Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2002
O circo está armado. O
cerco às terras indígenas também.
As mineradoras estão com o time à
beira do campo, aguardando o apito do projeto Jucá.
O técnico das mineradoras, conhece o campo
e seus adversários. Afinal de contas foi
ele o treinador presidente de seus atuais algozes
quando esteve à frente da Funai de maio de
1986 a setembro de 1987. Como 14º presidente
da Funai jogou como ponta de lança das madeireiras
e mineradoras. Naquele momento concedeu inúmeras
autorizações irregulares de extração
de madeira nas terras indígenas, especialmente
em Rondônia. Foi também naquele tempo
que as mineradoras tentaram fazer o seu gol de placa.
Era o momento Constituinte. Quem não se lembra
da sórdida trama das mineradoras que tentaram,
já naquele momento, conseguir a abertura
das terras indígenas à sua voracidade
selvagem, promovendo uma das maiores campanhas já
feitas contra os direitos indígenas, que
resultou na CPI contra o Cimi, em agosto de 1987?
Lembram quem era o presidente da Funai neste momento?
Nada menos que o atual senador e vice líder
do governo FHC, Romero Jucá. Fez um trabalho
anti-indígena tão brilhante que recebeu
como recompensa o governo do então Território
de Roraima.
Mas o jogo continuou. As mineradoras que já
haviam loteado entre si a maioria das terras indígenas
em que existem minérios, continuaram à
beira do campo, aguardando o apito para a iniciar
a devastação. Tiveram em Romero Jucá
seu grande articulador, no qual depositaram suas
fichas. Em 1996, já como senador, ele entrou
com um projeto de lei para regulamentar a mineração
em terras indígenas. Ele passou fácil
pelos primeiros obstáculos. Porém,
não encontrou a mesma facilidade na Câmara,
onde neste momento de copa, a estratégia
é emplacar o gol. É jogo pesado. São
milhões e milhões de dólares
de um lado e milhares de vidas indígenas
de outro. Colocaram a bola (projeto Jucá/FHC)
na marca de pênalti. Tiveram que tirar algumas
barreiras antes, inclusive o presidente da Funai,
Glênio Alvarez, que se posicionou contra a
aprovação do projeto.
Mas ainda é possível reverter esse
jogo. Não é suficiente ser torcedor
aliado dos povos indígenas. É preciso
entrar em campo antes que tantas vidas sejam rifadas,
divisas do país perdidas e a destruição
e morte autorizadas.
As mineradoras são poderosas. Elas bancaram
muitos parlamentares e contribuíram para
eleger executivos em diversos níveis. Não
deixemos que sejam novamente os povos indígenas
rifados neste mar de corrupção eleitoral.
Que a taça da copa não seja manchada
com sangue. Que o tempo de alegria não se
transforme em ameaças a tantas vidas!
Fonte: CIMI – Conselho Indigenista
Missionário (www.cimi.org.br)
Egon D. Heck é secretário executivo do
CIMI
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