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MORRE MAIS
UM ÍNDIO NO VALE DO JAVARI
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Julho de 2004
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Enquanto a FUNASA
protela a negociação com as lideranças
indígenas que ocupam sua sede regional de
Atalaia do Norte (AM), mais um índio morreu
na Terra Indígena Vale do Javari. Organizações
Não Governamentais que atuam na região
denunciam a sucessão de mortes causadas por
uma Síndrome Febril Ictero Hemorrágica
Aguda e/ou Hepatite B e D que vitimou 17 indígenas
em 2003 e mais três apenas nos últimos
15 dias.
Em busca de soluções, desde 30 de
junho, cerca de 150 indígenas ocupam a sede
do Distrito Sanitário Especial Indígena
(DSEI), da FUNASA local. A manifestação
é conseqüência do pouco caso e
da inoperância com que vem sendo tratada a
questão da saúde indígena pela
FUNASA no Vale do Javari. O presidente da FUNASA,
Valdir Camarcio, diz que só poderá
comparecer na próxima quinta-feira (08/07).
Enquanto isso, o Ministério Público
Federal - que foi tão rápido em suspender
uma expedição de saúde patrocinada
pela Kodak para atender os índios do Vale
do Javari - não toma nenhuma atitude em relação
à situação denunciada em dossiê
elaborado pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI)
- A Grave Situação das Hepatites B
e D no Javari. Há um mês, o Dossiê
foi e enviado a todas as entidades responsáveis
pela saúde indígena, inclusive o MPF,
mas nenhuma providência foi tomada.
Os índios afirmam que enquanto as autoridades
não ouvirem suas propostas, não deixarão
a sede da FUNASA. Eles querem cobertura vacinal
e reclamam da falta de cumprimento dos prazos de
vacinação. “Não há planejamento.
Aplicam a primeira dose da vacina, mas não
retornam na época certa para a segunda dose.
Agora estamos vendo nosso povo morrer em conseqüência
dessa falta de compromisso”, afirma Jorge Marubo,
coordenador do Conselho Indígena do Vale
do Javari (CIVAJA).
Se a situação persistir, o CIVAJA
calcula que em menos de 20 anos poderá ser
extinta uma população de aproximadamente
3.500 indígenas, das etnias Kanamari, Kulina,
Matis, Mayoruna e Marubo, que habitam o Vale do
Javari.
Fonte: CTI – Centro de Trabalho
Indigenista (www.trabalhoindigenista.org.br)