PRESENÇA DE FORMIGUEIROS FAZ RAÍZES CRESCEREM
ATÉ 50 VEZES MAIS EM ÁREAS DEGRADAS

Panorama Ambiental
Belém (PA) – Brasil
Julho de 2003

Conhecidas vilãs de plantações pelo Brasil inteiro, as saúvas podem ajudar na recuperação de áreas degradadas na Amazônia. A constatação é de um grupo de pesquisadores do Pará.
Apesar de comerem de 12% a 17% da produção anual de folhas das florestas, as formigas cortadoras podem ter um importante papel na recuperação da vegetação, já que cavam grandes buracos e neles depositam matéria orgânica, enriquecendo o solo com nutrientes importantes.
"Este é primeiro estudo que mostra os benefícios dos ninhos de saúva, que podem ser importantes dependendo do nível de desenvolvimento da floresta", disse à Folha o biólogo Paulo Moutinho, do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Ele é o principal autor do estudo, publicado na última edição da revista científica "Ecology" (www.esajournals.org).
A esperança de recuperação se concentra no fato de que esse tipo de formiga prefere morar justamente em áreas jovens de floresta ou em pastos abandonados após o desmatamento.
Muitas espécies de planta pioneira (primeiras a surgir na formação da floresta) têm aparecido sobre ninhos de formiga em pastos abandonados. "As formigas são importantes principalmente no começo da formação da floresta. Tanto que, depois que ela atinge uma certa idade, o ninho acaba morrendo devido à própria complexidade do ambiente", explica.
O estudo de Moutinho foi feito em uma floresta secundária (formada depois que a mata original foi devastada) de 17 anos no município paraense de Paragominas (a 300 km de Belém), um dos maiores pólos de desmatamento da floresta amazônica.
A equipe do cientista estudou ninhos de formiga da espécie Atta sexdens (conhecida como formiga-limão) e sua interação com a vegetação ao redor. Os resultados levam a concluir que os formigueiros profundos (de até 6 m) aumentam a porosidade do solo, facilitando a penetração das raízes, e fazem crescer a quantidade de nutrientes como nitratos e derivados de fósforo e potássio.

Agricultura de formiga

Isso acontece, em parte, devido à estrutura dos formigueiros das formigas-limão. Elas "cultivam" em pequenas câmaras um fungo que cresce nas folhas e flores que cortam das árvores e que lhes serve de alimento. Outras pequenas "salinhas" são usadas como depósitos de matéria orgânica. Nessas duas áreas dos ninhos, concluiu a equipe de Moutinho, as raízes das árvores circundantes encontram alta quantidade de nutrientes.
Nas áreas perto dos ninhos, as raízes das plantas cresceram até 50 vezes mais que em regiões próximas, em que não havia formigas. "O fato de os ninhos de formiga-limão serem profundos e cobrirem uma grande área é um benefício. As raízes de espécies distantes até 15 m do formigueiro se alimentam nos ninhos", afirma Moutinho. "Em casos de ninhos abandonados ou "mortos", o efeito benéfico pode ser até maior, pois não há o efeito dos cortes que as formigas fazem nas folhas."
Segundo o cientista, ainda não foi provado que o efeito do aumento de porosidade e do enriquecimento do solo seja preponderante sobre o corte de folhas e que, portanto, qualquer tipo de floresta possa ser beneficiado pelas formigas "jardineiras".
"De qualquer maneira, o que se observa é que, sobre esses ninhos, em antigas áreas de pastagem, importantes espécies de planta pioneira como a jurubeba e a imbaúba têm o seu desenvolvimento estimulado", diz Moutinho. "A partir dessa vegetação, morcegos e pássaros podem realizar atividades relacionadas à distribuição de sementes, o que estimula o crescimento da floresta."
Outro ponto que ainda causa dúvidas é que o aumento de porosidade do solo e a alta concentração de raízes nos formigueiros causa um efeito de diminuição da quantidade de água nessas áreas. "Para algumas espécies de planta, na época menos chuvosa na Amazônia, a falta de água até poderá ser prejudicial. Mas o importante é que, apesar disso, o que se vê é o renascimento da floresta."
Segundo Moutinho, talvez no futuro o homem possa utilizar de maneira controlada as formigas para promover o reflorestamento de áreas desmatadas. "Faltam estudos sobre isso ainda, mas tudo leva a indicar que elas são eficientes na recuperação e que poderão ser utilizadas", diz.

Fonte: www.amazonia.gov.br
IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (www.ipam.org.br/edital.php)
Marcus Vinicius Marinho

 
 
 
 

 

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