A BUSCA POR LIBERDADE DOS TENETEHARA
RETRATADA EM LIVRO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2002

O antropólogo Mércio Pereira Gomes lançou, em 11 de março, a obra O Índio na História - O Povo Tenetehara em Busca da Liberdade, resultado de uma extensa pesquisa sobre o povo indígena que na década de 40 foi predestinado à extinção por estudiosos. Ao contrário das previsões, registram ascensão demográfica desde os anos 70 e, hoje, somam mais de 14 mil pessoas.

"Esse livro é uma produção de mais de 25 anos de trabalho", explica Mércio Pereira Gomes, autor de O Índio na História - O Povo Tenetehara em Busca da Liberdade, publicado pela Editora Vozes (Petrópolis, RJ) e lançado na Bienal do Livro de Petrópolis em 11 de março. A extensa pesquisa sobre os Tenetehara teve início em 1975, quando Gomes começou seu doutorado sobre esse povo indígena do Maranhão, predestinado por estudiosos à extinção em 1942, para diluir-se em meio à população cabocla em uma ou duas gerações. Além de viagens de campo, seu estudo incluiu detalhadas pesquisas em arquivos de Portugal, Rio de Janeiro e Maranhão e visitas anuais aos Tenetehara até 1999.

Os Tenetehara, que hoje possuem 860 mil hectares de terras demarcadas, sentem-se injustiçados pelo povo brasileiro. Não é para menos. Contatados inicialmente por uma expedição exploradora francesa em torno de 1615, foram assolados por expedições portuguesas escravagistas, tornaram-se serviçais e dependentes de missões jesuítas e, posteriormente, foram integrados a sistemas regionais de patronagem.
Nas 632 páginas de O Índio na História - O Povo Tenetehara em Busca da Liberdade, divididas em 17 capítulos, Mércio Gomes busca retratar o desejo de liberdade que move os índios, além da luta pela sobrevivência.

Novos caminhos

O antropólogo Carlos de Araújo Moreira Neto, ex-diretor do Museu do Índio, autor de Índios da Amazônia: de maioria a minoria e responsável pelo texto de apresentação e contracapa do livro, afirma que a publicação abre novos caminhos para a antropologia brasileira. "Aqui, homens e mulheres não são apenas papéis, categorias e representações, mas seres que buscam um sentido para si. Coletivamente, como cultura, buscam sempre a liberdade para serem o que são e o que desejam ser", escreveu Moreira Neto.
Na obra são tratados assuntos como a política indigenista na época colonial e imperial, o papel do extinto Serviço de Proteção aos Índios (SPI), a relação entre os Tenetehara e a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a demarcação de terras indígenas. "Os capítulos sobre o período colonial e a influência dos jesuítas são magistrais, não somente pela informação analisada, mas pelo significado que o autor atribui aos processos econômicos e sociais em relação aos índios. Gomes chega a sugerir que a formação da massa rural brasileira é produto do relacionamento socioeconômico prevalecente entre colonos brancos e índios, especialmente índios livres ou em condições de semi-servidão - não de escravidão -, e menos entre brancos e escravos negros".

Rebelião, demografia e economia

A Rebelião do Alto Alegre, considerada uma das maiores rebeliões indígenas da história brasileira, também é destacada na obra. No conflito, ocorrido em 1901, cerca de 200 pessoas foram mortas pelos índios, que queriam expulsar os brancos de sua região. Ainda receberam espaço especial no livro um traçado da demografia dos Tenetehara desde 1600 e as particularidades de sua economia, o que, de acordo o autor, é uma novidade na historiografia brasileira.

De 12 mil em 1870, passaram a 3,2 mil em 1953, a 4,9 mil em 1975 e hoje totalizam mais de 14 mil pessoas. De acordo com Gomes, a mudança da redução populacional dos índios se deve, principalmente, ao desenvolvimento de resistência imunológica, aos programas de vacinação e à força obtida pelos movimentos indigenistas nos últimos anos, com maior respaldo da sociedade brasileira.

Mércio Gomes, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) entre 1978 e 1991 e da Universidade Federal Fluminense (UFF) desde 1997, é autor, entre outros de Os Índios e o Brasil, livro em que aborda a reversão da curva demográfica descendente dos índios brasileiros, lançado em 1988 no Brasil e traduzido para o inglês em 2000.
O Índio na História - O Povo Tenetehara em Busca da Liberdade encontra-se à venda nas grandes livrarias do país.

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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