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ESPANHA
RETÉM BARCO DO GREENPEACE E
AMEAÇA REALIZAÇÃO DE
PROTESTOS PACÍFICOS
Panorama Ambiental
Madri – Espanha
Junho de 2003
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O
Greenpeace exigiu hoje que o governo espanhol
libere o principal barco da organização,
o Rainbow Warrior, detido em Valência
desde 13 de junho, após a realização
de uma manifestação pacífica
cujo alvo foi a importação de
madeira ilegal. O Ministério do Desenvolvimento
da Espanha determinou que o Greenpeace pague
uma fiança de 300 mil euros para que
a embarcação possa deixar o
local.
O Greenpeace considera a cobrança injusta,
abusiva e absurda. "Ao que parece, seu
único objetivo é evitar as contínuas
denúncias da entidade sobre a entrada,
pelo porto de Valência, de madeira procedente
de corte ilegal
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e
destrutivo em matas do continente africano",
disse Uta Bellion, coordenadora da campanha
de florestas do Greenpeace. "Consideramos,
além disso, que o governo espanhol
está cometendo um abuso de poder ao
impor-nos o valor máximo para a fiança",
afirmou o diretor do Greenpeace espanhol,
Juán Lopez de Uralde.
O diretor-executivo do Greenpeace Brasil,
Frank Guggenheim, enviou uma carta (1) ao
embaixador espanhol no país, José
Coderch, pedindo que o governo da Espanha
libere o barco e tome medidas para pôr
fim à importação de madeira
ilegal. No site da entidade, os internautas
podem participar de uma ciberação,
enviando um correio eletrônico à
Embaixada espanhola (www.greenpeace.org.br/RainbowWarrior
</RainbowWarrior>).
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No dia 13,
ativistas do Rainbow Warrior se acorrentaram
ao cargueiro MV Honour, que transportava madeira
de lei ilegal proveniente de Camarões.
Embora tenha sido um protesto pacífico,
o capitão do barco do Greenpeace, Joel
Stewart, mais outros quatro integrantes da
equipe foram condenados a pagar uma multa
de 630 euros.
Ainda assim, o Ministério do Desenvolvimento
abriu um processo administrativo contra a
embarcação da entidade. O Greenpeace
considera ilegal e discriminatório
que a mesma acusação seja perpetrada
por diversas vias. Assim, exige que, uma vez
que os ativistas já responderam por
seus atos, o Rainbow Warrior deve ser liberado.
"Desde a resposta do governo francês
para os protestos do Greenpeace contra os
testes nucleares no Atol de Muroroa, a organização
não havia sido submetida a tamanha
repressão", disse Stewart. "O
governo espanhol deveria buscar os verdadeiros
criminosos que estão destruindo as
florestas do mundo, e não ameaçar
o direito democrático de se protestar
pacificamente".
O Greenpeace acredita que o novo plano de
ação para controle e comércio
de florestas da Comissão Européia
não reflete adequadamente a severidade
da situação do corte ilegal
no mundo. Além disso, passa ao largo
da implementação de uma nova
legislação para banir o comércio
de madeira de lei obtida ilicitamente. A Espanha
teria um papel importante a desempenhar nessa
questão, já que é o maior
importador mundial de madeira retirada de
florestas tropicais da África, grande
parte da qual é resultado de cortes
ilegais.
A destruição das últimas
florestas antigas remanescentes do mundo tira
das populações locais os recursos
necessários para sua sobrevivência.
O Greenpeace tem feito campanhas globais para
protegê-las, por meio da promoção
do uso ecologicamente sustentável e
socialmente responsável das matas.
A entidade também busca o estabelecimento
de áreas protegidas, destinadas à
conservação da diversidade biológica
das florestas, e de seus recursos naturais
e culturais. Elas são protegidas contra
construção de estradas e atividades
industriais e respeitam direitos tradicionais
à terra, particularmente os de povos
indígenas.
As florestas antigas, ou primárias,
são as últimas matas no mundo
que foram principalmente constituídas
por eventos naturais - ou seja, que sofreram
pouco impacto de atividades humanas. Desenvolvidas
durante milhares ou até milhões
de anos, são responsáveis por
vários processos ecológicos
e climáticos importantes. Além
disso, são berço para dois terços
das espécies de plantas e animais terrestres
do planeta. |
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