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MINISTÉRIO
PÚBLICO COBRA DO ITAMARATY PROVIDÊNCIAS
SOBRE AMOSTRAS DE SANGUE DOS YANOMAMI ARMAZENADAS
EM LABORATÓRIOS NOS EUA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2003
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A Subprocuradora-geral
da República e Coordenadora da 6ª Câmara
de Coordenação e Revisão (Comunidades
Indígenas e Minorias) do Ministério
Público Federal, Dra. Ela Wiecko de Castilho,
cobrou da Divisão de Direitos Humanos do
Ministério das Relações Exteriores,
através de Oficio de 5 de Agosto, providências
no sentido de apurar a existência de amostras
de sangue e de DNA Yanomami em laboratórios
de pelo menos quatro instituições
norte-americanas: Universidade Estadual da Pensilvânia,
Universidade de Michigan, Universidade de Emory
e Instituto Nacional do Câncer - Instituto
Nacional de Saúde.
A Subprocuradora quer ainda que o Governo brasileiro
contrate um advogado para obter o repatriamento
dessas amostras e de todo o material genético
a elas associado, visando atender reivindicação
dos Yanomami transmitida a Procuradoria pelo líder
e xamã Yanomami Davi Kopenawa . Além
disso, o Ofício pede que seja verificada
a possibilidade de o Governo norte-americano ou
as instituições depositárias
serem acionados juridicamente a fim de garantir
indenização, por danos morais, às
comunidades Yanomami do Brasil, autoras da queixa.
No documento enviado à Divisão de
Direitos Humanos do Itamaraty a Subprocuradora cobra
um posicionamento do Ministério, lembrando
que, em março último, já fizera
a mesma solicitação, sem que tenha
obtido qualquer resposta.
O sangue dos Yanomami foi coletado no Brasil, no
fim dos anos sessenta, sem que tenha sido obtido
adequadamente o seu consentimento informado. Entre
as comunidades submetidas à coleta de sangue
em troca de mercadorias encontram-se as aldeias
da região de Toototobi (AM), região
de origem de Davi Kopenawa. Davi, então com
11 anos, teve seu sangue coletado pela equipe americana
do Dr. J.V. Neel. Além disso, a partir do
começo dos anos noventa, as amostras de sangue
yanomami foram reprocessadas com novas técnicas
de laboratório, permitindo a extração
de material genético. O DNA Yanomami esta
sendo, assim, utilizado em novas pesquisas genômicas
novamente sem que o consentimento dos doadores das
amostras de sangue (ou de seus parentes, no caso
dos que já faleceram) tenha sido devidamente
obtido.
A Subprocuradora Dra. Ela Wiecko de Castilho lembra
ainda ao Itamaraty que relatório da Associação
Americana de Antropologia (AAA) confirma a existência
destas novas pesquisas científicas, algumas
já realizadas e outras ainda em curso: ver
<http://www.aaanet.org/edtf/index.htm>
Fonte: Comissão Pró-Yanomami
(www.proyanomamicir.org.br)
Assessoria de imprensa