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GREENPEACE
NÃO FISCALIZA TRANSGÊNICOS
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2003
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Teste averiguou 30% de organismos
geneticamente modificados (OGMs) em ração
da Bunge
O
Greenpeace denunciou hoje na fábrica
de rações da Bunge em Porto
Alegre o resultado de um teste que detectou
30% de soja transgênica em um produto
da empresa que não traz essa informação
no rótulo (1). O |
produto,
uma ração para aves da marca
Vitosan, foi testado pelo laboratório
Genescan do Brasil (2). Embora esteja em vigor
uma lei que obriga a rotulagem de qualquer
produto para consumo humano ou animal que
contenha mais de 1% de organismos transgênicos
(3), o resultado do teste evidencia que as
indústrias não estão
cumprindo a legislação, já
que não existe fiscalização
por parte dos órgãos responsáveis.
Na manifestação, um ativista
fantasiado de frango devolveu, com a ajuda
de outros 20 ativistas, aproximadamente uma
tonelada da ração transgênica
à Bunge.Em todos os pacotes devolvidos
foram colados adesivos com a frase: “pode
conter transgênicos”. O frango carregava
também uma grande etiqueta em que se
lia “comi transgênico, comi Bunge”.
O Greenpeace entregou uma carta à empresa
demandando que deixe de usar organismos geneticamente
modificados (OGMs), até que seja capaz
de cumprir a legislação e informar
corretamente o consumidor sobre o conteúdo
transgênico de seus produtos (4).
No dia 4 de setembro, o Greenpeace informou
à Bunge o resultado do teste e solicitou
uma reunião para discutir a questão.
No encontro, realizado no dia 11 de setembro,
a Bunge admitiu não ter tomado, até
aquele momento, nenhuma providência
com |
relação
à irregularidade do produto, e disse
que estaria aguardando a definição
de detalhes para a rotulagem. Ao autorizar
a comercialização da soja transgênica
plantada ilegalmente no país em 2002,
o governo federal garantiu que asseguraria
ao consumidor o direito à informação,
por meio da rotulagem dos produtos transgênicos.
No entanto, o resultado deste teste confirma
que não é isso que está
ocorrendo. Até o momento, as medidas
necessárias para a implementação
da lei de rotulagem ainda não foram
adotadas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.
“Como o governo pode pensar na liberação
do plantio comercial de transgênicos,
se não consegue garantir nem mesmo
o direito do consumidor de saber se está
comprando um produto geneticamente
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modificado?”,
questionou Tatiana de Carvalho, coordenadora
da Campanha de Consumidores do Greenpeace.
“Além da rotulagem plena, é
fundamental que sejam realizados Estudos de
Impacto Ambiental e a Avaliação
de Riscos à Saúde antes da autorização
de qualquer transgênico no país”,
disse. A falta da informação
no rótulo, além de afetar diretamente
o consumidor brasileiro, prejudica também
os produtores rurais e exportadores de frango
que procuram atender à crescente demanda
dos consumidores europeus e asiáticos
por produtos livres de transgênicos,
inclusive no caso de alimentação
animal. Tendo em vista este mercado em expansão,
empresas como a Sadia, a Perdigão e
o Carrefour já oferecem a garantia
de produtos livres de transgênicos no
Brasil e também nos países |
para
os quais exportam seus produtos, mesmo aqueles
de origem animal, como carne, leite e ovos
(5). “A Bunge também pode estar utilizando
transgênicos em seus produtos para alimentação
humana, sem que estejam rotulados. A Santista,
por exemplo, que é de propriedade da
empresa, ainda não deu garantias de
que seus produtos são livres de transgênicos”,
afirmou a coordenadora da Campanha de Consumidores.
Uma carta solicitando as providências
cabíveis e uma cópia do laudo
do laboratório foram encaminhadas ao
Ministério Público, ao Departamento
de Proteção e Defesa do Consumidor,
ao Ministério da Justiça, à
Agência Nacional de Vigilância
Sanitária e também ao Ministério
da Saúde e ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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Notas:
(1) O resultado do
teste de 30% é sobre o total de soja presente
no produto. Como contém em torno de 15% de
farelo soja (ração para frango inicial),
a porcentagem de transgênicos em relação
ao produto é de aproximadamente 5%.
(2) Veja cópia
do laudo (arquivo pdf).
(3) Lei 10.688, de
13 de junho de 2003.
(4) Veja a íntegra
da carta enviada pelo Greenpeace.
(5) As cartas
enviadas ao Greenpeace por estas empresas estão
disponíveis no endereço:
www.greenpeace.org.br/transgenicos/consumidores.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
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