 |
PROGRAMA
NACIONAL DE FLORESTAS TERÁ R$ 150
MI PARA INVESTIR ATÉ 2007
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2004
|
 |
O governo federal
pretende investir, até 2007, R$ 1,8 bilhão
nas ações do Programa Nacional de
Florestas (PNF), lançado hoje, pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em solenidade
no Palácio do Planalto. Estão previstos
também investimentos de R$ 150 milhões
em capacitação, assistência
técnica, pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
"O desenvolvimento justo e sustentável
é o caminho que nos permitirá construir
um século XXI melhor para todos. É
por ele que a humanidade poderá viver dignamente
e a terra persistirá com toda a sua riqueza
e diversidade naturais", afirmou o presidente.
Para a região da caatinga, que inclui municípios
do semi-árido nordestino e norte de Minas
Gerais, o programa prevê investimentos de
R$ 12 milhões em projetos de recuperação
de mata nativa, corredores ecológicos e programas
de reflorestamento, principalmente nas margens do
rio São Francisco. A recuperação
das nascentes em todo o país contará
com investimentos de R$ 10 milhões. Outros
R$ 15 milhões irão para a recuperação
de 20 mil hectares de matas ciliares.
O presidente Lula ressaltou que o principal desafio
de toda a humanidade no século XXI é
conciliar desenvolvimento, justiça social,
progresso e preservação do meio ambiente.
"Trata-se de um imperativo estrutural e não
de uma escolha técnica. É uma questão
de sobrevivência, um projeto de civilização
e não apenas de governo", afirmou. Segundo
Lula, a natureza não deve ser encarada como
"um museu de relíquias intocáveis",
mas também não pode ser atropelada
por processos econômicos baseados na espoliação
humana e ambiental. O presidente defendeu a construção
de uma nova base de equilíbrio que se apóie
na repartição de riquezas de forma
justa e sustentável.
Foi justamente a possibilidade de um novo pacto
entre o desenvolvimento e a preservação
que, segundo o presidente, orientou a elaboração
do Programa Nacional de Florestas para o período
de 2004 a 2007. Lula anunciou que a primeira meta
do programa é promover o plantio de 2 milhões
de hectares de florestas até 2007. Empreendimentos
empresariais vão assegurar 60% do plantio
previsto. Os outros 40% ficarão a cargo de
100 mil pequenos produtores. "Plantar florestas
é investir no futuro", disse Lula.
Segundo previsão do governo, o Brasil terá
400 milhões de metros cúbicos de madeira
e mais de US$ 15 bilhões em produtos de base
florestal quando essas árvores forem colhidas.
"Expandir a atividade florestal brasileira
não é apenas um bom negócio,
trata-se de uma oportunidade de criar um cinturão
verde sustentável que proteja a mata nativa
e gere inclusão social", afirmou o presidente.
A segunda meta do programa é agregar 15 milhões
de hectares de florestas públicas ou privadas
ao manejo sustentável, o que irá gerar
100 mil ocupações produtivas e incorporar
30 mil famílias à terra, sendo 20
mil em assentamentos florestais de reforma agrária.
De acordo com Lula, nos próximos quatro anos,
a extração seletiva de 40 milhões
de metros cúbicos de toras e produtos da
floresta deve gerar uma receita de US$ 2 bilhões
até 2007.
O Brasil possui a segunda maior área florestal
do planeta. São 550 milhões de hectares
de matas distribuídos em 60% do território.
"Abdicar dessa riqueza seria renunciar a capacidade
nacional de formular um projeto de desenvolvimento
sustentável. Pior ainda, seria compactuar
com a lógica da exploração
predatória que ocuparia o vazio deixado pela
omissão pública", afirmou Lula.
O presidente lembrou que o Brasil já pagou
um preço elevado por dissociar a natureza
do progresso. Mais de 600 mil quilômetros
quadrados da Amazônia foram derrubados. Cerca
de 20 mil quilômetros quadrados são
devastados a cada ano. A Mata Atlântica reduziu-se
a 7% de sua extensão original. "Para
reverter essa trajetória, o Programa Nacional
de Florestas estabelece dois eixos: expansão
da nossa base florestal plantada, em conjunto com
a recuperação de áreas degradadas,
e expansão da área de florestas naturais
manejadas de forma sustentável, com a proteção
dos ecossistemas de maior diversidade ecológica",
disse o presidente. Foram criadas linhas de crédito
para o setor, que serão acompanhadas de assistência
técnica, apoio à pesquisa e ao desenvolvimento
tecnológico.
O presidente aproveitou a solenidade para elogiar
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participava
da solenidade. Segundo Lula, a ministra teve paciência
para negociar com todos os setores e buscar soluções
que possibilitassem o desenvolvimento econômico
sem o comprometimento da biodiversidade. "Foi
isso que ela fez, com muita paciência e nem
sempre compreendida. Nós provamos que quando
há diálogo, disposição
do governo e da sociedade de sentar em torno de
uma mesa e conversar, os resultados são melhores
e são para todos", disse o presidente.
Durante o evento, foi empossada a Comissão
Coordenadora do Programa Nacional de Florestas,
que irá propor e avaliar medidas para o cumprimento
das metas do programa. Segundo Lula, este é
mais um canal de diálogo entre o governo
e a sociedade. A comissão é formada
por representantes dos governos federal e estaduais,
da comunidade científica, de organizações
não governamentais, de trabalhadores e do
setor produtivo. "A partir de agora eles acompanharão
as ações do programa para garantir
que nossos objetivos sejam plenamente alcançados",
afirmou Lula.
No final da cerimônia, Lula visitou uma churrasqueira
feita com madeira apreendida. O presidente vestiu
um avental de churrasqueiro, sentou-se à
mesa e tocou um violão feito de madeira reciclada,
que ganhou de presente.
Fonte: Agência Brasil (www.radiobras.gov.br)
Paula Medeiros