MULHERES INDÍGENAS RIONEGRINAS REALIZAM
SEU PRIMEIRO ENCONTRO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Janeiro de 2002

Pela primeira vez, mulheres indígenas da região do Rio Negro se reúnem para discutir problemas que enfrentam na produção e comercialização de seus produtos tanto artesanais quanto da roça.

No fim de semana de 26 e 27/01, representantes de quatro associações femininas e mulheres representando as associações de base da região se reuniram para debater questões relacionadas à produção e comercialização do excedente da roça e dos produtos de arte feitos em tucum e outras fibras, piaçava e cerâmica.

O encontro foi organizado pela Foirn (Federação das Organizações Indígenas no Rio Negro) e seu objetivo principal é fortalecer a atuação, o trabalho e a organização das mulheres, com a criação de departamento específico. Aliás, esse departamento também esteve na pauta deste Primeiro Encontro. Os projetos “ Educação no Rio Negro” e “Capacitação de Parceiros Locais”, do ISA, assessoraram o evento.

O encontro contou com a participação de 52 mulheres de 10 etnias, além de 15 lideranças masculinas que vieram prestigiar, traduzir ou apresentar o relato de experiências do trabalho feminino, já que algumas mulheres, por falta de costume e experiência em encontros assim são tímidas para falar em público, sobretudo em língua portuguesa.

As principais dificuldades listadas por elas, que atrapalham a organização e o fortalecimento de suas atividades, quase sempre relacionadas com atividades produtivas - na roça ou no artesanato - foram: falta de união, infra-estrutura precária ou inexistente de uma sede ou local para cada associação trabalhar, falta de transporte para escoar a produção ou para se reunirem com outras lideranças femininas, não saber como agir no planejamento de suas atividades, timidez, falta de comunicação, fofoca, falta de divulgação de seus trabalhos e inexistência de canais para a comercialização dos produtos.

Na busca de soluções para esses problemas, as conversas durante o encontro abordaram os caminhos necessários para superar os impasses por elas apontados. Neste sentido discutiu-se um roteiro para auxiliar a organização do trabalho das mulheres nas comunidades. Tal roteiro destaca aspectos que diferenciam o trabalho da mulher indígena, de forma a ajudá-las a compreender o valor cultural agregado aos seus trabalhos.
O que reivindicam as mulheres
•Produtos da roça que chegam deteriorados nos centros urbanos da região do Rio Negro por causa das distâncias e falta de transporte eficiente;
•Valorização de produtos industrializados em detrimento da produção local;
•Falta de lugar para depositar seus produtos quando chegam das comunidades, enquanto procuram o melhor comprador etc,. Estes, aliás, são problemas comuns a todas as comunidades.
As alternativas propostas
• Mudança nas políticas públicas locais. Por exemplo, a Secretaria de Educação, poderia comprar a produção agrícola local para utilizar na merenda escolar;
•Que as prefeituras cedam um local para depositarem seus produtos e criem uma feira para escoamento da produção indígena;
•Que instituições como o Exército comprem produtos da roça para abastecer os quartéis espalhados na região;
•Que as ONGs e demais instituições que atuam na área organizem seus eventos fornecendo lanches, feitos com produtos da roças indígenas.
•A revitalização de uma pequena indústria de processamento de frutas, seria outra alternativa.
Plano de negócios

O presidente da Oibi (Organização Indígena da Bacia do Içana), André Baniwa, relatou a experiência realizada com o projeto Arte Baniwa de comercialização de cestos em grandes centros urbanos no Brasil. A experiência, solidificada por um Plano de Negócios, foi explicada passo-a-passo para as mulheres presentes ao encontro. O objetivo do relato foi ilustrar a complexidade e o tempo envolvidos na organização de um trabalho que tem como perspectiva agregar valor cultural a produtos indígenas. Estão envolvidos nessa trajetória questões como um levantamento inicial da história e mitos relacionados com o produto, a matéria-prima envolvida, a sabedoria de mestres artesãos para sua confecção, a elaboração de catálogos, amostras, prospecção de mercado, ajuste de preços, definição de escala de produção etc. A partir desse relato, as mulheres observaram que enfrentam outro impasse a ser superado: o tempo gasto na organização de um trabalho associativo demanda maior rigor na divisão do seu tempo de trabalho, já que, de maneira geral, elas são muito importantes no trabalho doméstico. O encontro destacou o relevante papel feminino na união da família, a solidariedade no trabalho e a força de vontade para trabalhar com união.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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