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PRIMEIRA
LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL DE
BIOSSEGURANÇA ENTRA EM VIGOR
Panorama
Ambiental
Kuala Lumpur – Malásia
Março de 2004
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Apesar
dos avanços legais do Protocolo de Cartagena,
Brasil teve atuação negativa nas negociações,
indo contra as exigências de informações
precisas e completas sobre carregamentos contendo
transgênicos
A primeira reunião
intergovernamental dos membros do Protocolo de Cartagena
sobre Biossegurança, realizada para regulamentar
o transporte de organismos geneticamente modificados
(OGMs) entre os países, terminou hoje em
Kuala Lumpur, capital da Malásia. O texto
final aprovado nesta reunião representa um
importante passo para a legislação
internacional de biossegurança que deverá
ser implementada imediatamente por seus países
membros. As negociações também
evoluíram para a elaboração
de um mecanismo de responsabilização
e compensação dos países exportadores
por possíveis danos causados ao meio ambiente
por contaminação.
Apesar deste avanço, as exigências
da nova legislação ainda não
são suficientes para garantir a proteção
da cadeia alimentar contra a contaminação
por transgênicos. Uma documentação
mais rigorosa e detalhada sobre o transporte e a
comercialização de organismos transgênicos
é um pré-requisito fundamental para
garantir a biossegurança e promover a proteção
do meio ambiente, e precisa ser melhorada nas próximas
reuniões.
O Brasil encerra sua participação
na reunião com um desempenho negativo. A
delegação brasileira lutou contra
a decisão das partes de requerer informações
compulsórias precisas e completas sobre os
carregamentos contendo OGMs. O Brasil também
tentou enfraquecer os mecanismos para monitorar
o cumprimento do protocolo, sugerindo modificações
no texto final.
“Historicamente o Brasil foi um país chave
na elaboração desta Lei Internacional
de Biossegurança com a meta de garantir a
proteção da biodiversidade e do meio
ambiente. É no mínimo irônico
que na primeira reunião de seus mais de 80
países membros, nossa delegação
passe a defender uma posição contrária
à maioria dos países participantes,
e favorável aos interesses dos grandes exportadores
de trangênicos, como EUA, Canadá e
Argentina”, disse a coordenadora da Campanha de
Engenharia Genética do Greenpeace, Mariana
Paoli. “Mas felizmente prevaleceu o bom senso e
o Brasil acatou a vontade da maioria.”
O México também teve um papel negativo
nesta reunião e isoladamente bloqueou a decisão
para que o requerimento de informações
detalhadas seja legalmente obrigatório. Em
outubro de 2003, o México assinou um acordo
trilateral com os EUA e o Canadá assegurando
uma regulamentação mínima,
mas insuficiente para garantir a biossegurança
na comercialização de transgênicos
entre estes países. O México é
o principal centro de origem e diversidade do milho
e, com este acordo, o país põe em
risco seu patrimônio genético, que
já está ameaçado pela importação
de milho transgênico dos EUA.
“O papel representado pelo Brasil nesta reunião
não reflete a posição de governo
explicitada na discussão no Congresso Nacional
do Projeto de Lei de Biossegurança, que defende
a necessidade estrita de identificação
e rotulagem de transgênicos, e tampouco reflete
a liderança do Ministério do Meio
Ambiente nesta área, pela garantia da proteção
à biodiversidade e ao meio ambiente em geral”,
disse Mariana.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa