PEDRO MARTINELLI LANÇA LIVRO
"MULHERES DA AMAZÔNIA"

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2003

Trabalho realizado pelo fotógrafo durante cinco anos retrata a vida das mulheres que habitam a maior floresta tropical do mundo e trazem referências diferenciadas para os habitantes de outras regiões e principalmente das grandes cidades sobre o que é cuidar da família, trabalhar, levar a vida na Amazônia. O lançamento acontece no dia 24/11, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, a partir das 20 horas.

A partir de andanças por diferentes regiões da Amazônia nos estados do Acre, Amazonas e Pará, o fotógrafo Pedro Martinelli retratou a vida como ela é na maior floresta tropical do mundo, tendo como preocupação fundamental revelar a singularidade de seus habitantes e seu cotidiano e não a natureza monumental que em geral se sobrepõe a esses personagens reais frente ao olhar estrangeiro. “Mulheres da Amazônia é mais uma peça desse quadro que eu comecei a mostrar em Amazônia, Povo das Águas, afirma Martinelli fazendo referência ao trabalho publicado em 2000.
Para o fotógrafo, que deixou para trás décadas dedicadas às imagens jornalísticas e publicitárias, os habitantes da Amazônia sempre foram colocados em segundo plano, pelos governos e pelos cidadãos do mundo que já viram ou ouviram falar da floresta. “Quando você observa os objetos, as casas, o design, a comida produzida por essas pessoas, você descobre que são verdadeiros criadores”, afirma. O novo trabalho de Pedro Martinelli tem um apelo especial em relação às mulheres que habitam os grandes centros. “A mulher urbana não tem um projeto de vida interessante. Isso faz do universo da mulher da Amazônia uma referência fantástica, pois ela está fazendo uma coisa muito mais criativa, seja cuidando dos filhos, seja trocando a roça para fazer outros trabalhos, como operadora de guindaste numa usina hidrelétrica, por exemplo.”
A intenção de Martinelli é fazer o público despertar para a realidade e a potencialidade humana que existe na floresta. “Se quisermos preservar a floresta em pé, é preciso entender que isso só acontecerá com a participação dessas pessoas”, explica o fotógrafo. Martinelli tem como condição para realizar seu trabalho estabelecer um certo grau de relacionamento humano com quem fotografa. “Quando a pessoa vê que eu estou apontando a câmera para sua casa, sua comida, sua família e não para o papagaio que está no ombro dela, fica claro qual é a minha intenção.”
Aliás, o objetivo de Martinelli é que esse registro da vida das mulheres da Amazônia esteja ao alcance das comunidades da região. Um acordo com o governo do Estado do Amazonas - que apoiou o projeto junto com a empresa de cosméticos Natura – prevê a distribuição de exemplares para bibliotecas de escolas do interior do Amazonas e comunidades apontadas pelo fotógrafo. “Essa é uma referência de um olhar de fora sobre a história deles”.
O livro Mulheres da Amazônia traz ainda o texto Claudia, baniwa do alto Içana, sobre uma personagem exemplar da região, escrito pelo antropólogo Beto Ricardo, coordenador do Programa Rio Negro do ISA (leia trecho abaixo). O lançamento da obra acontece na segunda-feira, 24/11, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, a partir das 20 horas. Na ocasião, estarão expostas dez ampliações de imagens do livro e outras reproduções menores, arranjadas em porta-retratos espalhados pelas mesas do local.

Claudia, baniwa do alto Içana
Cláudia volta da roça amamentando, antes de remar de volta para casa - Alto Rio Içana - AM
Tucumã-Rupitá é a comunidade baniwa onde Claudia nasceu e onde foram registradas essas imagens, em maio de 1999. Fica na beira do alto Rio Içana, no extremo noroeste do Brasil, fronteira com a Colômbia.
Naquele dia, Claudia fez o que lhe cabia fazer: arrancar raízes de mandioca brava (káini) e transformá-las em comida, aos costumes. Jornada duríssima. Levantou de madrugada, ainda escuro, preparou mingau, serviu aos filhos e ao marido, apanhou terçado e aturá (tsheeto) e seguiu para a roça (kenike). Foi acompanhada pela mãe e levou consigo duas filhas, Adriana, de seis e Silvana, recém-nascida. Igor, de quatro, ficou com o pai.
Remou duas horas rio acima, entrou no igarapé Pamaali, deixou canoa no porto, subiu barranco até chegar na roça de terra firme. Arrancar as raízes foi tarefa especialmente pesada porque se tratava de uma heéñami, roça velha, já encapoeirando. Seria mais fácil numa maaleri, roça madura ou walikawaire, roça nova.
Houve tempo, no começo do mundo, quando Kaali andava na terra, que as mulheres não sofriam no trabalho da roça e processamento da mandioca. Bastava marcar terreno e surgia uma roça. (...)

Fonte: ISA – Instituto Sócio Ambiental (www.socioambiental.org.br)
Assessoria de comunicação
Colaboraram: Caudia, André, Irineu e Laure

 
 
 
 

 

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