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EMPRESAS
JAPONESAS PERDEM DOMÍNIO SOBRE O
NOME CUPUAÇU
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2004
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As multinacionais
Asahi Foods e Cupuaçu International que registraram
a palavra cupuaçu no Japão como marca
exclusiva tiveram o registro anulado pelo Escritório
de Marcas e Patentes japonês. Advogados de
São Paulo trabalharam por um ano com ações
e recursos em Tóquio para impedir que o nome
se transformasse em uma marca privada japonesa.
"É possível que eles ainda recorram
ao Tribunal Superior de Tóquio, mas acreditamos
que mesmo lá será difícil reverter
a decisão", diz a advogada Esther Miriam
Flesch, sócia da Trench, Rossi & Watanabe,
escritório que comandou a ação.
Adriana Ruiz Vicentin, uma das autoras da ação
de cancelamento, explicou à Agência
Brasil que baseou o recurso no fato de cupuaçu
ser o nome de uma matéria-prima. Pela Convenção
da União de Paris, de 1883, e outros acordos
multilaterais posteriores, as matérias-primas,
animais ou vegetais, não podem ter seus nomes
populares registrados.
Os advogados brasileiros alertaram o escritório
que o cupuaçu, enquanto marca registrada,
poderia ser usado para denominar óleos e
gorduras comestíveis vindos de outra fonte
que não a própria fruta, lesando,
assim, o consumidor. "Esses dois argumentos
foram aceitos integralmente pelo escritório
japonês de Marcas e Patentes", explica
Adriana Vicentin.
Essa foi a segunda derrota sofrida pela Asahi Foods
neste ano. Segundo a advogada, a empresa perdeu,
há poucas semanas, o registro da patente
do chocolate Cupulate, feito a partir da semente
da fruta. "Foi provado que a Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já
tinha uma técnica idêntica de industrialização",
comenta. Na Cupuaçu Internacional o slogan
para o Cupulate era "A resposta da Amazônia
para o chocolate".
Apesar de a notícia ser boa para os produtores
brasileiros, a batalha pela não-privatização
do nome cupuaçu está longe do fim.
O Ministério das Relações Exteriores
acompanha um caso semelhante que ocorre na União
Européia, onde já tramita uma ação
de contestação. Nos Estados Unidos
também existe a tentativa de se registrar
a marca cupuaçu, mas organizações
não-governamentais brasileiras
e estrangeiras se armam para enfrentar a batalha
judicial.
Registro
O cupuaçu
foi registrado no Japão em 1998, mas o Brasil
só descobriu a patente quatro anos depois
quando uma cooperativa de produtores de doces foi
impedida de exportar derivados da fruta com esse
nome para a Alemanha.
Genuinamente brasileira, a fruta de sabor exótico,
ao mesmo tempo ácido e doce, é da
mesma família do cacau e sua polpa é
usada no Brasil e nos demais países amazônicos
em sucos, iogurtes, sorvetes, geléia e tortas.
Conhecida dos índios amazônicos há
séculos, é utilizada por algumas tribos
como bálsamo para partos difíceis.
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Milena Galdino)