CONGRESSO DAS
COORDENAÇÕES INDÍGENAS
ELEGE COORDENADOR GERAL
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) Brasil
Junho de 2001
|
 |
O brasileiro Sebastião
Machineri, da etnia Machineri, membro da COIAB (Coordenação
das Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira) e da UNI-Acre (União Nacional dos Índios),
foi eleito por aclamação o novo coordenador
geral da COICA (Coordinadora de Organizaciones Indígenas
de la Cuenca Amazónica). Jocelyn Thérèse,
dirigente da FOAG (Federação de Organizações
Ameríndias da Guiana Francesa), foi eleito vice-coordenador.
A COICA agrupa lideranças de mais de 400 povos
indígenas reunidos em organizações
provenientes dos nove países que integram a Amazônia
(Brasil, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana,
Guiana Francesa, Suriname e Bolívia). O Congresso
representa sua autoridade máxima e é composto
por delegações de dez membros de cada país.
A cada quatro anos, os delegados se reúnem para
tomar decisões políticas e eleger o novo
Conselho Diretor.
Mudanças de estilo
Vincent Brackelaire, sociólogo
e antropólogo presente ao Congresso como observador,
aponta que um brasileiro na coordenação
geral da COICA poderia apresentar mudanças no estilo
administrativo, anteriormente a cargo de índios
amazônicos dos países andinos - o colombiano
Antônio Jacanamijoy (1995-2001), o equatoriano Valerio
Grefa (1992-95) e o peruano Evaristo Nungkuak (1988-92).
“Assumir a direção de uma das organizações
mais importantes do mundo representa uma etapa histórica
do movimento indígena no Brasil”, diz Machineri.
Ele afirma que uma das mudanças que pretende implementar
é a descentralização das informações
e eventos, de modo que as organizações nacionais
possam participar mais das discussões e decisões
da agenda internacional como membros da COICA. De modo
geral, porém, ele dará continuidade às
atividades do antigo coordenador, defendendo a posição
dos povos indígenas amazônicos em questões
como globalização e o Plano Colômbia,
o qual, a seu ver, tem prejudicado as pessoas que vivem
na região em nome do combate ao tráfico
de drogas.
Participação
assegurada
A principal atividade da
COICA, fundada em 1984, com sede em Quito, no Equador,
é assegurar a participação dos povos
indígenas amazônicos na agenda internacional.
Isso lhes garante representatividade em convênios
sobre biodiversidade, propriedade intelectual, mudanças
climáticas, no fórum permanente da ONU (Organização
das Nações Unidas) sobre questões
indígenas, e na Convenção 169 da
OIT (Organização Internacional do Trabalho),
entre outros.
No Congresso, apenas os delegados têm poder de voto
e, além da eleição do coordenador
geral e do vice, foram eleitos os novos coordenadores
de área que integram o Conselho Diretor. A participação
das mulheres em funções administrativas
da COICA também esteve em pauta. Foi consenso entre
os participantes que elas podem participar das delegações
e ocupar cargos de direção. “As regras da
COICA são independentes da tradição
de cada povo”, explica Machineri. “Porém nenhuma
cota de participação obrigatória
foi estabelecida.” Hoje, além da recém-
eleita Dioci, da OIS (Organizações Indígenas
do Suriname)como coordenadora da área de Direitos
Humanos, há apenas mais uma mulher dirigente na
organização indígena da Guiana Francesa
(FOAG), país que deverá abrigar o próximo
congresso em 2005.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa