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PF INVESTIGA
SE SERVIDOR DA FUNAI PARTICIPOU DA EXPLORAÇÃO
DE DIAMANTES EM RESERVA INDÍGENA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004
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O superintendente
da Polícia Federal em Rondônia, Marco
Aurélio Moura, disse hoje que foi aberto,
esta semana, um inquérito para investigar
o possível envolvimento do servidor da Funai
Walter Blós no esquema de exploração
ilegal de diamantes. “Ouvimos 100 garimpeiros que
trabalhavam na reserva indígena Roosevelt
e muitos deles acusaram o Blós de ter conhecimento
do que acontecia na região. Mas vale ressaltar
que existem apenas indícios disso. Não
há nada de concreto contra o funcionário
da Funai. Precisamos ainda ouvir os índios.”
Blós é o coordenador do grupo tarefa
criado pela Funai no ano passado para retirar os
garimpeiros da reserva onde, nas últimas
três semanas, foram encontrados 29 corpos.
Todos eles teriam sido vítimas de um confronto
com índios na semana santa. Por meio da assessoria
de imprensa, a Funai nega qualquer tipo de ação
ilegal praticada pelo coordenador e afirma que o
mesmo está de férias.
Na manhã de hoje, em audiência pública
conjunta das comissões da Amazônia
e de Minas e Energia, o governador de Rondônia,
Ivo Cassol, pediu que Blós fosse responsabilizado
pelas mortes na reserva. “Ele poderia ter evitado
esse conflito facilitando a entrada da Polícia
Federal na região logo que o massacre foi
denunciado”, disse Cassol.
Em depoimento na mesma audiência, o diretor-geral
da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou
não ter conhecimento de sonegação
de informações por parte da Funai
durante a operação de resgate dos
corpos. Lacerda ressaltou ainda que os quinze técnicos
designados pela fundação para atuar
na área – entre eles Walter Blós -
foram os responsáveis pela localização
dos corpos, a partir de negociação
com os índios da etnia Cinta-Larga.
“Tivemos uma série de dificuldades lá.
As informações chegavam muito desencontradas.
Enquanto nos preparávamos para as buscas,
enfrentamos a greve dos agentes e problemas com
os helicópteros”, reconheceu o diretor-geral
da PF. “Respeitamos a atuação dos
outros órgãos federais. Sempre coube
à Funai o gerenciamento dos conflitos sociais
em terras indígenas. A Polícia Federal
age quando é requisitada.”
Ao final da audiência na Câmara, Lacerda
fez um balanço das atividades da PF na reserva
indígena Roosevelt. Segundo ele, as operações
na área foram intensificadas em 1999, época
em que a jazida de diamante descoberta na reserva
começou a ser explorada. Desde então,
foram abertos 71 inquéritos policiais.
Cerca de 120 pessoas estão indiciadas por
suspeita de envolvimento no esquema de extração
e venda ilegal do minério. Entre elas, empresários,
índios, garimpeiros, funcionários
da Funai e agentes da Polícia Federal. “Um
dos dois agentes indiciados é acusado, inclusive,
de vender armas para os índios”, revela o
diretor-geral da PF. “Além de indiciar pessoas,
apreendemos aeronaves, balsas, compressores, geradores,
motores, combustível, dezoito tratores e
106 veículos. Também confiscamos 4,29
mil pedras de diamante, o que representa cerca de
18,64 mil gramas de pedras e metais preciosos.”
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes