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CÂMARA
DISCUTE NACIONALIZAÇÃO DO
CUPUAÇU
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2004
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A
Comissão de Educação e Cultura
analisa o Projeto de Lei 2639/03, do Senado Federal,
que designa o cupuaçu, espécie da
região amazônica, fruta nacional. A
proposta tem o objetivo de demonstrar o potencial
biológico e econômico para que seja
assegurada ao País a plena utilização
de sua biodiversidade. Na última segunda-feira,
o Brasil retomou o domínio popular da fruta
brasileira cupuaçu, depois que o Escritório
de Patentes do Japão cancelou o registro
da marca feito pelas empresas japonesas Asahi Foods
e Cupuaçu Internacional.
A proposta do Senado, no entanto, garante o domínio
legal da fruta para o País. A proposta que
tramita na Câmara também regula os
registros de patentes no exterior com nomes de frutas
da Amazônia. A representação
brasileira na reunião da Organização
Mundial do Comércio (OMC), em Cancun, no
ano passado, defendeu a modificação
do acordo sobre patentes, para criar um regime especial
para o patenteamento de produtos da biodiversidade
ou do conhecimento de comunidades tradicionais,
como índios e ribeirinhos. Depois de ser
analisada pela Comissão de Educação
e Cultura, a matéria será encaminhada
à Comissão de Constituição
e Justiça. Se aprovado, como tramita em regime
conclusivo, seguirá diretamente à
Sanção.
Campanha
contra biopirataria
A retomada do domínio
popular do Cupuaçu, segundo o deputado Henrique
Afonso (PT-AC), é resultado da Campanha contra
Biopirataria - O Cupuaçu é Nosso -
liderada pela ONG Amazonlink e pelo Grupo de Trabalho
da Amazônia que pediram a anulação
do registro. “O problema da biopirataria não
está limitado apenas a situação
do cupuaçu, são centenas de recursos
genéticos de frutas, que, infelizmente, sofrem
o problema de patenteamento por empresas estrangeiras
e registro de marcas de outros produtos e a questão
do cupuaçu passou a ser uma luta simbólica”.
Henrique Afonso alertou que ainda é preciso
cancelar o registro das multinacionais na União
Européia e nos Estados Unidos. Ele disse
que o registro nesses lugares obriga os produtores
brasileiros a pagar aos japoneses sempre que o nome
"cupuaçu" aparecer nas embalagens
do produto in natura ou de seus derivados, incluídos
na lista de ingredientes. Ele citou como exemplo,
o cupulate - cupuaçu com chocolate desenvolvido
pela Embrapa. “Se a gente quiser produzir cupulate,
por exemplo, hoje nós não temos mais
essa patente, se a gente quiser produzir cupulate
e exportar cupulate nós vamos ter que pagar
royaltes para as empresas”.
Segundo o deputado, o caso do cupuaçu tornou
popular a biopirataria da apropriação
cultural. Henrique Afonso informou já existem
outros produtos brasileiros com o nome patentiado
no exterior como o chá Santo Daime, a andiroba,
a copaíba e o açaí.
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa (Daniel Cruz e patrícia
Gripp)
Edição: Paulo César Santos
Agência Câmara (www.camara.gov.br)