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REPRESENTANTE
DA UNESCO DIZ QUE MELHORAR O USO DA ÁGUA
É INVESTIMENTO E NÃO GASTO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Abril de 2004
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Metade da população
mundial – cerca de 2,9 bilhões de pessoas
– não dispõe de serviços de
saneamento. A falta de acesso à água
potável atinge 1,5 bilhão de pessoas.
Para mudar essa situação, o coordenador
de Meio Ambiente da Organização das
Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (Unesco) no Brasil, Celso
Schenkel, defende que é preciso pensar nas
soluções como investimento e não
como gasto.
Aproximadamente cinco milhões de pessoas
morrem, anualmente, em conseqüência do
uso de água contaminada. No Brasil, cerca
de dois terços das internações
hospitalares também são causadas pelo
mesmo problema. Esse é um dos custos sociais
da atual relação humana com os recursos
hídricos.
Uma das metas do milênio, estabelecidas pelos
países integrantes da Organização
das Nações Unidas (ONU), é
que o número de pessoas sem acesso à
água potável e saneamento seja reduzido
à metade até 2015. Para isso, seria
necessário que a água encanada chegasse
a 300 mil pessoas por dia, e o saneamento a 500
mil.
Segundo Schenkel, um novo conceito que tem surgido
nos debates e ações relacionadas a
essa questão é a criação
de uma nova ética no uso da água.
“Um dado interessante é que os países
que têm, às vezes, a menor oferta de
água têm uma água de melhor
qualidade, e isso mostra um comportamento ético”,
afirma.
O coordenador explica que essa ética não
se resume apenas a medidas contra o desperdício
de água dentro de casa. “Além da mudança
de atitude e comportamento individuais, é
preciso investir em tecnologias mais avançadas”,
afirma Schenkel.
As novas técnicas disponíveis na agricultura,
por exemplo, permitem ao produtor rural melhor gestão
da água à medida que ele sabe antecipadamente
qual a necessidade real em sua plantação.
“Isso traz uma economia de escala muito interessante
porque baixa o preço dos alimentos, que tem
a ver com o combate à fome”, exemplifica
Schenkel.
No Brasil, o coordenador de Meio Ambiente da Unesco
destaca que um dos maiores avanços tem sido
no setor industrial. Em algumas empresas, o reaproveitamento
da água chega a quase 100%. Na cidade de
São Paulo, 30% da água utilizada já
são reciclados. Mas Schenkel alerta que o
país tem características muito diversas,
tanto em oferta de água quanto na gestão
desse recurso. “O que se busca é difundir
essa prática, fazer com que as pessoas percebam
que isso não é um custo, é
um investimento em qualidade de vida”, defende.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Cecília Jorge)