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INVASORES
DA TERRA INDÍGENA CACHOEIRA SECA
(PA) SE MOBILIZAM PARA IMPEDIR DEMARCAÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Junho de 2004
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Invasores da terra
indígena Cachoeira Seca, do povo Arara, em
Uruará, no Pará, pretendem barrar
o processo de demarcação da área,
iniciado há duas semanas pela Funai.
Prevista para a próxima segunda-feira (5),
os organizadores da mobilização esperam
contar com a participação de aproximadamente
800 pessoas dos quatro municípios que fazem
limite com a terra indígena.
Segundo Paulo Medeiros, do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais e candidato a prefeito em Uruará,
depois de uma plenária, que ocorrerá
na segunda-feira, eles se deslocarão para
o local onde as equipes da Funai estão fazendo
a demarcação da área. “Vamos
barrar. Nós não vamos aceitar a demarcação”.
Medeiros disse ainda que os empresários e
os colonos que participarão da mobilização,
fecharão a transamazônica. “Estamos
tomando providências, também vamos
entrar como uma ação na Justiça
Federal pedindo a suspensão da demarcação”.
Ele afirma que os índios não reconhecem
aquela área como deles. “Eles não
querem a aquela terra”.
Segundo Petronila Almeida, missionária do
Cimi, ao contrário da afirmação
feita, os Arara de Cachoeira Seca, não só
reconhecem a terra como território, como
lutam pela sua garantia. “A luta desse povo não
é recente, vem desde 1993 quando saiu a portaria
demarcatória da área. Depois de 11
anos, nenhuma providência foi tomada pelos
órgãos competentes”, afirma.
Como prova dessa incansável luta, Petronila
lembra da visita de uma delegação
desse povo a Brasília, entre os dias 14 a
18 de junho, quando realizaram diversas audiências
com os órgãos competentes para tratar
da demarcação. “Eles, no dia 16, oficializaram
a entrega ao ministro da Justiça de um abaixo-assinado
com 23 mil assinaturas coletadas durante a campanha
pela demarcação da terra indígena
Cachoeira Seca”, disse.
Diante desses fatos, “qualquer forma de violência
que este povo venha a sofrer será de inteira
responsabilidade dos órgãos federais,
pelo descaso com um povo de apenas 16 anos de contato,
que corre grande risco de extermínio e massacre
se não forem tomadas providências urgentes”,
concluiu a missionária.
Na ocasião da vinda a Brasília, os
Arara denunciaram que com a demora para demarcar
a terra eles são constantemente ameaçados
e perseguidos pelos invasores. Em 2000, um Arara
foi assassinado depois de tentar impedir a pesca
predatória dentro da terra. De lá
pra cá, com medo das ameaças, eles
não saem mais sozinhos para caçar
ou pescar. “Todo mundo sai junto porque a gente
tem medo de andar só. Se a gente encontrar
o branco no mato e ele matar um, cadê o outro
para salvar?”, disse Iaut liderança Arara.
Fonte: Conselho Indigenista Missionário
(www.cimi.org.br)
Assessoria de imprensa