IDENTIFICADO DONO DE CARGA TÓXICA APREENDIDA NO PARÁ Panorama Ambiental Brasília (DF) - Brasil Novembro de 2003

O fazendeiro João Valdeir Bastos, da Fazenda Olhos da Dágua, município de Brejo Grande do Araguaia (PA), foi multado pelo IBAMA em R$ 100 mil pelo transporte ilegal de carga tóxica, nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, conforme a Lei de Crimes Ambientais. A carga - 3,5 mil litros do Herbicida U-46 D – Fluid 2,4 D (diletiamina), com composição química semelhante ao “agente laranja”, que foi usado pelo Exército americano na guerra do Vietnã- foi adquirida da MTD – PRODUTOS AGRÍCOLAS, com sede no Estado de Goiás.
Segundo os agentes do Ibama e Polícia Federal, que agora identificaram o proprietário da carga apreendida em julho, o produto seria utilizado no desmatamento de mil hectares de floresta nativa na região conhecida como Central, que fica na famigerada Terra do Meio, a 150 Km do município de São Félix do Xingu, sul do Pará.
Os advogados do fazendeiro impetraram mandado de segurança contra o IBAMA exigindo a devolução da carga, alegando que o produto seria usado para fins agrícolas e não como instrumento de crime ambiental. A MTD, por sua vez, solicitou na justiça federal a guarda do produto, já que o fazendeiro mandou sustar os cheques de pagamento.
A justiça federal em Marabá não acatou o pedido do fazendeiro e determinou que a guarda do produto ficasse com a MTD, no Hotel Fazenda Mocambo a 30 km de São Félix do Xingu. A BASF – empresa paulista fornecedora de produtos químicos enviou técnicos especialistas ao Xingu para o armazenamento do produto químico, a fim de evitar riscos de contaminação na área da fazenda.
O produto químico altamente tóxico quando utilizado age como arma química, provoca total desflorestamento em vegetação densa, danos incalculáveis ao meio ambiente e o aparecimento de vários tipos de câncer, doenças neurológicas, mal formação de fetos e efeitos cumulativos ao meio ambiente.
O material encontrado no Xingu faz parte da lista – elaborada durante a RIO/92, das 12 substâncias altamente tóxicas de ação imediata. As dioxinas e os furanos, que compõem os desfolhantes, estão entre essas substâncias. Segundo estudiosos, o “agente laranja” foi desenvolvido na Inglaterra e contém um tipo altamente tóxico de dioxina TCCD) de ação imediata, provocando o apodrecimento e queda das folhas da árvores. O “agente laranja” jogado em 50.000 mil km2 de florestas no Vietnã, sudeste asiático, gerou graves problemas de saúde aos descendentes de 150 mil vietnamitas.

Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de comunicação