PORQUE OS INCÊNDIOS
FLORESTAIS
NO BRASIL DESTROEM TANTO?
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) Brasil
Novembro de 2001
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Segundo o CPTEC (Centro
de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos),
localizado em Cachoeira Paulista, registrou um aumento
no número de queimadas em todo país, em
relação ao ano passado.
Só nos meses de agosto, setembro e as primeiras
semanas de outubro, o número chegou a 91.089 focos
de incêndio, cerca de 20% mais que o registrado
no mesmo período de 2000. No Estado de São
Paulo, apesar do número de focos ser menor que
em outras regiões do país, o número
registrado no mês de outubro foi o dobro do ano
passado. Foram identificados cerca de 145 focos, desde
o início do mês.
As queimadas registradas no estado são na maioria
provenientes do cultivo da cana-de-açúcar
e da limpeza de áreas de pastagens.
Vejam os equipamentos usados no combate à incêndios
em unidades de conservação e as conclusões
que especialistas tiveram sobre o problema.
Introdução
Informações
existentes a partir de 1950 em diversos órgãos
e empresas, indicam que o Serviço Florestal da
Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi o pioneiro
no Brasil no registro contínuo e sistemático
das ocorrências de incêndios em sua rede de
dezoito hortos florestais existentes no Estado de São
Paulo.
Em seguida é citada a região central do
Estado do Paraná, com epicentro no município
de Telêmaco Borba, onde vê sendo registrados,
sistematicamente, desde 1965 os incêndios ocorridos
nos plantios florestais da Companhia Klabin de Papel e
Celulose. Há o registro de um grande incêndio
ocorrido no Estado do Paraná, em 1963, um dos maiores
já registrados no mundo até hoje. No ano
de 1975 ocorreram, até julho, 154 incêndios
em todo o Estado, sendo 84 ocorrências no interior
e o restante na região metropolitana.
No Estado de Minas Gerais, os registros sistemáticos
sobre incêndios foram iniciados em 1985 em áreas
reflorestadas com eucaliptos pela empresa Cenibra Florestal,
distribuídas por 33 municípios da região
do Vale do Rio Doce. Também no Instituto Florestal
do Estado de São Paulo, o registro contínuo
e sistemático dos incêndios nas unidades
da instituição passou a ser efetuado a partir
de 1985.
Até 1984 não existiam no Brasil estatísticas
globais sobre ocorrências de incêndios florestais.
Apenas dados esparsos e localizados podem ser obtidos.
Contudo, é necessário conhecer-se onde,
quando e porque ocorrem os incêndios, as suas principais
causas e também os fatores de condicionamento,
para que, conhecendo-se o comportamento do fogo, seja
possível colocar em prática um plano eficiente
de prevenção e controle dos incêndios
florestais.
Como analisar um incêndio
florestal
Os incêndios florestais
podem ser analisados a partir dos seguintes parâmetros:
· Interdependência
entre área total queimada e tempo de duração
do incêndio;
· Interdependência entre área total
queimada e tempo decorrido entre a detecção
até o início do ataque;
· Interdependência entre área total
queimada e número de pessoas empregadas no combate
direto;
· Associação entre duração
do fogo e tempo decorrido até o início do
ataque;
· Associação entre duração
do fogo e número de combatentes;
· Distribuição espacial dos incêndios
segundo os meses de ocorrência;
· Distribuição das ocorrências
em função do horário de início
do fogo;
· Distribuição dos incêndios
consoante os tipos de vegetação atingidos;
· Unidades administrativas atingidas;
· Avaliação das causas ou agentes
dos incêndios em vegetação;
· Ferramentas e equipamentos de combate, e técnicas
de combate ao fogo.
Três dicas essenciais
para a redução de incêndios florestais
Como fatores que podem
contribuir para a redução das causas de
incêndios florestais podem citar:
· Incrementar atividades
de educação ambiental em comunidades situadas
no entorno dos parques, reservas, estações
ecológicas e outras unidades de conservação,
procurando-se atingir amplas faixas etárias da
população e não apenas crianças
e adolescentes;
· Conscientizar a população sobre
a importância das unidades de preservação,
por meio de cartazes, folhetos, palestras, dias de campo
e nos meios de comunicação de massa;
· Adoção de práticas coercitivas
e punitivas aplicáveis a pessoas que efetuem queimadas
em épocas críticas de perigo de fogo, sem
comunicação aos vizinhos ou aos órgãos
fiscalizadores.
Ferramentas e equipamentos
de combate
As ferramentas e equipamentos
utilizados no combate e controle dos incêndios florestais,
incluindo os de proteção individual, são
apresentados na seguinte tabela:
Equipamentos |
Número
de ocorrências |
Capacete |
1 |
Máscara de gases |
1 |
Óculos segurança |
1 |
Abafador |
1 |
Bomba costal |
1 |
Caminhão-pipa |
2 |
Pá |
2 |
Enxadão |
2 |
Enxada |
10 |
Facão |
11 |
Ramos |
15 |
Foice |
16 |
Quanto ao número
total de ocorrências, os aparatos mais utilizados
foram: foice (em 88,9% dos casos estudados), ramos de
arbustos e árvores (83,4%) facão (61,2%)
e enxada (55,6%). Tais resultados indicam condições
de primitivismo em termos de técnicas de controle
e precariedade em equipamentos de combate ao fogo empregadas
nas unidades de conservação.
Em menores proporções são assinados:
caminhão-pipa, pá e enxadão, em 11,2%
do total das ocorrências registradas. Abafadores
e bombas costais foram empregados em 5,6% dos eventos.
Utilização de equipamentos de proteção
individual, como capacete, máscara contra gases
e óculos de segurança, são assinados
em apenas 5,6% dos casos.
Tecnicamente, o equipamento empregado deve ser em função
do comportamento do fogo, que varia com o tipo de vegetação,
o acesso à área e as condições
do clima, principalmente da intensidade dos ventos e também
das condições do meio físico. Equipamento
de proteção individual deve ser usado sempre.
Além, da não aquisição de
novos equipamentos e ferramentas, considerando-se o sucateamento
da frota de máquinas agrícolas existentes,
em sua maioria permanecendo em operação
após o término da vida útil. A redução
de pessoal é também uma das grandes causas
pela falta de sucesso na maioria dos incêndios.
Esse panorama evidencia a importância da adoção
de medidas preventivas de controle do fogo, tecnicamente
planejadas e executadas. Tais medidas poderiam ser baseadas
nos seguintes pontos:
· Aceiramento completo
da unidade, com largura de 30 metros para os aceiros externos
e 15 metros para os internos, submetidos à manutenção
anual;
· Planejamento, construção e manutenção
da rede viária florestal;
· Vigilância e fiscalização
das áreas durante todo o ano e em especial no período
de ocorrência de incêndios florestais, utilizando
veículos leves, motocicletas e cavalos;
· Construção de torres de observação
nas unidades administrativas;
· Aparelhamento das unidades com pequenas estações
meteorológicas, com psicrômetro, pluviógrafo
e anemógrafo, para determinação diária
do índice FMA;
· Introdução de placas de advertência
nos acessos à dependência informando o estado
diário do índice de inflamabilidade, tal
como ocorre nas empresas florestais;
· Treinamento de pessoal para o cálculo
do índice de periculosidade e quanto às
técnicas de combate ao fogo;
· Comunicação às comunidades
sobre o período de alerta aos incêndios;
· Constituição de brigadas de incêndio;
· Aparelhamento e manutenção mecânica
periódica de frota de máquinas e equipamentos
para combate ao fogo.
Técnicas de combate
ao fogo
Avaliando-se as ferramentas
e equipamentos utilizados na pesquisa e a função
laboral específica de cada, as técnicas
de combate aos incêndios no período em questão,
foram:
· Eliminação do material combustível,
em 65% dos casos;
· Eliminação do comburente, em 30%
dos eventos;
· Arrefecimento do material combustível,
em 5% das ocorrências.
Tais resultados devem-se,
supostamente, à falta de equipamentos específicos,
tais sejam caminhões-tanque com bomba para adução
e recalque, tratores de esteiras com lâmina dianteira,
motoniveladoras, pás carregadoras, carretas de
transporte pesado, aeronaves para sobrevôo e aplicação
de retardantes químicos de fogo, conjuntos transmissores-receptores
fixos e móveis, tratores de pneus com carreta-tanque,
arados e grades de discos, ônibus, caminhões,
veículos leves, conjuntos de ferramentas-padrão,
equipamentos de proteção individual e outros,
diferentemente dos equipamentos empregados no combate
ao incêndio no caso estudado.
Está lista é bem extensa e provavelmente
com um alto custo para o governo e as instituições
responsáveis por esta questão, porém,
a pergunta a se fazer seria: "Quanto vale uma unidade
de conservação? Quanto valeria o Parque
Estadual da Serra do Mar ou então o Parque Nacional
da Chapada dos Veadeiros, seria possível calcular
esse valor?"
Fonte: Instituto
Florestal
Assessoria de imprensa