMEIRO CURSO SUPERIOR INDÍGENA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) Brasil
Junho de 2001

Os Cursos de Licenciatura Específicos para a Formação de Professores Indígenas, da Universidade do Mato Grosso (Unemat), terão sua aula inaugural no dia 10 de julho. Trata-se do primeiro curso superior voltado exclusivamente para a formação de índios e tem como principal desafio a interação entre o conteúdo acadêmico e sua aplicação nos cursos que lecionam.

Está prevista para 10 de julho, em Barra dos Bugres (MT), a aula inaugural dos Cursos de Licenciatura Específicos para a Formação de Professores Indígenas, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). É a primeira vez no Brasil que um curso de ensino superior é oferecido exclusivamente aos índios. O critério de admissão foi um exame vestibular, realizado em abril, do qual poderiam participar somente professores indígenas (magistrados) em serviço. Foram oferecidas 180 vagas para professores do Mato Grosso e 20 para professores de outros estados e de países latino americanos. No grupo de aprovados estão 22 professores ligados a projetos de educação do ISA, sendo 18 do Parque Indígena do Xingu (etnias 2 Ikpeng, 1 Juruna, 1 Kalapalo, 2 Kamaiurá, 5 Kayabi, 1 Kuikuro, 1 Matipu, 2 Mehinako, 2 Suyá, 1 Yudjá) e quatro de comunidades do Rio Negro (etnias 2 Baniwa, 1 Bare e 1 Tukano).

Segundo Elias Januário, diretor dos Cursos de Licenciatura, sua elaboração pela Unemat começou a ser pensada há seis anos, estimulada por uma demanda dos 35 povos indígenas existentes no Mato Grosso. Eles buscavam programas educacionais específicos e diferenciados na área da economia, saúde, educação e cidadania. Primeiramente foram montados programas de formação em nível médio (Projeto Tucum). Mas a partir de 2000 houve uma ampliação para o nível superior, com o Projeto de Cursos de Licenciatura Específicos Para a Formação de Professores Indígenas, que abrange as áreas de Ciências Matemáticas e da Natureza; Ciências Sociais; Línguas, Artes e Literatura.

A proposta explicitada no programa é que o professor formado nos Cursos de Licenciatura esteja “capacitado técnica, científica, étnica e culturalmente para desenvolver processos de reflexão, pesquisa, produção e reprodução cultural no âmbito da escola, do povo indígena e da sociedade em geral.”

Porém, apesar do pioneirismo da iniciativa, seu caráter generalizador pode representar um obstáculo aos resultados na prática. “Seria preciso conhecer o currículo e a situação pedagógica específica de cada escola indígena para que o curso garantisse aos participantes uma formação de aplicação mais direta na prática”, alerta Marta Azevedo, coordenadora do projeto de educação indígena do Programa Rio Negro do ISA e participante do Diagnóstico das Escolas Indígenas do Mato Grosso.

Tal diagnóstico é uma iniciativa articulada com a Unemat, que visa avaliar a eficiência e adequação dos cursos e escolas indígenas em campo e orientar políticas públicas. Para Marta Azevedo, os principais desafios dos professores serão implementar uma pedagogia mais aplicável à realidade de seu povo e sua escola e fazer a transposição dos conhecimentos adquiridos em aula para a atividade de ensino na aldeia.

Outra discussão relativa aos Cursos de Licenciatura é sua conexão com o modelo educacional adotado pelas escolas indígenas. Existe uma tendência em se abolir a forma de ensino tradicional dos brancos, que é por disciplinas, e instituir o ensino por temas relativos à realidade de cada povo. Esses temas abordariam conhecimentos dos índios e dos brancos. Mesmo sendo apontado como o modelo mais adequado à educação indígena, esta tendência não está consolidada no currículo dos Cursos de Licenciatura.

Apesar da complexidade envolvendo o projeto de formação indígena da Universidade do Estado de Mato Grosso, a instituição pretende ampliar sua área de atuação. Estão em fase de estudos cursos específicos na área de Direito Indígena e de Pedagogia. Elias Januário explica que existe também grande expectativa dos índios para a oferta de cursos superiores nas áreas da Economia Indígena, Administração de Recursos Naturais, Saúde e Nutrição, além de cursos abertos de Puericultura, Formação de Lideranças, Relações de Gênero, entre outros. A idéia é constituir num futuro próximo um Centro de Excelência Indígena, ou seja, uma Universidade Indígena propriamente dita.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Ricardo Barreto)

 
 
 
 

 

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