MADEIREIROS PROVAM QUE PORTO DE MOZ É UMA TERRA SEM LEI

Panorama Ambiental
Porto de Moz (PA) – Brasil
Setembro de 2002

Jornalistas, ribeirinhos e ativistas do Greenpeace são agredidos por madeireiros instigados por prefeito

Uma jornalista da Rede Record de Televisão foi agredida ontem à tarde em Porto de Moz, juntamente com ativistas do Greenpeace, que a acompanhavam até o aeroporto desta cidade madeireira do Pará. A repórter havia gravado imagens para um programa especial sobre a vida das comunidades ribeirinhas no Rio Jaraucu, que enfrentam a invasão de madeireiros em suas terras tradicionais (1). Instigados pelo prefeito de Porto de Moz, Gerson Campos (PSDB), dono de duas serrarias, uma multidão cercou o grupo no aeroporto para impedir que as imagens da repórter fossem levadas para São Paulo. A repórter e os ativistas do Greenpeace foram retirados do local em uma Kombi da Polícia Militar, mas o veículo foi cercado, o grupo, agredido e a repórter teve todas as suas fitas de vídeo destruídas.

Greenpeace
"Esta é uma terra sem lei. É vergonhoso que a ausência do Estado permita que representantes do poder público, como o Prefeito de Porto de Moz, se comportem como algozes da população que deveriam proteger", disse Paulo Adário, coordenador da campanha Amazônia, do Greenpeace. "As comunidades desta região estão sujeitas à força e à intimidação por lutar contra a destruição de suas terras, um dos últimos remanescentes florestais razoavelmente intocados nesta parte da Amazônia. O pior é que jornalistas que aqui vêm para mostrar a luta desigual das comunidades são agredidos e expulsos. Sem imprensa livre, só vai sobrar aqui a violência, a impunidade e a destruição".

Seis policiais militares escoltaram o grupo até o porto da cidade, de onde eles foram devolvidos ao barco do Greenpeace (2). A organização ambientalista estava na região a convite de dezenas de comunidades locais que bloquearam o rio Jaraucu desde o dia 19, em protesto contra a exploração criminosa de madeira em suas terras. Os comunitários pretendem criar uma reserva extrativista a "Verde para Sempre" como forma de garantir o desenvolvimento sustentável da região. O protesto foi encerrado ontem por falta de segurança às comunidades locais.

No segundo dia do protesto (20/09), uma balsa contendo 113 toras de madeira ilegal foi retida pelo bloqueio do rio determinado pelos moradores da área. A carga era transportada por André Campos, irmão do prefeito de Porto de Moz. Depois de tensa negociação, o madeireiro concordou com a exigência dos comunitários e parou a balsa às margens do rio bloqueado. De madrugada, ele soltou as amarras da balsa e avançou em direção aos pequenos barcos que fechavam o rio de lado a lado. Um inflável do Greenpeace conseguiu reter a balsa por tempo suficiente para que cinco barcos de ribeirinhos que participavam do bloqueio saíssem da frente. Com facas de cozinha, mulheres cortaram as cordas que prendiam seus barcos ao cabo de aco que fechava o rio. Oitenta e seis pessoas, a maioria crianças, mulheres e idosos que estavam nos barcos, escaparam de ser seriamente feridas ou mortas. Irritados com a ruptura do acordo pelo madeireiro, os ribeirinhos ocuparam a balsa e o barco que a empurrava rio abaixo. A tripulação da balsa reagiu violentamente e uma briga entre madeireiros e comunitários resultou em três feridos leves. O Greenpeace divulgou nota lamentando a violência.

"Se não fosse o Greenpeace, a gente teria morrido. Quando a gente começou a gritar por socorro, o Greenpeace colocou seus próprios equipamentos contra àquela imensa balsa cheia de toras para salvar nossas vidas", disse Letrizia Duarte, da comunidade São Sebastião de Jussara.

Um pequeno contingente da Polícia Militar de Altamira (PA) foi ao local e esperou a chegada de dois agentes do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que apreenderam e multaram o carregamento de madeira ilegal. Líderes comunitários acompanharam a Polícia Militar, num barco do Greenpeace, que apreendeu rio acima uma segunda balsa transportando 90 toras de madeira sem documentação. O Ibama constatou que a balsa e a madeira também pertenciam à família Campos. O irmão do prefeito de Porto de Moz, André Campos, foi multado em um total de R$ 196.291,00 e o equipamento foi apreendido.

(1) No dia 19 de setembro, cerca de 400 comunitários tradicionais da Amazônia Brasileira bloquearam o Rio Jaraucu, em Porto de Moz, no Pará, para protestar contra a destruição da floresta e pedir a criação da Reserva Extrativista Verde Para Sempre. O Rio Jaraucu é o principal meio para transporte de madeira ilegal na região. Os manifestantes estenderam uma faixa de 17 metros com a mensagem "Chega de Destruição" e fecharam o rio de 100 metros de largura com mais de 40 barcos. O Greenpeace, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e outros movimentos de base se uniram ao protesto para apoiar a luta das comunidades pela proteção da sua terra, freqüentemente invadida por madeireiros.

(2) O barco do Greenpeace, tendo à bordo toda sua tripulação e as duas equipes de reportagem que acompanharam o protesto, só deixou o Rio Jaraucu depois que todos os pequenos barcos partiram para suas comunidades em segurança. A tripulação e os jornalistas estão bem.

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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