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PLANO MESTRE
PODE SALVAR MICOS-LEÕES-PRETOS
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2003
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Os especialistas que
trabalham com os micos-leões-pretos no Brasil
se reuniu na última terça-feira, 20/5,
em Bauru, no interior de São Paulo, para tomar
uma importante decisão: definir quais são
os acasalamentos necessários entre os indivíduos
dessa espécie mantidos em cativeiro para que
o país tenha uma reserva genética representativa
da população selvagem desses animais.
O objetivo é assegurar a sobrevivência
da espécie, considerada criticamente ameaçada
de extinção.
Atualmente, os micos-leões-pretos (Leontopithecus
chrysopygus) se resumem a mil indivíduos em
vida livre e mais cento e dois mantidos nos zoológicos
de Brasília, São Paulo, Bauru e Centro
de Primatologia do Rio de Janeiro e alguns zoológicos
internacionais. Coordenada pelo Instituto de Pesquisas
Ecológicas-IPE, a reunião contará
com a participação do Ibama, responsável
pelo Comitê Internacional para a Conservação
e Manejo dos Micos Leões.
No caso dos micos-leões-pretos, as esperanças
para a sobrevivência da espécie dependem
da elaboração e da adequada execução
de um “plano-mestre” para o manejo dos indivíduos
em cativeiro. O plano está sob a responsabilidade
do primatólogo Cláudio Pádua,
diretor científico do IPE. Um dos principais
aspectos apontados no plano é a necessidade
de deslocamento entre os mantenedores de animais representativos
do ponto de vista da variabilidade genética
da população remanescente.
A estratégia é basicamente a mesma usada
com outros animais silvestres ameaçados de
extinção, ou seja, realizar o maior
número de cruzamentos possível entre
os micos mantidos em cativeiro de modo a formar um
banco genético que possa servir de fonte para
futuras reintroduções na natureza. Sobreviventes
do que restou da Mata Atlântica do interior
de São Paulo, os micos-leões-pretos
enfrentam vários perigos para sobreviver.
Apesar do esforço de várias instituições
e do trabalho dos pesquisadores, o fato de haver uma
pequena população os torna ainda mais
vulneráveis. Desmatamentos clandestinos, tráfico
ou mesmo incêndios florestais podem dizimar
os últimos animais selvagens. Por isso, o empenho
dos cientistas em ampliar ao máximo a representatividade
genética da espécie.
Mata Atlântica
Os micos-leões
são nativos da Mata-Atlântica. Nas florestas
remanescentes, habitam as únicas quatro espécies
existentes no mundo: mico-leão-dourado (Leontopithecus
rosalia), mico-leão-da-cara-dourada (L. chrysomelas),
mico-leão-preto(L. chrysopygus) e mico-leão-da-cara-preta
(L. caissara). Todas elas encontram-se ameaçadas
de extinção.
Entre os principais fatores que quase provocaram o
extermínio dos micos-leões brasileiros
estão a destruição das florestas
de Mata-Atlântica, reduzidas a apenas quatro
por cento da cobertura original, e o tráfico
de animais silvestres. O hábito de criar esses
animais como bichos de estimação também
contribuiu para pôr em risco a sobrevivência
dos micos.
A distribuição dos micos-leões
no Brasil se dá da seguinte forma: mico-leão-dourado
(Rio de Janeiro), mico-leão-da-cara-dourada
(Bahia), mico-leão-preto (São Paulo)
e mico-leão-da-cara-preta (Paraná).Em
cada uma dessas regiões o comitê coordena
ações que têm o objetivo de preservar
os micos através de programas de conservação
dos habitats, pesquisas científicas e programas
de reintrodução. O comitê também
apóia iniciativas voltadas para a educação
ambiental e a capacitação profissional.
Nos últimos anos, os projetos conservacionistas
apoiados pelo comitê foram responsáveis
pela estabilização do decréscimo
populacional dos micos-leões em todo o país.
No caso do mico-leão-dourado houve aumento
populacional. Atualmente, a população
dos micos-leões é estimada da seguinte
maneira: mico-leão-dourado (1.000 indivíduos),
mico-leão-da-cara-dourada (entre 6 e 15 mil),
mico-leão-preto (cerca de 1.000) e mico-leão-da-cara-preta
(400).
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
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