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QUEIMADA
GRANDE PODE VIRAR PARQUE NACIONAL
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Março de 2004
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Na ilha vive
a jararaca-ilhoa, com veneno 20 vezes mais forte
do que a cobra do continente
Pesquisadores, ambientalistas
e instituições governamentais estão
propondo a criação do Parque Nacional
Marinho da Queimada Grande, importante refúgio
de vida silvestre no litoral paulista. A ilha é
considerada pelo governo federal, desde 1985, como
uma Área de Relevante Interesse Ecológico,
uma unidade de conservação de Uso
Sustentável, estabelecida pelo Decreto 91887.
Apesar disso, na ilha têm sido registradas
atividades como turismo e pesca esportiva realizadas
sem controle e de forma predatória.
Na costa sul de São Paulo, a ilha da Queimada
Grande é reconhecida pela peculiaridade de
sua flora e fauna, que inclui a emblemática
jararaca-ilhoa, serpente que não é
encontrada em nenhuma outra parte do planeta (endêmica)
e possui um veneno até vinte vezes mais forte
que o da jararaca do continente.
"Desde 2002, propostas para mudanças
na categoria da Ilha da Queimada Grande vêm
sendo discutidas, com diferentes setores da sociedade.
Com o conhecimento atualmente disponível
sobre o local e com as experiências obtidas
para a implementação da unidade, concluímos
que Área de Relevante Interesse Ecológico
não é a categoria mais adequada para
a proteção da Queimada Grande. Também
é necessário algum tipo de proteção
ao entorno da ilha, atualmente sem qualquer proteção
especial", explica Danielle Paludo, oceanógrafa
do Ibama.
Primeiros passos - Somando esforços às
pesquisas desenvolvidas na Ilha da Queimada Grande
pelo Instituto Butantã e pelo Instituto de
Biociências da Universidade de São
Paulo durante várias décadas, o Ibama
e a organização não-governamental
Conservação Internacional do Brasil
(CI/Brasil) realizaram, em julho de 2003, uma expedição
para ampliar o conhecimento sobre a vida marinha
da área. Os resultados apontaram uma surpreendente
cobertura de corais, alta diversidade de peixes
e uma grande concentração de aves
e tartarugas, incluindo espécies ameaçadas
de extinção. Lá também
foi feito o primeiro registro de agregação
(reunião de peixes para reprodução)
do peixe caranha (Lutjanus cyanopterus) no Brasil,
uma espécie de importância comercial
e ameaçada de extinção.
No dia 7 de agosto, o Projeto Tamar (Ibama), o Instituto
Butantã, o Instituto de Biociências,
a Fundação Florestal e o Programa
Marinho da CI/Brasil, o Seminário para Recategorização
Ilha da Queimada Grande, que resultou na proposta
para ampliação de seus limites e para
alteração da categoria de Área
de Relevante Interesse Ecológico para Parque
Nacional.
Nesse seminário, todos os setores presentes
- inclusive os operadores de mergulho e colônias
de pesca -, foram unânimes em apoiar a categoria
de Parque Nacional para a área marinha da
Ilha. A criação do Parque assegurará
a conservação da biodiversidade e
ordenará as atividades turísticas,
garantindo o acesso dos pescadores que buscam abrigo
na ilha em dias de mau tempo.
* com informações da Conservation
International
Fonte: MMA- Ministério do
Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom