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COMEÇA
A ANÁLISE DE IMPACTO AMBIENTAL DO
FEIJÃO TRANSGÊNICO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Maio de 2004
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A produção
nacional de feijão pode aumentar de 20% a
30%, em um período de quatro anos. A expectativa
é do pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos
e Biotecnologia (Cenargen), de Brasília,
Francisco Aragão. Para alcançar esse
resultado, a estatal desenvolveu uma variedade de
feijão transgênico, resistente ao vírus
do mosaico dourado, considerado a maior praga da
cultura.
Mas, para liberar a comercialização
das sementes transgênicas e o plantio é
necessário analisar os impactos ambientais
sobre os microorganismos e a fauna do solo. A Embrapa
iniciou na 2ª feira (3) a coleta de material
para análise, na sua área de plantio
experimental, em Santo Antônio de Goiás
(GO). Outra coleta será realizada dentro
de 20 dias. O resultado deve estar pronto em seis
meses. A pesquisa também avalia a segurança
alimentar do feijão transgênico.
Aragão explica que o vírus do mosaico
dourando causa, em média, perda de 40% a
60% na produção. “Essa doença
tem limitado a cultura do feijão em vários
lugares do Brasil. Quando não há controle
adequado, a perda pode chegar a 100%”, afirma.
Segundo Aragão, serão produzidas sementes
de feijão transgênicos que serão
utilizadas nas análises de segurança
alimentar. “Não esperamos encontrar nenhum
efeito negativo nem para o meio ambiente nem para
a saúde humana, porque a modificação
que fizemos foi a introdução no DNA
do feijão de um gene que já existe
na natureza”, explica.
A pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Norma Gouvêa
Rumjanek, diz que por meio das análises será
possível verificar se o gene colocado na
planta resistente ao vírus está afetando
insetos e microorganismos presentes no solo. “Queremos
saber qual o impacto sobre os organismos não-alvo.
A princípio, esperamos não encontrar
nenhuma forma de alteração. Mas, se
percebemos alguma mudança, isso exigirá
mais estudos daquele transgênico”, informa
Norma.
Ela acrescenta que essa pesquisa é necessária
para avaliar o tipo de impacto no solo em plantios
de culturas transgênicas em áreas extensas.
“Estamos usando uma tecnologia nova em áreas
muito extensas. Era diferente de quando se fazia
transgênicos em laboratórios. Precisamos
tentar prever ao máximo algum possível
risco”, diz Norma.
A área plantada do feijão transgênico
é de cerca de 50 m². A área total
do campo experimental é 2,5 mil m² com
plantio de milho convencional que serve como barreira
de proteção. Aragão acrescenta
que existem apenas dois campos de experimentação
de feijão transgênico no mundo, um
em Brasília e o de Goiás.
Segundo a pesquisadora, a análise de impacto
ambiental é uma das condições
colocadas pelo Ibama para a continuidade do projeto
de feijão transgênico. O mamão
e a soja já são avaliados pelos pesquisadores
da Embrapa. A batata deve ser o próximo produto
analisado, de acordo com Aragão.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Kelly Oliveira)