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CULTURA
INDÍGENA SERÁ CONHECIDA POR
ESTUDANTES DA ESCOLA PÚBLICA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Maio de 2004
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O governo federal
e a iniciativa privada se uniram para preservar
a cultura indígena no Brasil, cujo trabalho
será desenvolvido junto às crianças
das escolas públicas de vários estados.
Patrocinado pela Bosch do Brasil, com o apoio dos
ministérios da Educação e da
Cultura, serão distribuídos 20 mil
“kits” e 500 documentários para os alunos
da 3ª à 6ª séries da rede
pública e também às escolas
nativas. São livros e jogos típicos
indígenas, além de um guia de brincadeiras
para o professor.
O Ministro da Educação, Tarso Genro,
afirmou na cerimônia de entrega dos kits que
o Brasil tem mais de 2.000 escolas do ensino básico
situadas em território indígena, o
que torna necessária a implementação
de um projeto dessa natureza. Ele garantiu que a
educação dos brancos não vai
permitir o desaparecimento das culturas indígenas
no país. "O próprio reconhecimento
da identidade é a afirmação
do reconhecimento da diferença", disse.
Os jogos e brincadeiras dos povos indígenas
são uma cultura desconhecida pelos brancos.
Essa constatação deu origem ao Projeto
Jogos Indígenas do Brasil, da empresa Origem
Jogos e Objetos, que há 15 anos pesquisa
no mundo inteiro a origem de brinquedos e objetos
lúdicos.
"Os clientes pediam algum brinquedo típico
do Brasil", afirma o coordenador do projeto,
Maurício Lima, acrescentando que o ponto
de partida foi um jogo do sul de Minas Gerais, cuja
origem remonta à civilização
Inca. O "jogo da onça", como é
conhecido, já era praticado pelos índios
antes mesmo da chegada de Pedro Álvares Cabral
ao Brasil. "Nós precisamos fazer uma
pesquisa entre os índios brasileiros",
defendeu, reconhecendo que nunca houve um registro
do gênero no país.
Para estruturar o projeto, pesquisadores percorreram
oito 8 tribos dos índios Kanela, no Maranhão,
registrando mais de 40 brincadeiras, jogos e brinquedos,
avaliados como um verdadeiro tesouro nacional. São
brinquedos como a peteca, o peão, o arco-e-flexa
e diversos jogos lúdicos que chegaram até
os brancos sem que se soubesse a sua verdadeira
origem. Para Maurício Lima, o projeto preenche
uma lacuna no conhecimento da cultura dos índios
brasileiros.
Os jogos e brincadeiras dos índios Kanela
vão ser tratados em sala de aula, através
de temas como meio ambiente, cidadania, história
e geografia. O índio Severo Ronko Kanela,
da aldeia Escalvado, visitada pelo projeto, afirma
que as crianças da tribo têm respeito
pela cultura dos seus ancestrais. Acompanhado por
um grupo de mulheres kanela, Severo apresentou rituais
de canto e dança para o sol e para abençoar
todos os povos da terra.
Para o Presidente da Fundação Nacional
do Índio (Funai), Mércio Gomes, a
criança indígena que cresce nas aldeias
ainda vive a verdadeira infância. "São
anos e anos que vivem assim perto da natureza, de
pé no chão, correndo, jogando peteca,
brincando de boneca, fazendo boneca de sabugo de
milho, exatamente como se faz no interior do Brasil,
que foi herança nossa."
O Ministro Gilberto Gil, da Cultura, presente à
cerimônia, comentou sua descoberta recente
sobre a origem da palavra samba. Segundo o antropólogo
Bernardo Alves, citou o ministro, "samba é
uma palavra tupi que significa "roda de samba",
e que costuma ser atribuída à origem
africana. Para Gil, "o lúdico é
fundamental para a própria vida".
A Bosch, comemorando 50 anos no Brasil, representada
pelo diretor de Relações Corporativas,
Edson Grotolli, mantém projetos voltados
à formação dos jovens brasileiros
e vislumbra com o projeto Jogos Indígenas
do Brasil a possibilidade de partilhar com os brasileiros
o resgate da cultura indígena nas escolas.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Luciana Valle)