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BRASIL É
DENUNCIADO NA OEA PELA MOROSIDADE NA HOMOLOGAÇÃO
DE TERRAS INDÍGENAS
Panorama
Ambiental
Fortaleza (CE) - Brasil
Abril de 2004
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O Conselho Indígena
de Roraima entregará à Comissão
de Direitos Humanos da Organização
dos Estados Americanos (OEA) uma petição
em que denuncia a violação dos direitos
e garantias dos povos indígenas que habitam
a região da Reserva Raposa/Serra do Sol,
no estado de Roraima, e a morosidade na homologação
daquelas terras localizadas na fronteira Brasil-Venezuela-Guiana.
O documento será entregue à OEA pela
advogada indígena Joênia Batista Carvalho,
na próxima segunda-feira, dia 29, em Washington
(EUA).
Joênia Carvalho irá denunciar, em nome
dos povos indígenas da reserva, o Estado
Brasileiro por não proteger aqueles que habitam
ancestralmente aquela região, principalmente
no que se refere ao reconhecimento do direito territorial.
A advogada irá requerer, também junto
à OEA, a garantia de que o governo brasileiro
não irá reduzir o tamanho das terras
indígenas.
Há mais de 20 anos, os povos indígenas
Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e
Patamona lutam pela homologação da
Raposa-Serra do Sol em área contínua
(1,67 milhão de hectares), e não em
ilhas, como querem os agricultores que invadiram
as terras na década de 90. Além disso,
a existência do município de Uiramutã,
criado em 1996, e cuja sede está na terra
indígena, é mais um entrave no caminho
da homologação. A advogada garante
que a questão dos não-indígenas
que moram na reserva será resolvida legalmente.
Ela explica que, pela lei do usufruto em terras
indígenas, "terão direitos os
que tenham feito benfeitoria em boa fé".
O processo de demarcação da Reserva
Raposa/Serra do Sol, em Roraima, começou
em 1993, quando a terra foi identificada oficialmente.
Em 1998, foi declarada de posse permanente, demarcada
e garantida pela Constituição, o que
falta ainda é o ato declaratório,
ou seja, a homologação, para que seja
registrada nos cartórios. O ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, disse à imprensa
no final do ano passado, que a homologação
era iminente. Foi o que bastou para que rizicultores,
políticos e índios contrários
à demarcação contínua
daquelas terras deflagrassem um conflito. No início
de janeiro deste ano, invadiram missões religiosas
fazendo padres de reféns, expulsaram funcionários
da sede local da Fundação Nacional
do Índio (Funai) e bloquearam estradas.
Os não-indígenas querem a homologação
fracionada. Ou seja, que sejam excluídas
da Terra Indígena as áreas produtivas,
as estradas, as vilas, as sedes municipais e as
áreas de expansão. Todo este território,
somado, representa uma extensão de 600 mil
hectares. Com a homologação, os invasores
teriam que ser retirados.
Com informações de Ambiente Brasil
e Instituto Sócio-Ambiental.
Fonte: ADITAL – Agência
de Informação Frei Tito para a América
Latina (www.adital.org.br)
Assessoria de imprensa