APOENA AFIRMA QUE CONFLITOS COM CINTA-LARGA ERAM PREVISTOS DESDE 68

Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004

O sertanista da Funai, Apoena Meirelles, fez um resgate da história da tribo Cinta-Larga, da qual fazem parte cerca de 2,5 mil índios, nas comissões da Amazônia e Minas e Energia, hoje, e lembrou que desde 68 já existiam relatórios alertando para possíveis conflitos na área em razão da descoberta de minerais com a possível presença de garimpeiros. Os índios são acusados de assassinar 29 garimpeiros na reserva indígena Roosevelt, em Rondônia.
“Desde 68, para a felicidade ou infelicidade dos Cinta-Larga, já se sabia da riqueza dessa área”, lembrou o sertanista, que, com o pai, participou do grupo que fez os primeiros contatos com a tribo de Rondônia. “Sertanistas importantes da época escreveram vários relatórios sobre o potencial econômico da região e a necessidade de um acompanhamento constante do processo de aculturação dos índios.”
Apoena Meirelles esteve na equipe de 15 técnicos designados há duas semanas pela Funai para localizar os corpos de garimpeiros mortos em Rondônia. Vinte e nove mortos foram encontrados na reserva, em uma região de garimpo conhecida como Grota do Sossego. Agentes da Polícia Federal resgataram os corpos a partir de indicações dadas pela equipe da Funai, que entrou em contato com os índios na mata. Meirelles viu os mortos e acompanhou o resgate.
Visivelmente cansado, com os olhos vermelhos e o corpo muito queimado pelo sol, o sertanista defendeu na audiência pública da Câmara a regulamentação do Estatuto do Índio e a reestruturação da Funai. “Atualmente, a fundação não possui sequer aeronave própria que possibilite o apoio imediato aos índios. Boa parte dos recursos da Funai está pulverizado em outros órgãos e organizações não-governamentais”, reclamou Meirelles, que até o ano passado trabalhava na coordenação da Funai no Nordeste.
“No final do ano de 2003, fui chamado para ajudar a equipe que atua em Rondônia. Lá, vi que os índios do Norte ainda estão em processo de aculturação. Há pouco tempo, essa tribos entravam em conflito e procuravam as frentes de atração da Funai em busca de facão e outros instrumentos que pudessem ser usados no controle da natureza.”
Para o sertanista, o processo de aproximação dos índios com os garimpeiros foi muito rápido e mal intermediado. Meirelles criticou associações indígenas criadas a partir da constituição de 1988, com o apoio de organizações como o Instituto Socioambiental (Isa). Documentos apresentados pelos garimpeiros mostram que, por meio dessas associações, os índios estabeleciam contratos permitindo a entrada na reserva mediante pagamento e divisão dos minérios extraídos.
“Temos que tirar os índios da ilicitude. Eles não são bárbaros. São seres humanos com aspirações, que não tem culpa de estar em uma terra tão rica”, afirma Apoena Meirelles, que na audiência na Câmara evitou comentar as acusações feitas contra outro técnico da Funai, Walter Blós, mas saiu em defesa do presidente da Funai.
Mércio Pereira Gomes recebeu críticas dos deputados pela ausência na reunião e pelas declarações feitas nos últimos dias sobre o conflito na reserva Roosevelt. “Houve uma exploração errada dos termos usados pelo presidente para falar da luta dos índios pela terra. O Mércio é um homem bem preparado, íntegro. Se ele não esteve aqui, certamente foi porque tinha outras obrigações.”
Apoena Meirelles reconheceu, no entanto, que a Funai passa por um momento de reavaliação. Isso, segundo o sertanista, não significa a possibilidade abandonar a defesa incondicional da população indígena. “A região habitada pelos Cinta-Larga é de fato enorme, cerca de 2 milhões de hectares de terra. Mas não podemos esquecer que essa região pertenceu e pertence a eles”, ressalta Meirelles. “Não podemos resolver a questão social dos garimpeiros, a luta de classes no Brasil, em cima de terra de índios. Vamos conversar e negociar.”

Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes

 
 
 
 

 

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