VEJA A ENTREVISTA COM O NOVO PRESIDENTE DO IBAMA,
MARCUS BARROS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Janeiro de 2003

Entrevista com Marcus Barros: Pronto para convencer

Com a disposição de um militante petista, o médico Marcus Barros deixa a direção do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) para presidir o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Acumulando várias experiências executivas, como a reitoria da Universidade Federal do Amazonas, Barros pretender usar a negociação como principal instrumento para convencer madeireiros e empresários a adotarem plano de manejo, reduzirem seus lucros e estabelecerem o uso legal do produto florestal.

A CRÍTICA - O que levou o senhor a trocar a direção do Inpa, após um processo que enfrentou resistências políticas, pela presidência do Ibama?
Marcus Barros - Quando a senadora Marina Silva me fez o convite, em dezembro, perguntando se poderia colocar o meu nome em uma lista de técnicos, eu relatei a ela esse processo difícil. Ela então me disse que se eu achasse necessário ela iria ao Inpa mostrar a responsabilidade do nosso Governo com a questão ambiental. Respondi que não seria necessário. Eu mesmo faria a consulta e segui o exemplo do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que era prefeito de Ribeirão Preto (SP).

AC - Qual foi a posição dos pesquisadores do Inpa em relação à troca de cargos?
MB - Convoquei os pesquisadores e expus o convite. Ressaltei que se tratava de um cargo estratégico para o Brasil. De cerca de 70 pesquisadores, apenas dois não queriam que eu atendesse ao convite.

AC - Médico, especializado em doenças tropicais, a presidência do Ibama não seria um cargo fora da área de atuação do senhor?
MB - Esse critério é da ministra. Ela deve ter visto na minha trajetória alguma relação com os requisitos exigidos para o cargo. Trabalho com pesquisas que têm como conseqüência tentar melhorar a sociedade. Sobre as doenças causadas pela relação do homem com o meio ambiente.
Trabalho na fundação de medicina tropical. Venci o concurso para direção do Inpa por duas vezes e exerci outros cargos executivos. Sou um dos fundadores do PT no Amazonas e presidi o partido por duas vezes. Acho que essas experiências vão contribuir durante o exercício do cargo. Um executor precisa de criatividade, vontade e determinação.

AC - O senhor considera complicado presidir um órgão com tantas atribuições e que não consegue reduzir os índices de retirada de madeira ilegal da Amazônia?
MB - Não acho complicado, acho complexo. Complicado foi Marina Silva sair do seringal, analfabeta e se eleger senadora por duas vezes, se transformar em professora de História e chegar a ministra. A presidência do Ibama é um desafio gigantesco, mas vou usar a mesma técnica do presidente Lula que preso conseguiu transformar o seu carcereiro em petista usando apenas a conversa. Com conversa vou transformar o mau madeireiro em bom madeireiro.

AC - Mas os empresários reclamam que a exploração sustentável da floresta é muito cara e causa prejuízos.
MB - Todos os setores terão que diminuir o lucro nesse Governo. Se não estamos em guerra não vamos comprar jatos. Estamos cortando 10% dos DAS (cargos de Direção de Assessoramento Superior do serviço público). Na participação popular no Governo estamos incluindo os empresários. Acredito que com conversa conseguirei faze-los adotar plano de manejo na exploração madeireira. Senão, o poder coercitivo será adotado. Esse será o último recurso para exigir o cumprimento da legislação ambiental. Nós também vamos nos convencer de algumas teses deles. O que não pode acontecer é o preconceito. Temos que discutir a questão ambiental sem preconceito.

AC - Como o senhor está se inteirando da situação do Ibama?
MB - Acompanhado do atual presidente (Rômulo Fernandes) estou tendo reuniões com cada diretor para escolher uma equipe capaz de abordar todos os temas.

AC - Quais as prioridades detectadas inicialmente?
MB - Um processo de modernização da fiscalização que substitui as guias de Autorizações para Transportes de Produtos Florestais (Atpf) pelo Sistema de Controle de Produto Florestal (Sisprof) já está em curso. Essa é uma medida positiva. Acho também que será possível instalar radares nos caminhões de transportes para evitar ilegalidades. É preciso adotar um controle social com a sensibilização da população das áreas problemas.

AC - Mas a maioria dos habitantes dessas áreas vive abaixo da linha de pobreza. Como sensibilizar uma população que praticamente não tem dinheiro para comprar comida?
MB - Levando o programa Fome Zero para essas regiões. Nesse Governo uma das questões principais é a transversalidade. Tudo tem a ver com tudo. Haverá uma interação entre os ministérios. Vamos misturar tudo para formar uma força única. Essa é a nossa diferença com o Governo que sai. Esse é um Governo de militantes.

AC - O senhor acredita que a amplitude dessa mudança será possível. Com propostas tão vigorosas, o Governo Lula não corre o risco de ficar apenas na retórica?
MB - Se não acreditasse eu não viria para Brasília. Seria mais tranqüilo ficar no Inpa em Manaus. Pretendo criar propostas para o desmatamento racional, com controle social da população que habita áreas florestais e usar também o controle tecnológico atual feito por satélites. Essas condições vão levar ao uso legal do produto florestal.

Entrevista concedida ao Jornal A Crítica/Manaus-AM

Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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