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PAZ, SOBERANIA
E IGUALDADE SÃO TEMAS CENTRAIS DO
III FÓRUM SOCIAL PAN-AMAZÔNICO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
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O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, participou da cerimônia
de abertura da terceira edição do
evento regional do Fórum Social Mundial,
que acontece até 8/2, em Ciudad Guayana,
na Venezuela. Pela primeira vez realizado fora do
Brasil, inclui discussões sobre os planos
de privatização da água, a
luta contra a patente de recursos naturais e desenvolvimento
sustentável, assim como promove intercâmbio
entre as várias representações
sociais da região.
Para afirmar e ampliar sua vocação
pan-amazônica, o que envolve a articulação
de nove países - Colômbia, Suriname,
Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia, Peru,
Guiana e Guiana Francesa -, o FSPA migrou em 2004
para Ciudad Guayana, na Venezuela, após dois
anos consecutivos no Brasil, mais precisamente em
Belém (PA).
No site do evento, a região Pan-Amazônica
é definida como estratégica para o
planeta. “Neste território composto por nove
países habitado por numerosos povos estão
as maiores concentrações de biodiversidade,
recursos hídricos, florestas e minerais do
planeta. Alvo permanente de cobiça imperial,
palco de políticas de resultados desastrosos
para suas populações e o meio ambiente.
E o neoliberalismo, como sinônimo de “degradação
ambiental, pirataria, destruição de
modos de vida tradicional, colonialismo, concentração
de riquezas, trabalho degradante, intervenção
militar e guerra”.
Por isso, paz, soberania e igualdade são
os eixos da terceira edição do FSPA,
de certa forma anunciados na declaração
final do II FSPA. O cineasta Luiz Arnaldo Campos,
membro do conselho internacional do evento, destaca
que paz, “não apenas no sentido de denunciar
a política belicista do presidente dos Estados
Unidos, George Bush, mas para buscar caminhos de
deter o Plano Colômbia, a crescente militarização
do continente, as ameaças aos governos democráticos,
os massacres dos trabalhadores do campo e da cidade,
o derespeito aos direitos humanos”; soberania “não
apenas em defesa dos Estados Nacionais, mas também
da necessidade de construção de estados
pluriétnicos e plurinacionais"; e igualdade
"como necessidade inadiável, em todos
os campos para todas as raças, etnias e entre
os gêneros".
A descolonização da Guiana Francesa;
os direitos das conunidades tradicionais; educação,
espiritualidade e cultura como princípios
de soberania; experiências de desenvolvimento
sustentável; os planos de privatização
da água e formas de resistência; a
luta contra as patentes para recursos naturais e
a apropriação privada do saber coletivo
dos povos originais são os temas de algumas
das conferências, parte de uma programação
que envolve ainda oficinas, marchas, vivências
e uma diversidade de atividades culturais.
A intenção é exercitar no FSPA
o reconhecimento de todas as formas de representações
socias amazônidas. Também estão
entre os objetivos aproximar os participantes -
previsão de 20 mil pessoas; o dobro da edição
anterior - de iniciativas de parceiros da América
Central e Caribe, entre os quais integrantes do
Fórum Puebla-Panamá e do Fórum
Social Caribenho e estabelecer acordos e parcerias
entre os presentes.
Uma caravana fluvial com parte da delegação
brasileira deixou Belém no dia 28/1, com
apoio da prefeitura do município. A partir
de Manaus, os cem delegados, entre os quais representantes
de instituições como a Associação
Brasileira de Organizações Não-Governamentais
(Abong), o Movimento dos Sem-Terra (MST), a Central
Única dos Trabalhadores (CUT) e o Grupo de
Trabalho Amazônico (GTA) embarcaram em ônibus
fretados para Ciudad Guayana.
Ironicamente, a estrada que liga o Brasil à
Venezuela, a BR-174, tem um traçado que atravessa
a Terra Indígena São Marcos (RR) e
afetou significativamente os Waimiri-Atroari, que
após a construção da estrada
teve uma população reduzida de 1.500
para 374 pessoas, situação hoje revertida.
A pavimentação da rodovia fazia parte
dos planos do governo brasileiro na década
de 90 de ligar o Norte do país a mercados
caribenhos e norte-americanos.
A Agência de Notícias Carta Maior está
produzindo uma cobertura especial do III FSPA.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Cristiane Fontes