ISA LANÇA MOTE “AMANSA BRASIL”

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Outubro de 2003

O ISA, a propósito das comemorações dos seus dez anos em 2004, está lançando um mote que pretende mobilizar esforços de múltiplos colaboradores e instituições dos mais diversos setores da sociedade para fazer um balanço prospectivo dos rumos do desenvolvimento no país e gerar um movimento, através de um ciclo de eventos que vai aterrissar no SESC Pompéia, em São Paulo, em 2004. Haverá uma exposição principal organizada por ambientes (Amazônia, Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica...), e uma extensa programação de seminários, debates, lançamentos, mostras e apresentações culturais. Leia o editorial que explica o significado do mote Amansa Brasil.

Convite a uma colaboração

O Instituto Socioambiental (ISA), a propósito da comemoração dos seus dez anos em 2004, vem convidar toda a sociedade brasileira a refletir sobre si mesma e sobre o estado de sua casa - que é o nosso país, o pedaço que nos coube do planeta. Entendemos que é imperativo repensar os caminhos pelos quais vamos enveredando na ânsia de encontrar uma solução para as gigantescas dificuldades econômicas e sociais em que estamos mergulhados. Esses caminhos nos conduzem a uma forte aceleração do ritmo, já perigosamente rápido, de destruição irreversível de um dos componentes básicos de nossa identidade como nação: nossa diversidade socioambiental. Diante disso, pensamos que é urgente decidir, agora, que vida desejamos para nós e, sobretudo, para nossos filhos, qual país queremos deixar para eles. Estamos convictos de que é urgente, não "parar para pensar", mas pensar para não parar; é urgente começar a pensar bem para não parar de vez.
O Brasil é grande, mas o mundo é pequeno. A Terra não vai nada bem, neste começo de século. Há hoje uma insustentabilidade aguda dos padrões globais de produção, distribuição e consumo da energia necessária à vida humana. Nosso país é um dos poucos que ainda têm viabilidade do ponto de vista de sua base de recursos. O Brasil ostenta uma das populações histórica e culturalmente mais diversificadas do mundo: 220 povos indígenas, uma imensidão de descendentes de africanos, de imigrantes europeus e asiáticos, de árabes, de judeus; são caiçaras, caboclos ribeirinhos, camponeses extrativistas, pequenos fazendeiros, colonos; em suma, gentes rurais e urbanas das mais diferentes origens étnicas e culturais, habitando uma variedade de formações naturais — cerrado, pantanal, caatinga, campos e os mais de 3,5 milhões de quilômetros quadrados de florestas tropicais, na Amazônia e na Mata Atlântica — que, por sua vez, abrigam a mais rica biodiversidade do planeta. Sociodiversidade e biodiversidade deveriam ser nossos principais trunfos em um mundo em acelerado processo de globalização. Mas eis-nos aqui, ainda e sempre, teimando em serrar o galho em que estamos sentados, com uma política de comércio exterior e sustentação da dívida que vem aplicando um modelo de desenvolvimento ecologicamente predatório, economicamente concentrador, socialmente empobrecedor e culturalmente alienante. Devastamos mais da metade de nosso país acreditando que era preciso deixar a natureza para entrar na história; pois eis agora que esta última, com sua costumeira predileção pela ironia, exige-nos como passaporte justamente a natureza.
Hoje, nós do ISA ainda temos que advertir que “socioambiental” se escreve junto; mas esperamos ver o dia em que esta palavra seja considerada um pleonasmo: se é social, só pode ser ambiental. Pois não existe uma “dimensão ambiental” do crescimento econômico, do desenvolvimento social, do progresso em geral: ambiente é o nome da coisa toda, do problema inteiro. O ambiente não é uma atração turística, um detalhe pitoresco, uma alegoria de carnaval. Ambiente não existe só aos domingos, nem é luxo de rico. Ambiente é uma questão de saúde pública e de justiça social, não só para os que vivem hoje, mas para as gerações futuras. Uma questão de economia, enfim, no sentido próprio e nobre do conceito. Ambiente, recordemos, é apenas uma outra palavra para condições de existência.
O equívoco de se separar social de ambiental se torna ainda mais grave quando se imagina — como se imagina tão frequentemente — que só podemos nos desenvolver pagando algum preço ambiental, isto é, estragando alguma coisa. Isso não é verdade. Não se faz omelete sem quebrar os ovos, diz-se — pode ser, mas também não se faz omelete quebrando todos os ovos e matando as galinhas. Ou o desenvolvimento é sustentável, ou não é desenvolvimento. O “preço” que temos de pagar é o de melhorar o ambiente, aprender a evoluir em sintonia com ele, pois não há verdadeiro avanço da civilização que não seja ao mesmo tempo um melhoramento das condições ambientais propícias a nossa espécie.
Em suma, é preciso fazer uma revisão drástica do paradigma do crescimento indefinido e a qualquer custo, que continua guiando nossos planos econômicos e nossos sonhos de grandeza nacional. Por isso o mote deste manifesto: Amansa Brasil. Apegados a uma concepção linear e cumulativa de história, herdeira de um pensamento europeu velho de séculos, ainda não acordamos para a constatação de que a miséria, a fome e a injustiça não são o fruto do caráter ainda parcial e incompleto da marcha do progresso, mas seus produtos necessários, que continuarão crescendo mais e mais enquanto a marcha prosseguir no rumo em que vai. A saída não pode ser por aí, e cabe a nós achar outra. Pois o futuro nos desafia a uma nova síntese: a sustentabilidade socioambiental. Esse é o espetáculo que queremos mostrar para nossos filhos.

Fonte: ISA - Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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