SOLVAY, SHELL E CATAGUASES:
O QUE ELAS TÊM EM COMUM?

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2003


O triste caso da cal contaminada da Solvay, tantas vezes denunciado pelo Greenpeace, já se estende por cinco anos sem uma proposta da empresa para solucionar corretamente o problema. Nesse período, a cal contaminada segue contaminando o solo, o que revela a negligência da empresa e das autoridades do poder público.

Localizada em Santo André (SP), a área apresenta uma combinação rara e altamente tóxica, com substâncias como os organoclorados e o mercúrio. Uma solução segura para o problema seria realizar, conjuntamente, ações emergências e preventivas.
A ação emergencial, que representa apenas uma parte da solução, seria o confinamento da área, uma obra de engenharia que busca apenas aprisionar os agentes contaminantes. No entanto, falhas no sistema de confinamento podem permitir que essas substâncias vazem para o meio ambiente e venham a se espalhar pelo solo e água da região após períodos maiores que 20 anos.
Além da ação emergencial, o Greenpeace demanda que sejam feitos testes conjuntos com tecnologias que tratam organoclorados e mercúrio, a fim de que, depois, seja feita a descontaminação dos pontos críticos.
A Solvay, no entanto, apresenta apenas o confinamento como solução permanente para a contaminação. Essa proposta, porém, não resolve o problema. “Queremos eliminar as substâncias tóxicas do local, para que elas não sejam um perigo para as futuras gerações”, afirmou John Butcher, coordenador da Campanha de Substâncias Tóxicas no Brasil.
Um exemplo claro para mostrar que o confinamento proposto pela Solvay não representa solução alguma é o grave caso registrado no final de março e que foi manchete em todo o Brasil como um dos maiores desastres ecológicos já ocorridos no país. O rompimento de um dos reservatórios de resíduos industriais da empresa Cataguases Papel Ltda. Resultou no vazamento de uma mistura que contaminou o Rio Pomba, principal fonte de abastecimento de água do estado do Rio de Janeiro. Entre os componentes da mistura, estavam substâncias com resíduos tóxicos de soda cáustica e chumbo. Acredita-se que entre 1,2 e 1,6 bilhões de litros de resíduos tenham vazado do reservatório. Milhares de pessoas em diversas cidades ficaram sem água e peixes e animais morreram devido à contaminação.
Já o caso Shell, em Paulínia (SP), foi recentemente denunciado na Comissão de Direitos Humanos da ONU. Relatores brasileiros da Comissão denunciaram os casos de intoxicação causados pela empresa, que
contaminou o lençol freático próximo ao rio Atibaia, importante manancial da região, com organoclorados. Na Vila Carioca (SP), onde a Shell mantinha uma unidade para armazenamento de combustíveis e agrotóxicos, a CETESB, órgão ambiental paulista, confirmou, em março de 2002, a contaminação das águas subterrâneas da região por benzeno, chumbo, e outros metais pesados, além de organoclorados. A empresa, no entanto, continua agindo de forma irresponsável: até meados de abril, a Shell estava atrasada em seu cronograma de procedimentos junto à CETESB.
Casos como os citados acima, e outros estão relacionados no relatório “Crimes Ambientais Corporativos no Brasil” (http://www.greenpeace.org.br/toxicos/pdf/corporate_crimes_port.ped), lançado pelo Greenpeace em 2002, têm em comum a ação irresponsável das empresas envolvidas.
O Greenpeace acredita que é necessário criar um instrumento legal que contemple medidas de repressão para coibir corporações que agem irresponsavelmente; medidas de incentivo para as empresas responsáveis; e medidas compensatórias, para que os danos ambientais e a saúde humana sejam reparados e ressarcidos pela empresa poluidora.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos e a incineração

No final de 2002, forte pressão foi feita para que a proposta para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), apresentada pelo então deputado Emerson Kapaz (PPS-SP), fosse aprovada pelo Congresso.
O Greenpeace alertava para problemas em relação àquela proposta. A incineração e o co-processamento de resíduos sólidos em fornos de cimento continuavam sendo apresentados como principais instrumentos para a redução de resíduos. No entanto, ela não foi aprovada e Kapaz não foi reeleito. Agora, um novo relator deverá apresentar nova proposta.
O Greenpeace acredita que a nova proposta de lei deve ser sucinta. Os detalhes devem ser incorporados através de decretos, portarias ou instruções normativas, por exemplo, para que a lei tenha vida útil longa. Mas, também acredita ser necessário que o veto ao tratamento térmico de resíduos (incineração ou co-geração de energia) seja incorporado na própria lei. A incineração, além dos riscos ao meio ambiente e à saúde humana e dos altos custos econômicos, é, em si, contraproducente do ponto de vista educativo pois, de uma maneira indireta, pode atrapalhar programas de redução, re-utilização e reciclagem de resíduos.
O Greenpeace continuará atuando para que a nova proposta proíba tecnologias sujas, como a incineração, no tratamento de resíduos.
Incineração não é a solução: a eliminação do lixo através da incineração é um processo complexo, caro e altamente poluidor. A incineração libera poluentes perigosos para o ambiente e a saúde humana, como os metais pesados, as dioxinas e os furanos. Esses dois últimos são alguns dos compostos químicos mais tóxicos já criados pelo homem.

Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Diário de Bordo

 
 
 
 

 

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