PARTICIPANTES
DO WORKSHOP SOBRE CONSUMO SUSTENTÁVEL REFORÇAM
NECESSIDADE DE FORTALECER PRÁTICAS AMBIENTALMENTE
SAUDÁVEIS
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Dezembro de 2001
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"O mundo tem recursos
suficientes para todos, mas não para a gula de
todos". A frase de Mahatma Gandhi, reflete a preocupação
dos participantes do Workshop sobre Consumo Sustentável
na América Latina e Caribe. O evento realizado
pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e organizado
por instituições ligadas ao PNUMA/Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
foi marcado pela busca de propostas para uma política
de produção e consumo ambientalmente saudável.
Para isso, nos dois dias do evento os participantes discutiram
propostas a serem implementadas para viabilizar e consolidar
as formas de produção e consumo que preservem
os recursos naturais e revertam o processo de degradação
ambiental, sem com isso inviabilizar o desenvolvimento
econômico e social dos países mais pobres.
Entre os palestrantes, destacaram-se o representante da
Faculdade de Educação Ambiental do SENAC,
Eduardo Ehlers, que falou sobre os "Benefícios
ecológicos e sociais da agricultura sustentável".
Em sua palestra Ehlers lembrou que o surgimento dos alimentos
geneticamente modificados e de doenças como o mal
da "vaca louca" contribuiram para a ampliação
do consumo de alimentos orgânicos. As taxas de crescimento
ao ano do consumo destes produtos é da ordem de
20% no Brasil e de mais de 30% no mundo. "Mesmo assim,
a comercialização ainda é irrisória,
não ultrapassando de 1% dos produtos in natura
consumidos nos grandes centros".
Ehlers destacou as vantagens da agricultura orgânica
em relação aos sistemas convencionais de
produção e o seu papel estratégico
no fortalecimento da agricultura familiar, que aumenta
a geração de oportunidades de trabalho no
meio rural. Na sua opinião, "a agricultura
orgânica é um dos ingredientes essenciais
na diversificação das atividades econômicas
no meio rural brasileiro".
A representante da Tribuna Equatoriana de Consumidores
e Usuários, Maria José Troya, dirigiu sua
palestra para a questão do "Ensino básico
e o consumo sustentável". Segundo ela, o movimento
do qual faz parte defende que "os consumidores têm
direito a um meio ambiente saudável, mas também
a responsabilidade de assegurar que as atividades humanas
não deteriorem o meio ambiente, garantindo a preservação
dos recursos naturais necessários para as presentes
e futuras gerações".
Para isso, a ONG que representa vem desenvolvendo projetos
que incorporem a educação do consumidor
no currículo básico do sistema educativo.
Haroldo Mattos de Lemos, ex-presidente da FEEMA, agência
ambiental do Estado do Rio de Janeiro e que agora atua
no Instituto Brasil, falou sobre o "Desenvolvimento
Sustentável: Produção e Consumo Sustentáveis",
afirmando que entre os desafios para alcançar o
desenvolvimento sustentável estão a necessidade
de garantir a disponibilidade dos recursos naturais necessários
para a produção de bens e serviços;
não ultrapassar os limites da biosfera para assimilar
resíduos e poluição gerados durante
a sua produção e reduzir ou eliminar a pobreza
mundial.
"A grande controvérsia é se as mudanças
tecnológicas, como a biotecnologia e as tecnologias
mais limpas, poderão garantir a sustentabilidade
da biosfera ou se serão necessárias mudanças
mais profundas, como a redução de consumo
nos países industrializados".
Isto porque, hoje, 25% da população mundial
consome cerca de 75% de toda a energia primária
produzida, 75% dos metais extraídos da crosta terrestre
e mais de 50% dos alimentos produzidos no mundo.
Um dado surpreendente, nesse sentido, foi apresentado
pelo diretor de Relações Corporativas da
AmBev, Milton Seligman, convidado para falar da experiência
da maior produtora de cervejas e refrigerantes da América
Latina. Segundo ele, no Brasil para cada litro de cerveja
produzido são gastos em média 12 litros
de água. Seligman alega, porém, que com
o implemento de novas práticas e tecnologias mais
avançadas, a AmBev reduziu este consumo para 5,9
litros de água por litro de cerveja produzido e
que a meta é atingir 4,2 litros.
Para a presidente da Full Jazz, agência de , Christina
Carvalho Pinto, convidada para falar sobre o papel do
marketing e da comunicação, "O Terceiro
Milênio começou estimulando uma obrigatória
reflexão sobre a contínua interferência
de nossa atuação individual e coletiva sobre
a sociedade em que vivemos". Ela acredita que a força
da mídia provoca um novo modo de pensar sobre a
missão dos profissionais envolvidos com processos
de marketing e comunicação. Por isso, a
publicitária concluiu sua participação
afirmando: "A missão hoje é muito mais
ampla do que construir marcas: é construir, através
da força das marcas, pessoas melhores e mais felizes".
Fonte: SMA – Secretaria Estadual de
Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Reportagem: Eli Serenza