RIO+10: DOW QUÍMICA E SEUS ABUSOS
DEPOIS DE BHOPAL, AGORA É A VEZ DA ÁFRICA

Panorama Ambiental
Johannesburgo - África do Sul
Setembro de 2002

Greenpeace protesta contra mais um crime cometido pela multinacional norte-americana; ironicamente, o presidente da empresa responsável pelo desastre químico de Bhopal é encontrado em mansão

O presidente Fernando Henrique Cardoso, apresentou na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a proposta.

O Greenpeace trouxe à tona, hoje pela manhã, mais um abuso cometido pelo maior criminoso corporativo - a Dow Química - na África do Sul (1). Enquanto isso, nos Estados Unidos, a organização ambientalista pediu a prisão e extradição do fugitivo internacional responsável pelo crime corporativo de Bhopal, Warren Anderson, localizado por um jornal britânico e pelo Greenpeace.

No protesto realizado contra a Dow, aproximadamente 40 ativistas de 15 países diferentes isolaram um duto que despejava lixo tóxico a partir de uma unidade da empresa na África do Sul. A intenção era lembrar aos delegados e chefes de Estado reunidos em Joanesburgo para a Rio+10 que criminosos corporativos devem ser punidos. O protesto foi realizado conjuntamente com representantes locais dos grupos GroundWork, Corpwatch, a 15km de Joanesburgo, e com a Campanha Nacional pela Justiça em Bhopal. Ativistas também realizaram uma manifestação pacífica em Chloorkop, Midrand, na qual estenderam uma faixa com os dizeres "Dow: não repita Bhopal. Limpe a África agora!".

Investigações e análises feitas pelo Greenpeace indicaram que a unidade da Dow Agro-Sciences na África do Sul tem lançado substâncias químicas cancerígenas e tóxicas no meio ambiente pelo menos desde 1997, quando a multinacional americana tornou-se proprietária da fábrica.

"As atividades desta empresa na África do Sul confirmam que a Dow é, realmente, uma empresa criminosa em âmbito global. O enorme abuso do meio ambiente cometido pela Dow neste país é consistente com o comportamento ilegal e imoral apresentado outras vezes, que vai desde a produção de venenos até a exploração de legislações ambientais inadequadas em países em desenvolvimento", disse Marcelo Furtado, coordenador da campanha contra substâncias tóxicas do Greenpeace na América Latina.

A ficha criminal da Dow é longa e inclui o desastre de Bhopal, na Índia, em 1984. Considerado o pior desastre químico do mundo, o vazamento de gás letal resultou em mais de 20.000 vítimas e causou diversos problemas crônicos de saúde em mais de 150.000 pessoas. À época do desastre, a fábrica pertencia à Union Carbide e seu presidente era Warren Anderson. Em 2001, a Dow Química uniu-se à Union Carbide, mas recusa-se, desde então, a assumir a responsabilidade de Bhopal, herdada com a fusão.

Em maio deste ano, o governo indiano iniciou, estranhamente, um processo de abrandamento das acusações contra Anderson. Ontem, a corte de Bhopal rejeitou a iniciativa do governo da Índia e manteve as antigas acusações. A decisão foi muito bem recebida por todos aqueles que buscam a justiça para esse caso.

O antigo CEO da Union Carbide, que está foragido desde a explosão da fábrica de sua empresa em Bhopal (Índia) em 1984, foi localizado vivendo uma vida de luxos numa mansão no estado de Nova Iorque. O Greenpeace visitou a residência norte-americana de Anderson e entregou ao criminoso um simbólico mandado de prisão. Ele é acusado de homicídio culposo e tem uma ordem de extradição decretada há onze anos.

Anderson nunca compareceu aos tribunais pelas acusações decorrentes dos crimes cometidos em Bhopal e sequer explicou porquê sua empresa as medidas de segurança adotadas na Índia eram diferentes - e mais precárias - do que aquelas adotadas na fábrica da Union Carbide em South Charleston, no estado de West Virginia (EUA).

Pedindo que ambos os governos ajam rapidamente, Ganesh Nochur, coordenador de campanhas do Greenpeace na Índia disse que "agora que o endereço de Anderson já foi encontrado, a Índia deve imediatamente pedir sua prisão e extradição com base nas acusações de homicídio culposo. Além disso, o Greenpeace pede que os Estados Unidos aceitem o pedido indiano, honrando assim o acordo de extradição feito entre os países. Anderson e todo o restante da Union Carbide, agora Dow Química, devem assumir a responsabilidade pelos crimes de Bhopal".

"Já que os delegados estão reunidos na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo, esperamos que aproveitem a oportunidade para discutir e priorizar o tópico que fala de responsabilidade corporativa. Uma legislação internacional deve ser estabelecida para fazer com que empresas e seus executivos sejam responsabilizados criminal e financeiramente por terrorismo ambiental. Não podemos admitir que existam outros casos como o de Bhopal", concluiu Ganesh.

Nota

A empresa Dow Química é a maior indústria química do mundo, com vendas anuais que ultrapassam os US$ 30 bilhões. Como o maior produtor mundial de cloro - componente essencial para a produção de dioxina, que é uma substância química altamente tóxica e cancerígena -, a Dow é, sem dúvida, a maior root source de dioxina do planeta. Além disso, através de sua subsidiária Dow AgroSciences, a Dow é uma das maiores produtoras de inseticidas (Dursban), herbicidas (Clincher) e fungicidas, e já produziu alguns dos pesticidas mais perigosos para os seres humanos, incluindo o DDT, o Dursban e o 2,4,5-T, que é o ingrediente ativo do Agente Laranja. Por fim, a Dow tem, recentemente, aumentado seus investimentos em organismos geneticamente modificados que possam suportar altas dosagens de seus pesticidas.

Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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